Investigadores
portugueses testam sistema hiperbárico para captura e conservação de espécies
marinhas de profundidade.
Investigadores
do IPMA, da A. Silva Matos Metalomecânica, do Instituto de Engenharia de
Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Instituto
Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e do Centro Interdisciplinar de
Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) desenvolveram um sistema de captura e
conservação de espécies até 1000 metros de profundidade.
Esta
solução permite trazer as espécies à superfície sem danos provocados pelas
diferenças de pressão, e mantê-las vivas para estudos posteriores. As primeiras
demonstrações desta tecnologia estão a decorrer entre os dias 23 de abril e 2
de maio, a bordo do Navio de Investigação Mário Ruivo.
O
mar profundo constituiu uma das últimas fronteiras do planeta, com enorme
potencial de exploração de bio recursos associados aos organismos particulares
e substâncias raras que podem ser encontrados nessas regiões. Contudo, a
investigação do mar profundo tem sido muito pouco desenvolvida devido ao
ambiente extremamente hostil, em particular à elevada pressão destes meios.
“O
conhecimento das espécies do mar profundo é ainda incipiente. Contudo, os
primeiros programas de investigação focados nestes recursos mostraram que estes
organismos marinhos poderão ter um grande potencial de utilização, pelas
indústrias farmacêutica e alimentar”, explica Diana Viegas, investigadora do
INESC TEC.
A
investigadora do IPMA responsável pela campanha, Antonina dos Santos, refere
“Através deste projeto desenvolvemos um sistema de recolha e manutenção, em
cativeiro, que permitirá o aumento do conhecimento do ciclo de vida e da
biologia de animais marinhos de profundidade. Esta campanha destina-se a testar
a capacidade de capturar organismos vivos no solo marinho e na coluna de água a
diferentes profundidades, até um máximo de 1000 m, a sua transferência para uma
câmara hiperbárica à superfície e a sua manutenção em boas condições
fisiológicas”.
As
componentes desenvolvidas incluem uma infraestrutura móvel hiperbárica que
permite a recolha de organismos vivos no mar profundo em condições de elevada
pressão, baixa temperatura (ou extremamente elevada, no caso de proximidade a
vulcões ativos ou fontes hidrotermais) e reduzida luminosidade, e uma
infraestrutura que faz a sua transferência para uma outra câmara hiperbárica,
que irá mimetizar à superfície o ambiente do fundo do mar nos parâmetros
físicos relevantes para a manutenção da vida das espécies e funcionando como um
aquário.
A Investigadora
do IPMA e do CIIMAR e coordenadora desta missão, Antonina dos Santos, explica
“Este equipamento contêm componentes que controlam os parâmetros químicos que
permitem a vida dos organismos dentro do sistema hiperbárico, assim como, por
exemplo, a pressão, a temperatura, a luz, o alimento, a corrosão e a
salinidade”.
O
sistema foi desenvolvido no âmbito do projeto “HIPERSEA - Sistema Hiperbárico
para Recolha e Manutenção de Organismos do Mar Profundo” (POCI-01-0247-FEDER-033889),
financiado pelo programa COMPETE 2020 em aproximadamente três milhões de euros.
A
Campanha de testes em mar está a decorrer entre os dias 23 de abril e 2 de maio
no navio Mário Ruivo ao largo da costa sudoeste de Portugal. In “Instituto
Português do Mar e da Atmosfera” - Portugal
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