Timor-Leste “já não tem café que chegue” para a crescente procura, nomeadamente na China continental, disse um empresário de Macau, que importa grãos de café do país desde a restauração da independência, há 20 anos
“Tenho
importado sete a oito contentores de café por ano”, disse à Lusa Eduardo
Ambrósio. Parte dos grãos são vendidos a fábricas em Macau, onde são torrados e
processados e o café empacotado, antes de ser exportado para a China, sem pagar
taxas alfandegárias. Mas a maioria dos grãos que Ambrósio importa de
Timor-Leste vão já directamente para a China continental, onde as vendas “têm
crescido muito, a uma média de 20% ou mais ao ano”, disse o empresário.
A
procura por café na China tem aumentado, assim como a sofisticação dos
consumidores. “Antes só bebiam café instantâneo, agora já começam a aprender
mais. Há cursos de apreciação de café, competições de baristas”, sublinhou o
macaense.
Desde
a presença na Exposição Internacional de Importação da China em 2020 que
Timor-Leste já exportou café no valor de cinco milhões de dólares (4,8 milhões
de euros) para a China continental.
Ambrósio
defendeu que Timor-Leste “ainda tem muitos terrenos” para novas plantações de
café, que poderiam ser financiadas pelo Fundo de Cooperação e Desenvolvimento
China-Países de Língua Portuguesa. O fundo de cooperação, no valor de quase mil
milhões de euros, foi criado há quase 10 anos pelo Banco de Desenvolvimento da
China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau.
Segundo
o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua
Portuguesa (Fórum de Macau), o fundo apoiou um investimento total de mais de
quatro mil milhões de dólares de empresas chinesas em países de língua
portuguesa. “O fundo não se aproveita nada”, lamentou Eduardo Ambrósio. As
empresas interessadas têm de garantir um investimento mínimo de cinco milhões
de dólares e o fundo apenas financia 20%, explicou. “Deviam baixar para um
milhão de dólares. Então poderíamos apresentar muitos projetos para os países
de língua portuguesa, não só para Timor”, defendeu o empresário.
Ambrósio
é também o presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados
Lusófonos, que vai assinalar na sexta-feira, em conjunto com a Associação de
Amizade Macau-Timor, os 20 anos da restauração da independência de Timor-Leste.
“Vamos fazer um convívio com à volta de 40 pessoas, a maioria dos quais
timorenses radicados cá em Macau. Agora são pouquíssimos, anteriormente havia
mais”, lamentou Ambrósio.
O
macaense lembrou que, desde que Macau fechou as fronteiras a estrangeiros em
Março de 2020, que as universidades locais não recebem o habitual contingente
de estudantes vindos de Timor-Leste. Em 14 de Abril, o Governo anunciou um
programa-piloto para levantar as restrições fronteiriças a alguns estrangeiros,
incluindo estudantes universitários. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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