As
restrições impostas pela China à entrada de estrangeiros, devido à pandemia de
covid-19, tem reduzido o contacto dos estudantes com falantes nativos de
português, dificultando a aprendizagem, disseram à Lusa vários professores
chineses.
Para
a professora Sílvia Yan Qiaorong, “a incerteza nesta época de pandemia” tem
sido um dos grandes desafios de ensinar português na Universidade de
Comunicação da China, na capital, Pequim.
A
China vive a pior onda de surtos de covid-19 desde o início de 2020, com
confinamentos em várias cidades, incluindo no maior centro financeiro do país,
Xangai. Também em Pequim as aulas presenciais foram suspensas indefinidamente.
“Fazemos
muitos esforços no ensino à distância, ‘online’, mas isso não pode
substituir a comunicação face a face, especialmente num curso que precisa de
muita prática”, lamentou Sílvia Yan.
“Temos
uma turma de alunos que entraram há dois anos. Nunca tiveram oportunidade de
falar face a face com um falante nativo de português”, sublinhou a professora.
A
Universidade de Comunicação da China tem duas professoras brasileiras, mas que
não conseguem regressar a Pequim. “Ensinam aulas ‘online’, mas não é a
mesma coisa”, admitiu Sílvia Yan.
Tanto
a China continental como a região de Macau aplicam uma política rigorosa de
‘zero casos’, tendo mantido desde o início de 2020 fortes restrições à entrada,
sobretudo de estrangeiros.
Tem
havido um número significativo de portugueses, incluindo professores e
advogados, a abandonar a região chinesa devido às restrições, sublinhou António
Tam.
“Depois
de mais de dois anos de pandemia, já chegou aquela altura em que não conseguem
aguentar ficar só em Macau”, disse à Lusa o professor de língua portuguesa na
Escola Secundária Pui Ching.
E
para os alunos de português, “depois da motivação para aprender uma língua
nova, é preciso um ambiente com pessoas com quem possam falar e praticar”,
acrescentou António Tam.
As
dificuldades das escolas de Macau em recrutar docentes de português já tinham
levado o Governo a anunciar, em 14 de abril, um programa-piloto para levantar
as restrições fronteiriças a alguns estrangeiros, incluindo professores
portugueses.
Cerca
de 50 instituições da China continental de ensino superior têm já cursos de
língua portuguesa, mas Rodrigo Zhang Xiang acredita que Macau continua a ter “a
sua própria vantagem”: a presença de professores portugueses e brasileiros.
A
cidade “tem um ambiente em que os alunos têm maior oportunidade para falar e
praticar português, maior contacto com professores nativos”, disse o docente da
Universidade Politécnica de Macau.
“Isso
cria mais oportunidades de sentir a cultura dos países de língua portuguesa e
permite aos estudantes começar a ter uma visão mais ampla do que os alunos da
China continental”, acrescentou Rodrigo Zhang. In “Hoje
Macau” – Macau com “Lusa”
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