O estado brasileiro com maiores índices de pobreza e insegurança alimentar recebe investimento para dar apoio a comunidades tradicionais e pequenos produtores. O projeto deve cobrir aproximadamente 72% da floresta amazónica do estado sob ameaça de desmatamento e degradação
O
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da ONU, IFAD, e o Governo do
Maranhão, no nordeste do Brasil, assinaram um acordo de financiamento para a
implementação do Projeto de Gestão Sustentável da Amazónia.
Segundo
o IFAD, o projeto abordará a degradação ambiental arraigada da floresta amazónica
no estado brasileiro com os maiores índices de pobreza e insegurança alimentar.
Comunidades e pequenos agricultores
O
diretor do IFAD no Brasil, Claus Reiner, afirma que no Maranhão, assim como em
outras partes do Brasil, pobreza, insegurança alimentar e degradação ambiental
estão profundamente interligadas.
Ele
explica que a iniciativa procura fornecer aos pequenos agricultores e
comunidades tradicionais ferramentas que permitam melhorar a sua situação
socioeconómica sem ter que recorrer ao esgotamento dos seus recursos naturais.
Para
o representante do IFAD, desenvolvimento e bem-estar a longo prazo só são
possíveis por meio do uso sustentável da natureza.
Agricultores
familiares, povos indígenas e outras comunidades tradicionais da floresta amazónica
maranhense estão entre as populações mais pobres do Brasil.
Segundo
dados divulgados pelo fundo, o estado do Maranhão tem a maior proporção de
pessoas vivendo na pobreza no Brasil, chegando a 53%. Outros 20% estão em
extrema pobreza.
Além
disso, é o estado com o índice de insegurança alimentar mais crítico, afetando
cerca de 60% dos domicílios.
Semiárido nordestino
O
projeto será a primeira intervenção de desenvolvimento rural financiada pelo IFAD
no Brasil que vai além do semiárido nordestino, conhecido como sertão.
No
entanto, basear-se-á na experiência do fundo em agroflorestas de pequena escala
e investimentos em infraestrutura de acesso à água nessa área.
A
área do projeto compreende três regiões do Estado do Maranhão: Amazonas, Gurupí
e Pindaré, e abrange as terras indígenas de Arariboia, chegando a 58755 km² e
incluindo 37 municípios.
O
alcance do projeto deve cobrir aproximadamente 72% da floresta amazónica do
estado que, de acordo com o IFAD, é uma região que está sob constante ameaça de
desmatamento e degradação por extração ilegal de madeira e exploração para
agricultura em grande escala.
Como
resultado, a iniciativa deve reduzir as emissões de gases de efeito estufa em
aproximadamente 6 milhões de toneladas de CO2.
Financiamento
O
custo total do projeto é de US$ 37 milhões, dos quais o IFAD contribuirá com
uma doação de US$ 17 milhões, fornecida pelo Governo da Alemanha por meio do
Programa de Adaptação Aprimorada para Agricultura de Pequenos Produtores.
O
Governo do Maranhão contribuirá com R$ 16 milhões, e os beneficiários farão
contribuições em espécie de R$ 4 milhões.
O
projeto tem como alvo as populações mais pobres e vulneráveis da Amazónia
brasileira e deve beneficiar aproximadamente 80 mil pessoas em zonas rurais,
das quais pelo menos 50% são mulheres e 25% são jovens.
Quase
15% pertencem a comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais, como
quilombolas e catadores de coco babaçu.
O
IFAD explica que o projeto aplicará uma estratégia integrada que engloba quatro
elementos: manejo florestal sustentável, produção e comercialização de produtos
florestais não-madeireiros, investir em infraestrutura básica de água e
melhorar as capacidades das famílias e das autoridades estaduais em garantir o
acesso das populações rurais à proteção social pública e aos programas de
melhoria da produção. ONU News – Nações Unidas
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