Grupo informal de investigação ECOAdOR (Estudos de Culturas Ocidentais, Africanas e do Oriente), em parceria com a Praia Grande Edições, aposta forte num dos nomes mais importantes da literatura moçambicana, no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento. O autor de “Karingana ua Karingana” tornou-se o primeiro africano galardoado com o Prémio Camões, em 1991
O
centenário do nascimento de José Craveirinha será celebrado em Macau, no
próximo sábado, dia 28 de Maio, pelas 17h30, na Livraria Portuguesa, com o
lançamento de um livro, com tradução para língua chinesa, de poesia
seleccionada escolhida pelo Grupo informal de investigação ECOAdOR (Estudos de
Culturas Ocidentais, Africanas e do Oriente) e com chancela da Praia Grande
Edições. “Vai ser possível lançar este livro precisamente no dia em que faz 100
anos que nasceu o poeta moçambicano”, começou por dizer ao Ponto Final a
professora universitária da Universidade Politécnica de Macau (UPM) Lola
Geraldes Xavier.
A
iniciativa de traduzir o poeta maior de Moçambique para chinês surgiu de forma
natural, como nos confidenciou a mentora do projecto, Lola G. Xavier, que
também coordena, desde o ano passado, o grupo informal de investigação ECOAdOR.
“Temos alguns projectos no grupo que se prendem precisamente com essa
divulgação e diálogo entre a língua portuguesa e a língua chinesa. Coordeno
este sobre o Craveirinha, mas outros membros do grupo estão a trabalhar noutros
projectos”, referiu a académica, revelando que o ECOAdOR está a preparar uma
publicação já para o próximo ano que tem mais directamente a ver com Macau.
Mas,
tratando-se de um grupo informal, conforme a académica reiterou, qual projecto
que ali nasça tem de ser financiado à posteriori. “Foi aí que entrou a Praia
Grande, na pessoa do Ricardo Pinto, a quem agradeço imenso, pois percebeu a
nossa ideia e abraçou-a de imediato”, afirmou Lola G. Xavier, que explicou
ainda que os grandes objectivos do grupo informal que coordena passam por
“contribuir para a promoção e para a difusão das literaturas em língua
portuguesa e colaborar para uma comunicação efetiva entre as culturas e
literaturas em língua portuguesa e a língua chinesa”.
Durante
este último ano, explicou ao Ponto Final, o ECOAdOR quis homenagear José Craveirinha,
preparando um livro de ensaios. “A sair no segundo semestre por uma editora
brasileira” e “a tradução de poemas seleccionados para chinês por dois
estudantes do doutoramento em Português da UPM: Lu Jing e Wu Hui”. “Sem o
interesse, motivação e perseverança deles, esta publicação não seria possível”,
considera Lola G. Xavier, fazendo notar que sempre fez sentido “publicar em
Macau, dando razão às directrizes governamentais de Macau enquanto plataforma
entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.
Durante
esta semana, revelou ainda a professora, “haverá várias homenagens feitas ao
poeta, com colóquios, palestras, etc., sobretudo em Moçambique e em Portugal”,
por isso a ECOAdOR vai juntar-se às celebrações “com o lançamento desta
tradução, a primeira para chinês deste poeta”.
No
evento na Livraria Portuguesa, que para além de presencial será transmitido online,
via Zoom (https://zoom.us/j/95792888265), o proprietário da Praia Grande
Edições, Ricardo Pinto, iniciará o evento com um discurso de boas-vindas. Em
seguida, pelas 17h45, Lola G. Xavier fará a apresentação do projecto e
agradecimentos. Quinze minutos depois, Wu Hui e Lu Jing falarão da sua
experiência enquanto tradutores de Craveirinha. Pelas 18h15, Wang Yuan, da
Universidade de Pequim, fará alusão à história da tradução de autores
moçambicanos na China. O brasileiro Giorgio Sinedino, tradutor-intérprete,
explicará como é traduzir, poeticamente falando, obras literárias do português
para o chinês. Pelas 18h45, o professor Pires Laranjeira, da Universidade de
Coimbra, vai abordar o tema “Craveirinha, uma óptima escolha para começar” e,
antes de uma discussão final com perguntas e respostas, moderada por Lola G.
Xavier, o filho do poeta, o artista plástico Zeca Craveirinha, dedicará algumas
palavras ao pai.
José
Craveirinha nasceu em Maputo, Moçambique, a 28 de Maio de 1922, e morreu em
Joanesburgo, na África do Sul, a 6 de Fevereiro de 2003. É considerado o maior
poeta da literatura moçambicana e, em 1991, tornou-se o primeiro autor africano
galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua
portuguesa. “Karingana ua Karingana”, o seu segundo livro, datado de 1963, mas
só publicado em 1974, é considerada a sua obra-prima. Trata-se de um livro que
transmite, de forma poética, o dia-a-dia dos moçambicanos, numa época marcada
pela luta contra a ocupação colonial. Em sua homenagem, a Associação dos
Escritores Moçambicanos instituiu em 2003, o Prémio José Craveirinha de
Literatura. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto
Final”
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