No centro da cidade de São Paulo, Brasil, a instituição anuncia programação de três dias para celebrar a data. A curadora Isa Grinspum falou à ONU News sobre a agenda e a interação com outras nações lusófonas
O
Dia Internacional da Língua Portuguesa é celebrado neste 5 maio. Mas, no centro
de São Paulo, uma entidade comemora o idioma todos os dias. Localizado na
antiga Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa foi o primeiro deste tipo
no mundo.
A ONU News conversou com Isa Grinspum, curadora do Museu. Ela explicou que o local, que se reergueu de um incêndio em dezembro de 2015, foi reaberto no ano passado e procura refletir agora a diversidade de culturas do universo lusófono.
Comemoração
“O
Museu, tanto nas suas exposições temporárias como na permanente, traz a
formação dessa língua, como ela se deu, como foram esses movimentos na
história, entre continentes e atravessando mares. Mas ela quer também mostrar
essa vitalidade de hoje. A programação do dia da língua, em poucos dias, de
forma concentrada e intensa, quer trazer tudo isso em alta voltagem”
Para
as comemorações deste ano, que vão de 5 a 7 de maio, Isa Grinspum conta que a
agenda explora a diversidade e expansão geográfica da língua portuguesa, que
ela define como “viva, pulsante e plural”.
As
manifestações artísticas poderão ser vistas tanto dentro como fora do Museu. Os
paulistanos que passarem pela região também poderão conferir parte da
programação gratuitamente.
O
Museu celebra ainda o centenário do escritor José Saramago, até hoje o único
vencedor do Nobel de Literatura em língua portuguesa.
Com
a instalação “O Conto da Ilha Desconhecida”, a instituição oferece uma
homenagem ao português em parceria com a Fundação José Saramago, o Instituto
Camões e a Companhia das Letras.
Uma
barca inflável, livremente inspirada na obra de mesmo nome de Saramago, ficará
montada no saguão do Museu.
Evolução da língua
Segundo
Isa Grispum, o Museu da Língua Portuguesa, desde sua abertura em 2006, promove
um formato inédito e exclusivo, e faz um convite a todos os falantes para
refletirem sobre o idioma.
“Todos
nós, que somos falantes e autores dessa língua, não estamos habituados a pensar
e refletir sobre ela. E a ideia de fazer um museu sobre esse assunto, em pleno
coração de São Paulo, num lugar com tanta gente, tão diferenciada que passa por
ali, para pensar sobre a língua portuguesa, sobre a riqueza dela, sobre sua
história, sobre a diversidade enorme. O português é um, mas são muitos também”
De
acordo com a curadora, o Museu recebeu mais de 4 milhões de visitantes em sua
primeira década de existência e aborda, nas exposições permanentes, a
multiplicação e as mutações do idioma.
Brasil
No
Brasil, ela explica que a língua evoluiu a partir de outros idiomas, como
indígenas e africanos, e absorveu ainda outras centenas que chegaram pelos
fluxos imigratórios no país.
Por
isso, uma das estrelas do Museu é uma área onde o visitante é convidado para
uma viagem pelos estados brasileiros para reconhecer sotaques e regionalismos.
Isa
Grinspum destacou ainda as diversas criações musicais e literárias produzidas
em língua portuguesa, que viajam o mundo todo e são traduzidas em outros
idiomas.
Além
do trabalho da curadora, a celebração da data, neste ano, tem direção artística
do diretor teatral e de cinema Felipe Hirsch, convidado para criar uma
programação inspirada em sua peça “Língua Brasileira”.
Também
estão entre os convidados confirmados o escritor Caetano Galindo, a jornalista
Eliane Brum, a cantora Juçara Marçal, o músico Kiko Dinucci, a escritora Yeda
Pessoa de Castro, o líder indígena e professor André Baniwa e a Orquestra
Mundana Refugi. ONU News – Nações Unidas
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