Mulher, paz, segurança e antiterrorismo terão enfoque maior no período. O chefe da diplomacia moçambicana quer promover maior concertação com o Brasil. O mandato do país prioriza reforço do multilateralismo e emergência climática
Moçambique
assume este 1º de março a liderança do Conselho de Segurança. No período de
presidência rotativa do órgão, o país organizará um evento especial sobre
mulher, paz e segurança para marcar os 25 anos da resolução 1325 sobre o tema.
A
ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, disse à ONU
News que as mulheres terão um lugar à mesa para falar sobre solução de
conflitos. Mas defende que também é essencial ouvir os jovens na busca pela
paz.
Mulher, paz e segurança
“Nós
estamos, de facto, preparados para esta direção. Como sabe, na maior parte do
tempo isso vai ser feito pelo representante permanente aqui (em Nova Iorque). É
uma pessoa que tem experiência. Haverá, portanto, duas sessões de alto nível.
Escolhemos dirigir o debate sobre a mulher. Portanto, o tema da mulher, paz e
segurança. Aqui chamamos a atenção para a criança. Quando olhamos para a
criança e a juventude, sobretudo para criança e para mulher, vemos grupos
sensíveis quando há situação de conflitos. Quanto à mulher e juventude estamos
a olhar para interlocutores que devem ser válidos.”
O
mês da presidência moçambicana culminará com um debate aberto em nível
ministerial sobre o terrorismo e a prevenção do extremismo violento e reforço
da cooperação em torno do tema. O embaixador Pedro Comissário falou da meta de
dar visibilidade aos temas com relevância atualmente.
“O
Conselho de Segurança será presidido, em pessoa, por sua excelência o
presidente da República no dia 28 de março de 2023. A sessão a ser conduzida
pelo presidente subordinar-se-á ao tema Combate ao terrorismo e extremismo
violento. O grande tema do dia 7 de
março, na sessão do Conselho a ser presidida pela ministra dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação, é Mulher, Paz e segurança.”
Diferentes maneiras de ver o mundo
Recentemente,
o órgão recebeu estudos sobre violência de grupos ligados ao Estado Islâmico do
Iraque e do Levante, Isil, ou Daesh, que citam o país. Moçambique também é alvo
de “situações preocupantes” de violência armada, ao lado da Etiópia e da
Ucrânia.
A
ministra Verónica Macamo diz que o seu país também se fará valer da experiência
de 30 anos de estabilização, após a guerra civil, encerrada em 1992.
“O
problema é como ultrapassarmos as descontinuidades ou as diferentes maneiras de
ver o mundo, ou o país, que nos surgem. Para encontrarmos sempre soluções para
não termos que recorrer à guerra. Porque todos nós sabemos que a guerra mata e
destrói. Mata e destrói. Conduz-nos ao retrocesso. E é imperdoável que nós
tenhamos retrocessos. O mundo agora deveria estar a debater como se ajudar, se
desenvolver e sobretudo agora que estamos num mundo global.”
Em
dezembro, o Brasil conclui o mandato como membro não-permanente do Conselho de
Segurança. Para Moçambique, haverá oportunidade para acertar posições e
conjugar esforços pela paz global.
Debate sobre o multilateralismo
“Nós
temos tido boas relações com o Brasil. Sempre tivemos. Esperamos que estas
sejam incrementadas? Sem dúvidas. Quando estivemos cá até nos encontramos com o
representante do Brasil. Ainda no âmbito da campanha, nós conversamos. Depois
de termos ganhado as eleições também conversamos no sentido de vermos como
agir. Vamos concertar a estratégia e os pontos de vista, para vermos
efetivamente aquilo que é comum. Nesses casos, quando a estratégia é comum e
quando temos que pensar de uma mesma matéria, é fácil conjugar esforços para
também nos defendermos. Mas, mesmo quando não o conseguimos, podemos sentar-nos
para ver se há uma plataforma de nos entendermos para defender as nossas
posições e interesses da melhor maneira.”
Foi
concorrendo no grupo da África que Moçambique foi eleito para o Conselho de
Segurança com o total de 192 votos válidos dos 193 Estados-membros da
Assembleia Geral.
O
país teve o maior número do que os outros quatro novos ocupantes de assentos
não permanentes: Equador, Suíça, Malta e Japão.
Na
altura, a nação lusófona também apontou como prioridade debater o
multilateralismo e a ameaça representada pela alteração climática. ONU News –
Nações Unidas
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