O mês de Março já vai a meio, mas as associações continuam à espera dos subsídios pedidos à Fundação Macau. Amélia António diz que “é impossível viver assim”, principalmente para associações, como a Casa de Portugal, “que têm uma actividade permanente”. A presidente da Casa de Portugal volta a contestar os critérios e lamenta que não haja uma diferença entre as entidades que têm uma actividade regular e as que apenas realizam iniciativas esporádicas. De entre os eventos para este ano, quer que haja continuidade do Arraial de São João
“A
situação tem de ser vista e analisada de forma diferente. As associações não
são todas iguais e aquelas cuja actividade é permanente não podem ser tratadas
da mesma maneira”, começou por dizer, ao Jornal Tribuna de Macau, Amélia
António, presidente da Casa de Portugal, numa altura em que continua a
expectativa em relação à atribuição de subsídios “e quando isso irá acontecer”.
A
advogada de profissão considera que “a maioria das associações de Macau não tem
uma almofada”, ou seja, não possuem dinheiro disponível e são obrigadas a
recorrer ao crédito bancário, “que mesmo assim não é fácil”, porque é
necessário “pagar juros e apresentar garantias”.
“Quem
é que gere uma associação nestas condições?”, questiona Amélia António,
lembrando que algumas actividades da Casa de Portugal são “permanentes”, como é
o caso da Escola de Artes e Ofícios, pelo que têm encargos próprios. “Têm de
trabalhar sempre, não podem parar”, frisou, observando ainda que também há os
projectos a que as associações concorrem, “como é também o nosso caso”.
No
ano passado, a Casa de Portugal só recebeu o primeiro subsídio em Agosto “e por
este andar a situação poderá repetir-se, o que nos vai criar muitos problemas”,
lamentou a responsável pela associação de matriz portuguesa, para quem “no
passado isto não acontecia desta forma”, desde logo a retenção de 10% do
subsídio antes do final do ano, ficando pendente até que as contas sejam
apresentadas à Fundação Macau.
“A
falta desse montante significa desde logo que ficamos descalços, uma vez que
era necessário para actividades de Dezembro”, explicou Amélia António.
As
associações têm de entregar um relatório de auditoria, porém, este só pode ser
apresentado “depois das contas estarem fechadas”. Portanto, acentuou, “isso
leva bastante tempo e as nossas necessidades permanecem, com o dia-a-dia da
escola, as instalações, os pagamentos aos formadores, e outras despesas”.
Organizar actividades novas sem dinheiro “é difícil”
A
presidente da Casa de Portugal referiu que a associação “anda a recompor as
coisas e a perceber a nova situação, uma vez que são muitas vertentes que mexem
umas com as outras”. Sem os indispensáveis subsídios, “torna-se quase
impossível trabalhar”, ou pelo menos “saber com o que podemos contar, o que vai
acontecer”, insistiu.
Na
actividade para 2023, nomeadamente no que diz respeito a algumas coisas novas,
tudo vai depender dos fundos. “Queríamos fazer algumas coisas novas, mas não
posso estar agora a anunciar, porque não sabemos que dinheiro vamos ter para
isso”, ressalvou Amélia António.
A
presidente da Casa dá o exemplo do Arraial de São João, no qual a sua
associação tem colaborado na organização desde o primeiro ano, juntamente com
outras entidades (que praticamente não dispõem de subsídios para o efeito), e
que estava a crescer antes da pandemia. “É um evento colectivo, bastante
popular e que ultrapassa já fronteiras. Estava a crescer”, salientou.
Agora,
quando quase todas as restrições pandémicas foram anuladas, a presidente da
Casa de Portugal volta a colocar questões: “Abraça-se de novo o projecto para
que haja continuidade ou não? Tem interesse turístico, cultural, ou não? Eu
penso que tem e que deveria continuar, porque é um cartaz de Macau”.
Amélia
António ainda não teve grande oportunidade de expor ao novo Cônsul-Geral de
Portugal, cara a cara, todas as preocupações da sua associação. “Tivemos apenas
uma conversa de apresentação, juntamente com outras associações, e por isso não
deu para entrar em grandes detalhes, foi apenas um resumo”, esclareceu.
Relativamente
ao primeiro contacto com Alexandre Leitão, “o que posso para já dizer é que
mostrou interesse e vontade”. “Interesse em conhecer e vontade para fazer o que
for possível para tentar resolver os problemas que as associações têm pela
frente, que é uma história antiga. O novo Cônsul terá muito trabalho para
perceber as realidades”, afirmou.
Por
outro lado, para já, Amélia António não quer pensar nas eleições agendadas para
este ano e que, tudo indica, deverão reconduzir a actual presidente para mais
um mandato, uma vez que não se perfilha até esta altura um sucessor. “Temos
primeiro de fazer uma assembleia geral, para aprovação de relatório e contas,
que espero seja durante este mês de Março, e só depois então debruçar-me sobre
as eleições”, concluiu a número um da Casa de Portugal, que ocupa o cargo desde
2005. Vitor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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