Os chefes da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) discutem na próxima segunda-feira, em Conselho de Ministros extraordinário, os novos estatutos da organização e o novo regulamento dos países observadores associados, disse à Lusa fonte oficial
De
acordo com aquela fonte da CPLP, o que deverá ser aprovado nesta reunião de
ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores dos nove
Estados-membros, que decorrerá em Luanda, Angola, na próxima segunda-feira,
serão os novos estatutos da organização, para que estes passem “a acomodar” o
quarto objetivo da organização, o da cooperação económica, proposto pela atual
presidência angolana, quando assumiu o seu mandato de dois anos na liderança da
comunidade, na cimeira de Luanda, em julho de 2021.
“Com
coordenação do ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António,
enquanto presidência em exercício da CPLP, os ministros deverão ter em agenda a
apreciação de alteração aos estatutos da CPLP e um debate sobre ‘O papel dos
Mares e Oceanos na Projeção Internacional da CPLP’, entre outros temas”, refere
um comunicado emitido hoje pela organização.
A
CPLP tem neste momento três pilares de atuação, ou objetivos, os que sempre
teve desde a sua criação, em 1996, e definidos nos seus estatutos atuais: a
concertação político-diplomática em matéria de relações internacionais, a
cooperação em todos os domínios e a materialização de projetos de promoção e
difusão da língua portuguesa.
Na
última cimeira, que decorreu em Luanda, Angola propôs a cooperação económica
como quarto pilar, o que implica alteração de estatutos e até de organização
interna do próprio secretariado-executivo, que pode vir a ter uma nova direção
para a cooperação económica, admitiu a mesma fonte da CPLP.
Mas
os novos estatutos da CPLP não serão o único tema na agenda do próximo Conselho
de Ministros extraordinário. Desta reunião deverá fazer parte também a
discussão do novo regulamento dos observadores associados, cujo número tem
crescido nos últimos anos, atingindo os 33 na última cimeira, com a aprovação
de mais 14 candidaturas.
A
criação da categoria de observador associado, em 2005, abriu uma oportunidade
para a ligação a esta organização de outros Estados e regiões lusófonos que
pertençam a países terceiros, mediante acordo com os Estados-membros.
De
acordo o atual regulamento, os Estados que pretendam adquirir a categoria de
observador associado, têm de partilhar os princípios orientadores da comunidade
lusófona, designadamente no que se refere à promoção das práticas democráticas,
à boa governação e ao respeito dos direitos humanos, e prosseguir, através dos
seus programas de governo, objetivos idênticos aos da organização, mesmo que, à
partida, não reúnam as condições necessárias para serem membros de pleno
direito da CPLP.
Quanto
ao novo regulamento dos observadores associados, já estava a ser preparado
durante a presidência cabo-verdiana, que antecedeu a de Angola, e chegou a
pensar-se que poderia ir à cimeira de Luanda para a aprovação, o que não
aconteceu por não haver consenso entre os Estados-membros da CPLP relativamente
a alguns aspetos.
Agora,
de acordo com fonte oficial da CPLP, a proposta de regulamento prevê que os
observadores associados passem a apresentar um plano de parceria com a CPLP e o
que ainda está em discussão é se estes deverão ou não pagar quotas, o que ainda
pode fazer com que o diploma não vá a este Conselho de Ministros, depois da
discussão em Comité de Concertação Permanente (CCP – reunião de embaixadores
dos Estados-membros) que antecede a reunião extraordinária dos ministros, no
domingo.
Em
fevereiro de 2020, o então secretário executivo da CPLP disse que estava a ser
preparada uma proposta que tinha por objetivo que os países observadores
associados fossem parceiros da organização na concretização de programas,
projetos e ações.
“Neste
momento, para se ser candidato a observador associado da CPLP tem de se
apresentar um plano de ação e um plano de atividades”, referiu na altura o
embaixador Francisco Ribeiro Telles, explicando que o objetivo “é inovar e
concentrar tudo num único plano, que é um plano de parceria”.
Segundo
o embaixador, o objetivo naquela altura era que esta parceria seja, depois,
“concretizada através de uma implementação conjunta de iniciativas ou do
cofinanciamento de programas, projetos e ações, no âmbito da atuação da CPLP”.
A
proposta consagrava, desta forma, uma maneira de os países observadores poderem
dar um contributo financeiro para o desenvolvimento da comunidade dos países
lusófonos.
Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP. In “Balai
Cabo Verde” com “Lusa”
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