O parlamento cabo-verdiano vai votar na próxima semana um acordo para permitir a isenção recíproca de vistos em passaportes ordinários com a Guiné Equatorial, um ano e meio depois do entendimento entre os dois governos
A proposta
de resolução, aprovada em Conselho de Ministros, prevê a votação, na sessão
parlamentar ordinária que vai decorrer na Assembleia Nacional de 08 a 10 de
março, da ratificação do acordo entre os Governos de Cabo Verde e da Guiné
Equatorial sobre a Isenção Recíproca de Vistos em Passaportes Ordinários,
assinado na Praia em 21 de junho de 2021.
"O
mencionado acordo visa suprimir, na base de reciprocidade, a emissão de vistos
de entrada, trânsito, permanência e saída aos cidadãos de Cabo Verde para Guiné
Equatorial e vice-versa, para a estadias até sessenta dias por cada
visita", refere-se no texto da resolução a discutir e votar no parlamento
cabo-verdiano, a que a Lusa teve acesso.
Acrescenta-se
que a "segurança dos passaportes e, em geral, dos documentos de viagens é
uma preocupação" de ambos os países, que assumem ainda o "compromisso
de garantir o mais alto nível de segurança, de acordo com os padrões definidos
pela Organização da Aviação Civil Internacional, a fim de protegê-los contra
falsificação e fraude".
"Nesta
conformidade, a assinatura do presente acordo de isenção recíproca de vistos
representa um marco importante nas relações bilaterais e uma mais-valia na
promoção do turismo nacional, pois permite atrair maior número de turistas,
constituindo deste modo um ato promotor da mobilidade e da promoção de
investimento e do turismo, com enormes benefícios para ambos os povos",
lê-se ainda.
Cabo
Verde e Guiné Equatorial integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), mas a resolução prevê que acordo seja publicado em dois exemplares
originais em português e espanhol.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares,
afirmou em novembro passado que a próxima isenção recíproca de vistos em
passaportes ordinários seria com a Guiné Equatorial e pretendia acordo idêntico
com Marrocos.
"Tem
a ver com a mobilidade que nós estamos a incentivar no quadro da CPLP, também
no quadro de um acordo mais geral celebrado em todos os países da CPLP. E esta
isenção de vistos [com a Guiné Equatorial], que já existia em passaportes
diplomáticos e de serviço, agora é alargada aos passaportes ordinários",
revelou Rui Figueiredo Soares.
Na
altura, o Governo aprovou um acordo de isenção de vistos com Marrocos, neste
caso para titulares de passaportes diplomático e de serviço.
A
população de Cabo Verde ronda os 500 mil habitantes, mas o Governo estimou
recentemente que mais de um milhão e meio de cabo-verdianos vivem na Europa e
Estados Unidos da América (EUA), estando o sistema financeiro do arquipélago
dependente das remessas desses emigrantes.
"Nós
não incentivamos os cabo-verdianos a emigrarem, mas já sabemos que o povo
cabo-verdiano desde sempre se destinou muito à emigração, abriu os olhos, olhou
para a emigração. Aliás, não é por acaso que nós temos mais cabo-verdianos
descendentes de cabo-verdianos no exterior em relação ao país. É sempre um
sonho dos cabo verdianos emigrar, ir para terra longe, embora a terra longe nem
sempre seja a solução", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros,
questionado sobre o impacto das facilitações de vistos com vários países na
emigração cabo-verdiana.
"Mas
pretendemos, por exemplo, que todos os nossos comerciantes que se deslocam a
Marrocos brevemente também possam ter este circuito facilitado. É
essencialmente nesta perspetiva de termos trocas comerciais neste mundo que
está cada vez mais uma aldeia global", sublinhou. In “A
Semana” – Cabo Verde com “Lusa”
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