É uma das mais recentes associações criadas em Macau e por isso, em menos de cinco meses de existência, “há ainda pouco trabalho” para mostrar, segundo a presidente, Elisabela Larrea. Mas, a Associação de Estudos da Cultura Macaense tem planos a curto prazo e, para o Verão, está previsto o início de uma parceria com o grupo de teatro Dóci Papiaçám di Macau, para realizar workshops de divulgação do patuá junto de crianças e jovens. Em Maio tenciona também produzir “podcasts” para interagir melhor com a comunidade, assim como reforçar a informação nas redes sociais “para chegar ao maior número possível de pessoas” e, mais tarde, criar um arquivo oral da cultura macaense
Com
poucos meses de existência, depois de ter sido fundada em pleno final de
pandemia, em Novembro do ano passado, a Associação de Estudos da Cultura
Macaense tem ainda pouco a mostrar relativamente ao seu curto trabalho, naquele
que é um dos principais objectivos: a divulgação da cultura macaense e o apoio
às associações já existentes.
Elisabela
Larrea é a presidente da associação, cuja sigla é MACRA (“Macanese Culture
Research Association”). Ao Jornal Tribuna de Macau, aquela dirigente fez um
balanço do pouco tempo de trabalho efectuado até agora pela sua equipa,
salientando que “é preciso primeiro planear as nossas actividades para curto
prazo, recolher equipamentos, o que leva algum tempo e só em Janeiro é que na
prática começámos a trabalhar, depois de realizada a Assembleia Geral”.
A associação
tem sete elementos inseridos neste projecto “e todos estão empenhados em ajudar
a divulgar a nossa cultura, mas para isso teremos de explorar bem a forma como
o iremos fazer”. E uma das principais prioridades é chegar o mais possível a
diferentes comunidades, “promovendo a cultura macaense, que não é conhecida por
todos, uma vez que muitas pessoas não falam português”.
A
ideia é por isso divulgar a cultura e os objectivos da associação em forma
trilingue, ou seja, em português, chinês e inglês, “porque é assim que os
macaenses falam”.
A
MACRA tem projectos para este primeiro ano de trabalho, a maioria dos quais
para interagir com as pessoas, usando as redes sociais e criando “podcasts”,
em inglês e chinês, “porque há muita gente que não domina a língua portuguesa”,
convidando figuras da cultura macaense a divulgarem as suas experiências. “As
pessoas precisam de saber mais sobre a história da nossa cultura, da comida, do
patuá, entre outros aspectos”, salienta a investigadora.
Dar apoio a outras associações
Para
este ano de 2023, a MACRA tem previsto um projecto de parceria com o grupo de
teatro Dóci Papiaçám di Macau, destinado à aprendizagem do patuá por parte dos
mais novos.
“Queremos
começar a organizar workshops no Verão, para que as crianças e os jovens
possam aprender o patuá como um teatro. Tencionamos fazer aos fins-de-semana”,
revela a líder associativa, para quem várias associações já estão a fazer muito
trabalho, a reunir convidados e organizar festas, o que “é muito importante”. “Por
isso queremos partilhar opiniões, porque ninguém consegue fazer tudo sozinho”,
acentua.
Dar
esse apoio às instituições já existentes foi a grande razão para a fundação da
MACRA. “Sabemos que podemos contribuir, dando palestras, seminários, ou outras
actividades, porque temos gente a trabalhar connosco que pode ajudar”. Algumas
instituições foram já contactadas, diz Elisabela Larrea, como a Associação dos
Jovens Macaenses ou o Instituto para os Assuntos Municipais, “no sentido de
planearmos actividades em conjunto para este primeiro ano do nosso trabalho”.
Existe
ainda alguma confusão de nomes e objectivos de associações ligadas à cultura
macaense, pelo que “é importante esta primeira fase das nossas actividades,
explicar às pessoas quem somos, o que pretendemos”, comenta a presidente da
MACRA.
Quanto
a subsídios, “nada”. “É tudo para já do nosso bolso”, garante, explicando que a
associação irá fazer primeiro o seu trabalho “e então mais tarde pedir apoios
oficiais”.
Elisabela
Larrea, nascida em Itália e a viver em Macau desde os dois anos de idade, filha
de pai espanhol, do País Basco, que jogou pelota basca no território na segunda
metade dos anos 70, e mãe macaense, termina a conversa com este jornal,
explicando, em traços gerais, o que é para si ser macaense: “É ter amor pela
sua cultura, pela sua terra e pela sua comunidade”. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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