A reabilitação em curso no secular Forte Duque de Bragança, construído num ilhéu para proteger a ilha cabo-verdiana da Boa Vista dos piratas, vai envolver a conservação dos sete canhões, um dos quais agora recuperado de uma colecção privada.
De
acordo com informação divulgada pelo Instituto do Património Cultural (IPC) de
Cabo Verde, responsável pela obra de reabilitação e musealização do Forte com
mais de 200 anos, do período colonial português, o restauro dos canhões vai
decorrer até 06 de Abril, através de profissionais de conservação da
instituição que se encontram no ilhéu.
“De
referir que um destes canhões foi restituído no quadro desta missão, já que
tinha sido apropriado há vários anos por um particular”, acrescentou a mesma
fonte.
O
Forte, construído durante o período colonial português, em 1820, no ilhéu na
baía do porto da vila de Sal Rei, tinha a função de defesa do ancoradouro
contra os então frequentes ataques de piratas à ilha da Boa Vista.
A
um quilómetro da ilha da Boa Vista e da cidade de Sal Rei, sobreviveram até aos
dias de hoje apenas os canhões e algumas muralhas, que ainda recordam as
guerras do passado e a protecção da exportação de sal, pastel, algodão, gado,
cal e cerâmica na altura.
A
reabilitação em curso no Forte desde 2022 vai permitir a instalação de um
centro interpretativo daquela área, conforme anunciou anteriormente o ministro
da Cultura.
“Quando
reconstruímos lugares como estes estamos a reconstruir parte da nossa própria
história”, disse o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo
Verde, Abraão Vicente, durante uma recente visita à Boa Vista.
“Apresenta-se
também, a partir deste Forte, o berço da ecologia de uma reserva natural da
marinha a todo o mundo a partir de um património que serve como alavanca para a
construção para contar a história da Boa Vista. Teremos, ainda, uma espécie de
centro interpretativo para contar a história do ilhéu, da infra-estrutura, e
uma plataforma que se ligará ao Centro Interpretativo do Museu da Arqueologia
Subaquática, com uma sala dedicada ao ilhéu”, acrescentou.
Trata-se
de uma obra avaliada em 4,2 milhões de escudos cabo verdeanos (38 mil euros),
co-financiada pela Direcção Nacional do Ambiente através do programa da Bio-Tur
e com financiamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD).
O
Forte já foi anteriormente alvo de trabalhos de prospecção arqueológica e neste
momento as obras têm como foco a consolidação dos restos arquitectónicos, em
sítios onde se revelem necessários, para que possa impedir a contínua
degradação, aliás visível neste momento.
Após
a conclusão da reabilitação, o objectivo do Governo cabo-verdiano é integrar o
monumento na rota do turismo local, sendo esta a segunda ilha mais procurada
pelos visitantes do arquipélago.
Segundo
o IPC, o projecto, além de permitir reabilitar um Forte histórico para o
arquipélago, vai ainda gerar indirectamente uma nova fonte de rendimento para
os pescadores locais, que garantem o transporte entre a ilha do Sal, onde
prospera o turismo internacional e o ilhéu da Boa Vista. In “Jornal
Tribuna de Macau” - Macau
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