A
crise económica e as restrições impostas devido à pandemia da covid-19 levaram
muitos jovens portugueses e brasileiros a abandonar Hong Kong, disse o presidente
do Club Lusitano. “Antes da pandemia, porque Hong Kong é um lugar muito rico,
havia sempre jovens a chegar à procura de emprego. Mas infelizmente alguns
deles acabaram por partir. Alguns perderam o trabalho, para outros o isolamento
começou a ser demais”, explicou Patrick Rozario.
A
economia de Hong Kong contraiu 6,1% em 2020, com a taxa de desemprego a quase
duplicar, para 5,83%, numa cidade que ficou praticamente fechada ao exterior,
seguindo a política ‘zero covid’, que incluiu quarentenas à chegada e
confinamentos de bairros inteiros.
O
Club Lusitano, cujos membros têm de ser cidadãos de países lusófonos ou
lusodescendentes, também sentiu o impacto. “Provavelmente perdemos cerca de dez
famílias macaenses que partiram para o estrangeiro”, disse Rozario.
A
região administrativa especial chinesa, já com uma das populações mais
envelhecidas do mundo, perdeu 187300 pessoas, 2,5% do total, no espaço de três
anos, de acordo com dados oficiais.
O
pior veio em Março de 2022, quando Hong Kong enfrentou o primeiro surto de
covid-19. “Durante algum tempo estivemos mesmo fechados por alguns dos nossos
funcionários terem ficado doentes. Em outros períodos, havia muitas
restrições”, lembrou Rozario.
“Em
alguns períodos tínhamos as despesas do costume, mas nenhumas receitas”,
explicou o presidente do Club Lusitano. O clube chegou a perder 500 mil dólares
de Hong Kong por mês, acrescentou. “Toda a gente estava a pensar: ‘Se calhar é
para o mês que as coisas vão reabrir’. Sobrevivemos, ao contrário de outros
negócios que morreram na praia”, disse Rozario, referindo-se à reabertura das
fronteiras com a China, a 08 de janeiro, ao fim de três anos.
O
Club Lusitano, fundado em 1866 por macaenses, uma comunidade euro-asiática com
raízes em Macau, muitos dos quais são lusodescendentes, voltou aos lucros e há
mais pessoas interessadas em tornarem-se membros, disse o presidente. Entre
eles estão dois residentes de Hong Kong que fizeram parte “da primeira leva de
vistos ‘gold’” e mais tarde obtiveram a nacionalidade portuguesa, indicou
Rozario. “Ambos têm filhos a estudar em Portugal”.
O
Club Lusitano tem cerca de 390 membros e quer chegar aos 500. “Somos um clube
muito diverso, temos as antigas famílias macaenses, expatriados portugueses e
brasileiros, chineses com nacionalidade portuguesa, goeses e até judeus”
descendentes de sefarditas, sublinhou Rozario. A instituição organizou aulas de
português, com um professor brasileiro, e que tem atraído chineses com
investimentos em Portugal, mas também lusodescendentes cujas famílias “ao longo
do tempo se anglicizaram e perderam a língua”, lamentou o presidente. In “Ponto
Final” - Macau
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