Líderes timorenses manifestaram ontem “orgulho” pela chegada a Díli do voo inaugural do primeiro avião de bandeira timorense, um A320, operado pela companhia aérea Aero Dili, que começa com voos regulares na próxima semana
Dezassete
passageiros, incluindo o ministro dos Transportes e Telecomunicações, José Agustinho
da Silva, viajaram no voo procedente da Indonésia que aterrou no Aeroporto
Internacional Presidente Nicolau Lobato pouco depois das 08:30. “Estou muito
contente. É um orgulho e um sonho que se concretiza”, disse à Lusa o empresário
timorense Lourenço de Oliveira, proprietário da Aero Dili.
“Agora
vamos começar no dia 28 com rotas de voos regulares, para a Indonésia todos os
dias, mas também para Singapura. Estamos a negociar com a Austrália para poder
operar o voo também para aquele país”, confirmou, explicando que há ainda
objetivos de chegar à China e às Filipinas.
O
responsável falou à margem da cerimónia de boas-vindas do A320, recebido com
jatos de água e aplaudido por vários líderes timorenses, incluindo o
Presidente, José Ramos-Horta, vários membros do Governo e outras
individualidades.
Em
declarações à Lusa, Ramos-Horta parabenizou Lourenço de Oliveira, originário da
ilha de Ataúro, e saudou o seu empreendedorismo. “Sem dúvida um dia de orgulho
e mais um exemplo do empreendedorismo do Lourenço 'Ataúro', um empresário
timorense conhecido, apreciado, muito popular com muitas iniciativas ao longo
do ano, em transporte marítimo e aéreo , aquacultura de camarão”, afirmou o
chefe de Estado.
Ramos-Horta
vincou que a iniciativa do setor privado é importante, mas que, no setor aéreo,
e dadas as suas complexidades, é vital que haja apoio do Estado. “Espero que o
Governo entenda que o negócio de companhias aéreas é muito complexo e é
necessário grande apoio do Estado. Conheço muitas companhias de aviação e estou
lendo. Muitas empresas não sobreviveriam sem o apoio do Estado”, afirmou. “O
Estado deve fazer como fazem nos Estados Unidos: nenhum governante pode viajar
num avião não americano. E aqui o Estado pode fazer o mesmo, apoiar, garantindo
que os governantes, os deputados, os funcionários viajem nesta companhia”,
disse.
Paralelamente,
defendeu o Presidente, o Estado deve igualmente, “e para assegurar a
sobrevivência da companhia e a sua competitividade, subsidiar o custo do
combustível em Díli que é o dobro do custo das noutras capitais da região”.
O
ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fidelis Magalhães, salientou
o “orgulho” de estar em Díli “um avião de Timor com bandeira de Timor”. “Marca
uma nova fase na nossa história. Isto abre uma nova competição e com isso
acredita que os preços baixarão, a mobilidade será mais fácil e todos poderão
ter acesso às ligações aéreas”, afirmou o governante em declarações à Lusa.
Magalhães
disse que um dos legados do atual Governo são os vários acordos de navegação
aérea feitos nos últimos anos por Timor-Leste, sublinhado que os investimentos ajudarão
a cimentar a conectividade do país. “O primeiro-ministro deu orientações claras
ao ministro dos Transportes para considerar as conexões aéreas uma das
prioridades da governação e o ministro e a sua equipa fizeram um ótimo trabalho
para facilitar a concretização da ambição do Aero Dili. É tudo o resultado de
um trabalho feito por este Governo”, sublinhou.
“Quando
se fala em soberania, sem uma presença física, sem investimento, sem aviões,
seriam só acordos que não se traduziriam numa mudança concreta e real. Com este
passo, mais aviões para Timor e depois o aumento e melhorias no Aeroporto de
Díli, facilita-se o processo de desenvolvimento, negócios”, frisou.
O
projeto representa um investimento de 10 milhões de dólares com uma equipa de
quase 40 pessoas a assegurar o funcionamento do aparelho decorado com a frase
“Aero Dili Timor-Leste” e duas bandeiras de Timor-Leste, uma na fuselagem e
outra a cobrir a totalidade da cauda. A manutenção é feita com uma empresa em
Jacarta onde é igualmente dada formação a toda a equipa. “É um avião com
bandeira de Timor-Leste e registado em Timor-Leste. Sinto muito orgulho. Foi um
grande investimento. Espero poder incorporar um segundo avião mais tarde”, referiu
Lourenço de Oliveira.
A
equipa da Aero Dili inclui pilotos, técnicos e equipas a bordo e em terra, com
extensa experiência e originários de vários países, incluindo Timor-Leste, com
o aparelho alugado em modelo 'wet lease' à Dubai Aerospace Enterprise, uma das
maiores empresas de leasing de aviões do mundo, que leva equipas a Timor-Leste
para fazer toda a avaliação do projeto.
O
A320 tem capacidade para 180 passageiros, que na configuração da Aero Díli foi
reduzida para 165 lugares. Dono de dois casinos em Díli e com investimentos em
aquicultura e agricultura, entre outros, Lourenço de Oliveira tem no último ano
operado parte das ligações aéreas entre Díli e Bali, na Indonésia, utilizando
um modelo de 'charter' com aviões das empresas Air Asia e Sriwijaya Air.
O
sonho de ter um avião de bandeira timorense começou há cerca de seis anos
quando Lourenço de Oliveira decidiu tirar o curso de piloto, comprando depois
três pequenas avionetas para viagens domésticas em Timor-Leste.
Nos
últimos anos Timor-Leste tem procurado celebrar acordos de serviços aéreos com
vários países sendo que, até ao momento, o único ratificado e em vigor é com a
Austrália. Voos para outros países, como Indonésia, Singapura ou Malásia, têm
sido operados apenas em sistema de 'charter'. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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