Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 22 de março de 2023

Portugal - Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto relaciona cancro da próstata com desregulação da microbiota

Estudo publicado na revista científica "Cancers" aponta biomarcadores promissores para diagnóstico e tratamento desta doença


Uma desregulação da microbiota genital e urinária poderá estar associada ao desenvolvimento de cancro da próstata, o tipo de cancro mais diagnosticado em homens a partir dos 50 anos de idade. Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) realizou um estudo que não só vem sustentar esta associação entre o tipo de bactérias existentes e a presença de cancro na próstata, como vem também sugerir potenciais biomarcadores e novos alvos terapêuticos.

O trabalho, já publicado na revista científica Cancers, comparou a composição e a diversidade das bactérias presentes na urina, glande e próstata de homens com cancro da próstata e de homens sem a doença, através de tecnologia de sequenciação de rRNA.

“Os resultados mostram que existe efetivamente uma desregulação da microbiota nos homens com cancro da próstata. Esta desregulação pode promover a inflamação crónica da próstata e estar implicada no desenvolvimento deste tipo de cancro”, explicam os autores.

De acordo com a equipa, além de uma maior diversidade das espécies, alguns tipos de bactérias estão presentes em quantidades muito mais elevadas na urina dos doentes com cancro da próstata.

“A comunidade de bactérias encontradas na urina dos pacientes é claramente diferente das bactérias analisadas na urina dos homens sem a doença”, acrescentam os investigadores.

A busca por “novas opções terapêuticas”

A análise efetuada revelou níveis significativamente mais elevados de bactérias do género Streptococcus, Prevotella, Peptoniphilus, Negativicoccus, Actinomyces, Propionimicrobium e Facklamia na urina dos doentes com cancro. Na glande destes doentes, destacavam-se as Stenotrophomonas. Na próstata, a Alishewanella, Paracoccus, Klebsiella e Rothia.

“Estes dados podem apontar para biomarcadores promissores no diagnóstico precoce do cancro da próstata e ajudar a comunidade científica e os clínicos a encontrar novas opções terapêuticas”, acreditam os investigadores.

Este estudo integra-se no âmbito do projeto “SexHealth & Prostate Cancer: Psychobiological Determinants of Sexual Health in Men with Prostate Cancer”, tendo como autores Micael Gonçalves, Teresa Pina-Vaz, Ângela Rita Fernandes, Isabel Miranda, Carlos Martins Silva, Acácio Gonçalves Rodrigues e Carmen Lisboa, todos da FMUP. Universidade do Porto - Portugal


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