"Portugal vai dar apoio técnico e espera contribuir na formação em Timor-Leste e em Portugal dos recursos humanos necessários" na área das pessoas com deficiência
Portugal
vai dar apoio técnico e financeiro a Timor-Leste na criação de um novo
equipamento de apoio a portadores de deficiência a construir na região de Ainaro,
a sul da capital, disse esta sexta-feira um responsável português.
O
diretor-geral do Gabinete Estratégico de Planeamento (GEP), José Luís
Albuquerque, que coordena a cooperação do Ministério do Trabalho e Segurança
Social português com Timor-Leste, explicou que o projeto vai ser implementado
de forma faseada.
“Portugal
vai dar apoio técnico e esperamos contribuir, quer com o apoio do Estado, quer
com o apoio de entidades, na formação em Timor-Leste e em Portugal dos recursos
humanos necessários, além de algum apoio financeiro para o apetrechamento do
equipamento”, disse à Lusa, em Díli.
“Até
final de março, vamos desenhar um calendário de implementação. Queremos que os
recursos humanos sejam formados antes dos primeiros módulos estarem concluídos
e esse é um trabalho que vamos fazer no próximo mês e meio. Esperamos, em
março, saber quando esperamos ter o primeiro módulo e com que recursos
humanos”, referiu.
Albuquerque
falava na reta final da visita de uma equipa técnica que veio avaliar o
projeto, da qual fizeram parte duas diretoras da Casa Pia de Lisboa e a
vice-presidente do Instituto de Segurança Social, Catarina Marcelino.
“O
trabalho da equipa técnica de Portugal também passará por identificar recursos
humanos que consideramos importantes ter nesse equipamento”, sublinhou.
O
objetivo é que a primeira pedra do projeto possa ser lançada no final de março
quando está prevista a visita a Timor-Leste da ministra do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
O
projeto surgiu na sequência da visita efetuada no ano passado a Portugal pela
ministra da Solidariedade Social e Inclusão e vice-primeira-ministra timorense,
Armanda Berta dos Santos.
Durante
a visita, a governante timorense conheceu vários equipamentos, incluindo a Casa
Pita, a CERCICA (Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos
Inadaptados de Cascais), e casas de abrigo para vítimas de violência doméstica.
“Gostou
muito do tipo de intervenção, quer da Casa Pia, quer das instituições de
solidariedade social, e propôs-nos uma missão para conhecer o terreno,
considerando que seria importante ter em Ainaro um equipamento desse tipo,
direcionado para a área da deficiência”, indicou o responsável do GEP.
Em
Timor-Leste, a delegação portuguesa conheceu o espaço previsto para o novo
equipamento, no município de Ainaro, contactou com a comunidade e responsáveis
locais e visitou ainda outros equipamentos no país, quer de intervenção na área
da deficiência, como no apoio a crianças vulneráveis, e a vítimas de violência.
Equipamentos
totalmente públicos, com o Centro Nacional de Reabilitação ou geridos por
entidades de solidariedade social, adiantou.
“Temos
em Portugal várias experiências de gestão dos equipamentos, completamente
público, completamente da sociedade civil, com apoio o Estado ou equipamentos
públicos que são geridos pela sociedade civil a quem o Estado entrega essa
gestão”, referiu.
“O
Governo timorense ainda não decidiu como vai ser feita essa gestão, neste caso.
A nossa preocupação é que valências devem ser possíveis no curto, médio e longo
prazo”, notou.
“É
impossível fazer tudo de imediato, mas essa ambição que Timor-Leste tem de ir
construindo módulos e ajustando ao longo do tempo é também defendido por nós. A
Casa Pia tem quase 250 anos e quando se iniciou não tinha as respostas
brilhantes que hoje tem e que contribuem para o empoderamento daquelas crianças
e jovens e para a sua inserção na sociedade, inserção também profissional”,
referiu.
Entre
2002 e 2021, a cooperação do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social português canalizou para Timor-Leste mais de 18 milhões de euros para
mais de 30 projetos e iniciativas em todo o país.
Centradas
no combate à pobreza, as iniciativas incluíram apoio a duas dezenas de
equipamentos, beneficiando no total quase 30 mil pessoas anualmente.
Entre
as extensas áreas abrangidas contam-se apoio socioeducativo de crianças e
jovens, apoio alimentar, formação, apoio social à educação, saúde, apoio
domiciliário, língua e bibliotecas, internatos, alfabetização de adultos e
animação comunitária e apoio a populações vulneráveis, incluindo doentes com
tuberculose e HIV.
Progressivamente
e ao longo dos anos, as autoridades timorenses têm vindo a assumir uma cada vez
maior percentagem das despesas com os projetos.
Muitos
dos projetos funcionam em locais onde a presença do próprio Estado é ainda
escassa, em regiões isoladas ou em zonas onde há carências significativas, quer
de equipamentos, quer de soluções de apoio às comunidades. Vários projetos são
considerados pioneiros e referências nesta área. In “Observador” – Portugal com “Lusa”
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