O projeto europeu «AIDA» conta com um financiamento de mais de sete milhões de euros, atribuído ao abrigo do Programa Horizon Europe da Comissão Europeia
O
Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) é
um dos parceiros do projeto europeu «AIDA», recentemente financiado com mais de
sete milhões de euros pelo Programa Horizon Europe da Comissão Europeia. Este
projeto, que terá a duração de quatro anos e meio, tem como objetivo criar uma
ferramenta baseada em Inteligência Artificial que ajude os clínicos no
diagnóstico, acompanhamento e tratamento personalizados de doentes com lesões
que normalmente antecedem o aparecimento do cancro gástrico.
Coordenado
pelo INCLIVA Instituto de Investigación Sanitaria, de Espanha, o AIDA (An
Artificially Intelligent Diagnostic Assistant for Gastric Inflammation) foca-se
na prevenção de um cancro com grande prevalência, que normalmente tem um
diagnóstico muito tardio, e, por isso mesmo, uma taxa de sobrevivência muito
baixa.
O
cancro gástrico é o quinto tipo de cancro mais comum e a terceira principal
causa de morte por cancro no mundo, em ambos os sexos. Afeta quase um milhão de
pessoas, causa 783 mil mortes por ano, e a taxa de sobrevivência dos doentes
numa fase avançada é de apenas 12 meses.
Apesar
dos avanços nos tratamentos, até à data nenhuma estratégia melhorou o
prognóstico da doença, pelo que se torna urgente investir mais na prevenção
primária e secundária, intervindo numa fase pré-sintomática, antes do cancro se
desenvolver.
O
objetivo do projeto AIDA é precisamente criar uma ferramenta alimentada por IA
para ajudar os clínicos a diagnosticar inflamações pré-cancerígenas, fornecer
acompanhamento médico personalizado, recomendar ações para monitorizar o estado
de saúde dos doentes, e selecionar o tratamento mais adequado e eficaz.
O
projeto compreende, entre outros aspetos, um estudo clínico onde serão
avaliados perfis histopatológicos, moleculares, imunológicos e do microbioma de
doentes com lesões precursoras do cancro do estômago, que serão depois
comparados com os de doentes sem este tipo de lesões.
Dois grupos. Um objetivo comum
A
equipa do i3S, que irá receber mais de 500 mil euros de financiamento, é
coordenada por Fátima Carneiro, do grupo «Intercellular Comunication and
Cancer», e conta com a participação do grupo «Microbes & Cancer», liderado
por Céu Figueiredo.
Fátima
Carneiro, que é também professora catedrática da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto (FMUP), ficará responsável pela seleção de lesões
gástricas pré-malignas, através de estudo histopatológico, que é o melhor
método de diagnóstico.
Estas
imagens histológicas, explica a investigadora, “serão depois utilizadas para a
aplicação de metodologias de Inteligência Artificial com o objetivo de
identificar lesões de alto risco. Desta forma, os patologistas terão mais um
instrumento para melhorar a acuidade de diagnóstico de rotina das lesões
precursoras do cancro do estômago”.
Já
o grupo liderado por Céu Figueiredo, igualmente docente da FMUP, será
responsável pela identificação dos fatores de virulência da bactéria Helicobacter
pylori e pela caracterização do microbioma do estômago, com o objetivo de
estabelecer relações entre estes fatores e a presença de lesões de alto risco.
“Além
do microbioma gástrico, será ainda estudado o microbioma oral dos doentes, com
o objetivo de identificar perfis que possam vir a ser utilizados como
marcadores de diagnóstico não-invasivos”, acrescenta a investigadora.
O
consórcio do projeto integra 15 centros de excelência de oito países europeus,
reunindo uma equipa multidisciplinar que inclui os melhores especialistas
europeus em inflamação gástrica e cancro (áreas da epidemiologia, imunologia,
oncologia, patologia e gastroenterologia), peritos em bioinformática,
inteligência artificial e em gestão e proteção de dados, representantes da
administração pública e associações de doentes.
Para
além do i3S, o projeto AIDA conta ainda com a participação do IPO-Porto. Universidade
do Porto - Portugal
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