Os artistas Alexandre Farto (Vhils) e Manuel Cargaleiro criaram juntos uma obra que vai estar “brevemente” em exposição no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, e deu origem a uma litografia que vai estar disponível este mês
“Mensagem”
é o título da peça que, “construída em madeira – cortada, pintada, esculpida –,
retrata as estéticas particulares de cada artista numa justaposição simbiótica,
um contraste que oscila entre individualidade e comunhão”, de acordo com a
Fundação Manuel Cargaleiro, em comunicado. A obra “encapsula e reflete duas
gerações, duas perspectivas, duas formas de ver e encarar o mundo”.
Vhils
e Manuel Cargaleiro nasceram com 60 anos de diferença, o primeiro em 1987 e o
segundo em 1927. Em comum, além de uma carreira nas Artes, têm o concelho do
Seixal, onde Vhils nasceu e cresceu e onde há uma escola secundária e uma
Oficina de Artes batizadas com o nome de Manuel Cargaleiro, que, apesar de ter
nascido em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, passou parte da
infância naquele concelho.
A
Fundação Manuel Cargaleiro refere ainda que “Mensagem” “estabelece uma ponte
entre diferentes movimentos e contextos artísticos, diferentes formas de fazer
e criar”, mas “é também História, a História de uma relação entre artistas, de
uma geração a inspirar outra, da proximidade entre dois criadores separados
pelo significado do tempo, e unidos por ideias e valores que o transcendem”.
A
obra estará “brevemente” em exposição no Museu Cargaleiro, mas fonte daquela
instituição, contactada pela Lusa, não soube precisar quando tal irá acontecer.
Entretanto,
no dia 22 de Fevereiro, a galeria Underdogs, da qual Vhils é um dos fundadores,
lança uma litografia de edição limitada inspirada em “Mensagem”. De acordo com
a galeria lisboeta, a litografia, “que apresenta a mesma composição e título da
obra original, foi produzida na Idem”, gráfica especializada em litografia,
fundada em 1880 em Paris.
Manuel
Alves Cargaleiro é autor de uma vasta obra, representada em coleções públicas e
privadas em Portugal e outros países, como França e Itália. Executou vários
trabalhos de arte pública, nomeadamente, a estação do Metro de Champs
Elysées-Clémenceau, em Paris, os painéis cerâmicos para o Jardim Municipal de
Almada, a fachada da Igreja de Moscavide, o painel para a escola com o seu nome
no Seixal, a fonte no Parque da Cidade de Castelo Branco e a estação do Colégio
Militar do Metro de Lisboa.
Nascido
a 16 de Março de 1927, Manuel Cargaleiro iniciou estudos em 1946, na Faculdade
de Ciências da Universidade de Lisboa, mas abandonou aquela área para se
dedicar às artes plásticas, iniciando-se como ceramista na Fábrica Sant’Anna,
em Lisboa.
Em
1952 fez a primeira exposição individual, na Sala de Exposições do Secretariado
Nacional da Informação Cultura Popular e Turismo (SNI). Na década de 1950, foi
bolseiro do Instituto de Alta Cultura, em Itália, onde estudou cerâmica, e da
Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, onde passou a residir desde 1958. Parte
da sua obra encontra-se em exposição permanente no Museu Cargaleiro, onde se
concentra a coleção da Fundação Manuel Cargaleiro, criada em 1990 para gerir,
exibir e divulgar o seu património.
Vhils
captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido
reconhecido a nível nacional e internacional, e que já levou o artista a vários
cantos do mundo.
Nascido
em 15 de Fevereiro de 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por
pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, antes de rumar a
Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins. Além de várias
criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios
como Macau, Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia e
Brasil.
Em
2014, inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o
Museu da Eletricidade, em Lisboa: “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil
visitantes em três meses. Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço,
através da Estação Espacial Internacional, no âmbito do filme “O Sentido da
Vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes Em 2010, com a francesa Pauline
Foessel, fundou a plataforma cultural Underdogs, que se divide entre arte
pública, com pinturas nas paredes da cidade, exposições dentro de portas, na
galeria Underdogs, em Lisboa, e a produção de edições artísticas originais.
Vhils
é também um dos fundadores do festival Iminente, que começou em 2016, e onde em
setembro apresentou, pela primeira vez, uma peça feita com recurso a uma
técnica nova que tem vindo a desenvolver nos últimos anos. A peça, que começou
apenas uma parede pintada de branco, foi sendo revelada ao longo dos quatro
dias que durou o festival. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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