Lisboa
– O autor do livro “Ecos da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”,
Nhaba Kébra, apresentou a obra esta sexta-feira, 24, em Lisboa, contando ainda
com um recital poético e performance musical.
De
acordo com o convite, a apresentação esteve a cargo de Carlos Mourão, Apolo de
Carvalho e Neidy Cardoso, aconteceu no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV) e o
recital poético e performance musical teve a presença de Nanny Lima, Heloisa
Monteiro, Susana Ribeiro e Charlie Mourão, acompanhados por Bilocas e Tonecas.
“Ecos
da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”, conforme a organização, é
o segundo de um par de livro “distintos, lavrados, contudo, no mesmo chão
uterino”, fruto do “alter ego, Nhaba Kébra, um dissociado, luzógrafu de
manifestação sonâmbula e inspiração sethânica”.
Segundo
a mesma fonte, essa obra, tal como “Solitudi noturnu”, em Kabuverdianu, é a
materialização em versos dos “noctívagos delírios do autor”, através de um
conjunto de textos poéticos, onde as imagens, o ritmo e a cadência se fundem.
“Nhaba
Kébra é uma irreverente segunda personalidade, de manifestação sonâmbula,
expressão luzógrafu e inspiração sethânica que, na contramão, qual síndrome de
Estocolmo, escreve na mesma língua cujos efeitos traumáticos de um seu ensino
forçado, e à força, a terá originado”, explicou a organização.
O
autor tem dois dos seus poemas publicados no Jornal Artiletra Nº 140, sendo que
o “Ecos da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”, é uma coletânea
dos seus “desabafos, num teor combativo certo, porém na língua errada”.
Combate
esse pela língua cabo-verdiana, pela cultura/identidade cabo-verdiana e
africana, em suma, “pela libertação da indelével negrura” da alma”. In “Inforpress”
– Cabo Verde
Biografia
Nascido
das catacumbas das imposições coloniais na alma ferida da criança inocente que,
cada vez mais conscientemente, se sentiria agredida e humilhada por estas
mesmas imposições – neocoloniais no pós independência – Nhaba Kébra, um
dissociado, ainda por exorcizar, recorre, por escrito, à língua portuguesa para
manifestar-se – sua única e contraditória forma de expressão. Uma expressão que
só se revelaria com o seu despertar nos primórdios da segunda década deste
terceiro milénio, quiçá catapultada nos ciclos de momentos conturbados vividos
pelo Djuntamon Afrikanu nesse mesmo período...
Com
dois dos seus poemas publicados no Jornal Artilétra Nº 140, agora deu-se a
estampa Ecos da Noite, uma coletânea dos seus desabafos, num teor combativo
certo, porém na língua errada. Combate esse pela nossa língua de facto, a
Língua Kabuverdianu, pela nossa cultura/identidade cabo-verdiana e africana, em
suma, “pela libertação da indelével negrura da nossa alma”, que no seu
acreditar deve deslanchar-se, ad aeternum, de todas as dependências
neocoloniais, quais amarras, "o fator maior dos nossos atrasos".
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