A
exposição individual de José Cabral será inaugurada no dia 13 deste mês, às
18h30, no Camões – Centro Cultural Português em Maputo. A mostra Americanos
resulta de uma parceria entre o Camões – Centro Cultural Português em Maputo e
a produtora Art Dispersion (Portugal).
Com
organização do Camões em Maputo e curadoria de Rodrigo Bettencourt da Câmara, a
exposição Americanos reúne um conjunto alargado de fotografias desta
série, a preto & branco, com novas impressões efectuadas a partir dos
negativos originais do fotógrafo moçambicano.
José
Cabral é fotógrafo profissional deste 1975, foi professor no Centro de Formação
Fotográfica de 1986 a 1990 e a sua obra ganhou mais visibilidade nas duas
primeiras décadas do séc. XXI.
Os
trabalhos de Americanos, que pela primeira são apresentados ao público,
têm origem numa viagem que o fotógrafo fez aos Estados Unidos da América,
durante três meses, ao abrigo de uma bolsa da Mid-American Arts Alliance, num
amplo roteiro que incluiu cidades como New York, Washington, Chicago, New
Orleans, San Diego/California, El Paso/Texas e no Novo México Santa Fé, Las
Cruces e White Sands.
O
projecto expositivo Americanos, o qual reúne mais de 150 fotografias
desta série de José Cabral, conta com a participação do poeta Luís Carlos
Patraquim, de José Manuel dos Santos, escritor, poeta, curador, agente cultural
e director da Revista Electra e Alexandre Pomar, curador e crítico de arte.
A
propósito deste projecto, Luís Carlos Patraquim escreveu: “José Cabral exibe
neste seu trabalho um agudo olhar e um pundonor subtil e mostra-nos a ‘sua
América’ alheia ao famoso dream e onde há um silêncio prodigioso da
imagem a ritmar uma música de dentro. Gente e situações banais, tantas que, ao
menos para mim, julgo ouvir as notas das Gymnopedies de Satie. E a fera
amansada na vulgaridade quotidiana dos dias a preto e branco da América.” Nas
palavras de José Manuel dos Santos: “Olhamos esta bela e rigorosa colecção de
fotografias e reconhecemos, de imediato, uma voz visual. Ou encontramos um
estilo que nos diz a visão que vê o que vê como vê. Ou descobrimos a pulsação
de um olhar que bate ao ritmo incerto do coração secretamente selvagem.”
A
exposição Americanos – fotografia de José Cabral estará patente em
Maputo, entre 14 Fevereiro e 01 de Abril, no Camões – Centro Cultural
Português, e poderá ser visitada de segunda a sábado, entre as 10h00 e as
17h00.
José
Cabral (1952, Lourenço Marques/Maputo) começou por praticar com o pai, amante
de fotografia e de cinema, técnico dos Caminhos de Ferro de Moçambique, que aos
12 anos lhe ofereceu um pequeno laboratório e uma câmara “caixote”. Torna-se
fotógrafo profissional em 1975. Começou como fotógrafo no Instituto Nacional do
Cinema e passou depois de alguma prática de foto-repórter (1979-1982) a
programas documentais menos determinados pela urgência para o Ministério da
Agricultura e a Unicef. De autodidata passou a professor no Centro de Formação
Fotográfica, de 1986 a 1990. A sua fotografia – em especial a forma de a expor
como trabalho de artista – foi-se tornando discretamente mais autobiográfica e
até intimista, sempre sem deixar de ser documental e sem pretender ser
formalista e narcísica mesmo nos seus muitos autorretratos de rua. A obra de
Cabral ganhou mais visibilidade nas duas primeiras décadas do séc. XXI, em
especial através de exposições subtilmente antológicas, equilibrando um lugar
sempre algo à margem com o crescente reconhecimento público. Cabral viajou para
a América, durante três meses, em 1996, como bolseiro da Mid-American Arts
Alliance, num amplo roteiro por New York, Washington, Chicago, New Orleans, San
Diego / California, El Paso / Texas e no Novo México Santa Fé, Las Cruces e
White Sands. Faz uma viagem de descoberta – uma aventura para quem saía de
Maputo ao cabo da guerra civil – viagem que é também reencontro com as
linguagens e as visões que de algum modo o formaram, vistos os filmes, lidos
muitos livros, sempre um olhar culto. In “O País” - Moçambique
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