Lisboa
– O poeta José Luiz Tavares, com a obra «Perder o Pio a Emendar a Morte”,
venceu o prémio Ulysses 2022, atribuído pela editora The Poetry and Dragons
Society e The World Poetry Movement Portugal, anunciou o autor.
Em
declarações à Inforpress, o poeta cabo-verdiano radicado em Portugal avançou
que a obra galardoada foi escrita em Março/Abril de 2020, durante o primeiro
confinamento, e retomada em Fevereiro de 2021, enquanto o autor padecia de
infecção pela covid-19.
“Não
sendo uma obra sobre esse evento planetário, esse serviu, no entanto, ao autor
de mola desencadeadora dessas antipoéticas, desencantadas, mas sempre lúcidas,
visões do mundo e do homem lançado no mar da existência”, explicou o poeta que,
esta sexta-feira apresentou, em Lisboa, o livro “Uma Pedra Contra o Firmamento”
e hoje, sábado, “De Neve e de Bruma”
José
Luiz tavares considerou que a obra “Perder o Pio a Emendar a Morte” é, de um
certo modo, “tributária das leituras” que o autor foi fazendo durante esse
período, nomeadamente “o grande poeta e ensaísta alemão”, Hans Magnus
Enzensberger, (falecido há poucos dias), Nicanor Parra, o iconoclasta chileno e
inventor da chamada antipoesia, Daniil Harms, Stig Dagerman, E.M. Cioran, Nietzsche, Kierkegaard, Arno
Schmidt e Alberto Pimenta.
Ao
prémio concorreram cerca de seis centenas de obras e o volume agora distinguido
será editado em meados do próximo ano pela The Poetry and Dragons Society.
Esta
é a segunda distinção concedida ao poeta cabo-verdiano este ano em Portugal. O
mesmo já tinha sido agraciado em Outubro com a Bolsa de Criação da Fundação Eça
de Queirós, tendo, no rescaldo noticioso, o poeta alertado para a inexistência
de políticas públicas consistentes para o livro e a leitura em Cabo Verde, ao
que o ministro da Cultura retorquiu acusando o poeta maior de viver de Prémios.
“A
reacção do poeta, contundente como sempre, não se fez esperar, em texto
publicado num jornal cabo-verdiano, sem resposta da parte do ministro”,
lembrou.
Depois
da apresentação ontem, no Centro Cultural de
Cabo Verde em Lisboa, da obra “Uma Pedra Contra o
Firmamento”, José Luiz Tavares dá a conhecer ao público, hoje, sábado e no
mesmo espaço, o livro de poesia dedicado à filha “De Neve e de Bruma, Editora“, editado
sob a chancela da Gongon Cartoneira.
Escrito
durante a primeira década do presente milénio, para a sua filha, então criança,
“De Neve e de Bruma” é, segundo o autor, a primeira obra em verso escrita para
leitores dessa faixa etária, em português ou em língua cabo-verdiana, o que não
a impede, sublinhou, também de ser uma obra para graúdos, como sucede no
Brasil, onde foi premiado em 2009 pelo Ministério de Educação num concurso
destinado a obras para neo-leitores, intitulado Literatura para Todos.
“Tomando
como motivo um tempo específico, o Natal, recordando sobretudo os natais da sua
infância, o autor faz o trânsito entre a fabulação e as peripécias
existenciais, abordando situações e assuntos, os mais diversos, numa construção
elaborada, onde a métrica e a rima conferem uma musicalidade, não de embalar,
mas que acorda o leitor quer para as peculiaridades da linguagem poética, quer
pela candência (por vezes de tom disfarçadamente filosófico) de alguns dos
temas abordados”, explica a nota de apresentação da obra.
Escritos
originalmente em português, os poemas, ainda segundo o documento, ganharam
“notáveis versões em língua cabo-verdiana, o que o torna um objecto estético e
didáctico único (no momento em que a língua cabo-verdiana é introduzida, ainda
que de forma tímida, no ensino secundário em Cabo Verde), quer para os mais
jovens, mas também para os mais crescidos”.
José
Luiz Tavares nasceu no Tarrafal no dia de Camões, 10 de Junho, em 1967.
Publicou 19 livros, recebeu inúmeros prémios no estrangeiro e em Cabo Verde, e
está traduzido para diversas línguas.
“De
Neve e de Bruma” é o primeiro de um conjunto de cinco livros infantis e dois
juvenis escritos para a sua filha no início da década, mantendo-se todos inéditos,
até agora. In “Inforpress” – Cabo Verde
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