Em discurso directo, a vencedora da segunda edição do Prémio A-Má, explica ao Ponto Final que é apaixonada pela cultura chinesa. Admite que foi difícil escrever sobre Macau, um local que nunca conheceu, mas sente “imensa gratidão” por ter sido agraciada com o prémio promovido pela Fundação Casa de Macau, em Portugal
A
brasileira Edvirges Salgado foi a grande vencedora da segunda edição do Prémio
A-Má, promovido pela Fundação Casa de Macau com o trabalho “Enigma da Primeira
Lua”. Fomos à procura de saber quem é a autora residente em Santo António do
Grama, situada no Estado de Minas Gerais, no Brasil, e do significado deste
prémio.
Ao
Ponto Final, Edvirges Salgado mostrou-se surpresa com o primeiro lugar e também
com alguma exposição mediática que adveio dessa situação, no entanto mostra-se
grata por tudo. “Realmente não consigo achar as palavras certas para dizer o
que sinto. É um misto de diversos sentimentos como gratidão, felicidade,
alegria, surpresa, realização, vitória, superação, paz. É claro que queria ser
agraciada com este prémio, mas já estaria feliz apenas por ter tido a
oportunidade de participar, e mais ainda de receber um diploma de
participação”, começou por dizer ao nosso jornal.
E
agora, o que podemos esperar do futuro? A autora brasileira está tranquila e
fala em “coragem” para participar. “A gente pesquisa, escreve, pesquisa
novamente, corrige, pensa um pouquinho mais no diálogo, edita o texto. É um
ciclo até acreditarmos que o texto está bom. Então também queremos ter algo de
recordação por aquele momento dedicado. Para mim, somente por ter coragem de
participar já foi um grande passo. Senti-me realmente vitoriosa por ter
derrotado o meu medo de rejeição e enviado meu texto”, confessou.
“Enigma
da Primeira Lua” é o título do trabalho vencedor. O conto de Edvirges Salgado
aborda o famoso Festival das Lanternas chinês, algo que só viu em vídeo e
fotografias. “Ao assistir a séries chinesas, principalmente as de época, vi que
isso é muito comum na Ásia. Achava aquilo fantástico e queria trazer isso para
o meu texto. Queria que outras pessoas que o lessem, sentissem a energia deste
festival. Então, o enigma, o mistério do qual falamos se revela durante este
lindo festival. Narro um pouco sobre as diferenças culturais entre Oriente e
Ocidente através dos olhos da minha protagonista, que é de origem
luso-brasileira”, explicou ao nosso jornal.
Depois,
já no enredo profundo do conto, a autora acaba por desenvolver “um romance para
a protagonista, que afinal irá descobrir qual o mistério que a permeia”.
“Trata-se de um conto simples, mas que tem como objectivo principal falar sobre
a incrível cidade chinesa que tem como um de seus idiomas oficiais o português;
cidade esta que me conquistou de imediato por sua história e peculiaridades”,
afirmou, referindo-se a Macau, e acrescentando: “Através deste prémio literário
tive a oportunidade de pesquisar, entender e escrever sobre Macau, mesmo nunca
tendo estado lá. Sou apaixonada pela cultura chinesa então fiquei muito feliz
por poder falar e entender um pouco mais sobre ela. Estou super ansiosa para
conhecer tais locais [Macau e Portugal] e fico feliz de saber que se for para o
Oriente não ficarei tão perdida por não conhecer os idiomas locais, pois haverá
um idioma conhecido”.
Licenciada
em Ciências Contábeis e Matemática, actualmente trabalha numa escola pública da
rede estadual do município onde reside. Edvirges Salgado confessa, no entanto,
que sempre teve o bichinho da escrita desde muito nova. “A minha outra opção
era Comunicação Social ou Jornalismo. Desde pequena, gosto muito de ler e criar
mentalmente os meus próprios finais de diálogos e histórias. Mas a verdade é
que pensando bem, além de ser utópica também sou pé no chão. Sabia que mesmo
formando-me, encontraria muitas dificuldades de serviço nesta área. Logo,
acabei escolhendo a minha primeira opção. Embora possua rascunhos de histórias
em alguns géneros literários, a escrita é apenas um hobby e uma forma de
terapia. Gosto de brincar com as palavras e desejo continuar a fazer isso,
porque me faz bem. Sobre o futuro, tudo é possível”, vaticinou, referindo que,
agora, vai estar mais atenta ao seu lado literário.
A
Fundação Casa de Macau criou o Prémio A-Má que visa “incentivar e premiar o
talento e a criatividade no âmbito da divulgação e da valorização da identidade
macaense, em particular na sua expressão literária”. Cada candidato apenas pôde
submeter a concurso um trabalho inédito. O regulamento do concurso, criado em
2021, considera admitidos a concurso contos, crónicas, poemas e textos
dramáticos, cuja temática seja sobre Macau ou sobre a cultura macaense, “sob
qualquer perspectiva ou interpretação do autor”. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto
Final”
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