Díli
– A petrolífera australiana Woodside está a reconsiderar Timor-Leste como local
potencial para o desenvolvimento do campo Greater Sunrise. Esta posição,
em alternativa a Darwin, marca uma viragem significativa para o promotor de gás
natural liquefeito (GNL).
A
diretora-executiva da empresa, Meg O’Neill, numa reunião com os investidores
esta quinta-feira, enfatizou alguns dos projetos de extração do Greater
Sunrise de gás ainda não desenvolvidos, na agenda da empresa, salientando
que aqueles serão relevantes para as necessidades de gás a longo prazo,
particularmente na Ásia.
“Questões
económicas sempre estiveram na base de se ser contra o processamento do gás do Greater
Sunrise em Timor-Leste, uma vez que já existem extensas infraestruturas em
dois projetos de exportação de GNL em Darwin, o que, até agora, tem tornado o
processamento do gás no norte da Austrália comercialmente mais rentável”,
afirmou Meg O’Neill, citada no portal Energy Voice, esta quarta-feira.
A
dirigente da Woodside reconheceu a importância de localizar o processamento do
gás em terra e, agora, em Timor-Leste, e está, no seguimento, disponível para
uma discussão em torno de potenciais conceitos de desenvolvimento do projeto.
“Ao
longo dos anos temos, olhámos para o Greater Sunrise com olhares muitas
vezes diferentes. Fizemos estudos técnicos sobre gasodutos para compreender a
viabilidade destes atravessarem a distância que os separa da costa e,
sobretudo, atravessar a trincheira marítima profunda que está entre os campos e
a costa timorense”, frisou.
Meg
O’Neill revelou ainda que “esses estudos sempre indicaram que, com a vontade
certa, a engenharia certa e o plano de execução certo, pode-se executar este
empreendimento”.
A
responsável notou que a atual tecnologia de instalações modulares de GNL, mais
barata e mais rápida de construir em comparação com projetos de GNL antigos,
tem capacidade técnica para ser utilizada num potencial desenvolvimento em
Timor-Leste.
A
Woodside tinha anteriormente insistido que apenas seria aceitável o
processamento do Greater Sunrise em Darwin, no norte da Austrália. Na
verdade, em julho de 2020, a Woodside declarou que o valor contabilístico de
implementação do projeto em Timor-Leste seria de zero.
A
Woodside tem uma participação de 33,44% no Greater Sunrise, A companhia
petrolífera nacional timorense, Timor GAP, representa 56,56%, após a compra da
Shell e da ConocoPhillips em 2018, e a empresa japonesa Osaka Gas detém 10%.
Cerca
de 70% do Greater Sunrise, constituído pelos campos Sunrise, encontra-se
submersa na zona do mar do Timor-Leste, na sequência de um acordo de
delimitação das fronteiras marítimas, em 2018, com a Austrália.
Os
campos situam-se a cerca de 150 Km da costa sul de Timor-Leste, mas, entre a
costa timorense e os campos localiza-se uma trincheira com 3300 metros de
profundidade, o que cria grandes desafios tecnológicos para a instalação de
oleodutos. Afonso do Rosário – Timor-Leste in “Tatoli”
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