Foi
publicado recentemente, na revista científica "Frontiers", o artigo
"Ocean kinetic energy and photosynthetic biomass are
important drivers of planktonic foraminifera diversity in the Atlantic Ocean".
Trata-se
de um estudo em que estão envolvidos cientistas do IPMA/Centro de Estatística e
Aplicações (CEAUL) e do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), que pretende descobrir
como é que a biodiversidade dos oceanos varia e quais os fatores que a
influenciam, de modo a poder preservá-la.
O
estudo permitiu descobrir que apenas com três variáveis ambientais, medidas
através dos satélites, consegue-se explicar até 88% da biodiversidade dos
foraminíferos planctónicos (seres microscópicos do zooplâncton que navegam nas
massas de água) fossilizados no fundo do oceano Atlântico durante o último
século, ainda antes das consequências mais importantes da atividade humana
durante o século XX.
Parece
quase magia a diversidade de espécies que existem nos oceanos da Terra. Muitas
tem formas incríveis que nos transportam para os mais arrojados filmes de
ficção científica... ou será ao contrário? Todos estamos preocupados com o
desaparecimento de muitas espécies que fazem parte deste mundo maravilhoso, ou
seja, com a diminuição da biodiversidade nos oceanos. Para poder preservar a
biodiversidade dos oceanos, é fundamental descobrir como é que ela varia e
quais os fatores que a influenciam. Ou seja, o que determina a diversidade e distribuição
das espécies.
A
encabeçar os fatores ambientais mais importantes, está, como é bem conhecido, a
temperatura da água, que regula todos os processos fisiológicos. O segundo
fator é a produtividade, que representa a quantidade de energia disponível para
os organismos comerem, e é medida por satélites da cor do oceano. O terceiro
fator fundamental são as correntes marinhas, que têm implicações na
estabilidade do meio onde os seres vivos vivem, assim como no transporte de
organismos dum local para outro nos oceanos, e é representada pela energia
cinética, ou seja a energia associada ao movimento, estimada através de
satélites que medem a altura do oceano (altimetria).
Utilizando
métodos estatísticos para quantificar a dinâmica da biodiversidade, os
investigadores descobriram que estas três variáveis ambientais explicam em
larga escala, a distribuição das espécies de foraminíferos no Atlântico durante
o último século. Os investigadores conseguiram também determinar as principais
zonas das diferentes comunidades no Oceano. Descobriram ainda os pontos de
viragem das comunidades, para cada uma das variáveis ambientais.
Estas
descobertas são fundamentais para uma melhor compreensão da forma como as
alterações climáticas podem afetar a biodiversidade no futuro, assim como para
a conservação dos oceanos. Sabendo como a biodiversidade se distribui e varia
com estas variáveis no passado, podemos, utilizando os modelos climáticos
atuais, poderemos estimar como poderá ser afetada no futuro. In “Instituto
Português do Mar e da Atmosfera” - Portugal
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