Uma
exposição com obras da pintora Paula Rego que percorrem a sua produção desde
1960, em peças que confrontam a opressão, como “Salazar a Vomitar a Pátria”,
estarão reunidas até Abril no Museu de Pera, em Istambul, na Turquia.
“A
história das histórias” dá título a esta exposição, comissariada pelo curador
Alistair Hicks, que estará patente naquele museu situado no bairro histórico de
Pera, actualmente integrado no distrito de Beyoğlu, em Istambul.
Paula
Rego, que morreu no passado mês de Junho aos 87 anos, é descrita como uma
artista que “revolucionou as formas como as mulheres são representadas e que
não cede nas suas verdades”, segundo o texto colocado na página do museu na
Internet sobre a exposição, inaugurada a 23 de Dezembro.
Entre
outras obras, estão expostas “Carmen Miranda” (1985), “Macaco Vermelho Bate na
Mulher” (1981). No conjunto, os quadros selecionados percorrem o trabalho da
artista portuguesa que se afirmou na cena londrina nas décadas de 1980 e 1990.
“A
História das Histórias” pretende “mostrar como Paula Rego confronta
autenticamente a opressão, a autoridade e a violência institucional sem ter
medo de revelar a sua própria natureza pessoal e o contexto sociopolítico”,
acrescenta o museu.
Na
sua obra, Paula Rego, que se radicou em Londres nos anos 1970, abordou temas
políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, entre outros do
universo feminino.
A
exposição no Museu de Pera “visa demonstrar como ela lutou contra a depressão,
o fascismo, o colonialismo e o movimento antiaborto, ao mesmo tempo em que
liberou as suas histórias da repressão masculina”, acrescenta.
Prémios e identidade
Nascida
em Lisboa, a 26 de Janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e
liberal, Paula Rego começou a desenhar ainda criança, um talento que lhe foi
reconhecido pelos professores da St. Julian’s School, em Carcavelos. Partiu
para a capital britânica com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.
Foi
bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, para fazer pesquisa sobre contos
infantis, em 1975, e, em Londres, conheceu o futuro marido, o artista inglês
Victor Willing, cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das
Histórias.
Em
2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha
Isabel e recebeu, em Lisboa, o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído
pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.
Paula
Rego recebeu, em 1995, as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de
Sant’Iago da Espada, em 2004, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da
Espada e, em 2011, o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade de Lisboa,
título que possui de várias universidades no Reino Unido, como as de Oxford e
Roehampton. Em 2019, foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo
Ministério da Cultura. In “Hoje Macau” - Macau
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