Dili
– A jornalista australiana Jill Jolliffe, que testemunhou as primeiras
incursões militares indonésias em Timor-Leste, morreu na sexta-feira, aos 77
anos de idade, afirmou à agência Lusa fonte ligada à família.
A
jornalista, que chegou a viver em Portugal, testemunhou as primeiras incursões
militares indonésias em território timorense, em setembro de 1975, tendo
noticiado a morte de cinco colegas de profissão em outubro daquele ano (Brian
Peters, Greg Shackleton, Gary Cunningham, Malcolm Rennie e Tony Stewart),
assassinados na localidade de Balibó, tendo ficado conhecidos como os “Cinco de
Balibó”.
Os
cinco jornalistas foram mortos numa operação clandestina das forças especiais
da Indonésia, em preparação para a invasão do território, que era até então uma
colónia portuguesa.
O
livro que Jill Jolliffe escreveu, "Cover Up - The inside story of the
Balibo Five", inspirou a longa-metragem realizada por Robert Connolly
e protagonizada por Anthony LaPaglia, que estreou em 2009 na Austrália.
O
antigo presidente timorense Xanana Gusmão lamentou a morte da jornalista
australiana.
“É
com grande tristeza que soubemos da morte de Jill Jolliffe, uma aclamada
jornalista australiana, ativista política e que sempre lutou pela justiça em
Timor-Leste. Jill era uma heroína do povo timorense”, afirmou Xanana Gusmão,
numa nota enviada à agência Lusa.
“Jill
foi uma ativista, uma rebelde, uma lutadora. Expôs de forma persistente a
realidade da ocupação militar indonésia e apoiou a luta do povo timorense. Terá
sempre um lugar especial na nossa história nacional. Ela é uma de nós”,
afirmou.
Xanana
Gusmão salientou que a jornalista apoiou a luta de independência timorense, com
grandes sacrifícios pessoais, recordando a cobertura que fez em 1975, aquando
das primeiras incursões indonésias e do caso dos “Cinco de Balibó”.
“Jill
estava em Dili para cobrir a proclamação de independência a 28 de novembro de
1975. Ela tirou fotografias dos nossos líderes, incluindo do presidente Nicolau
Lobato, que serão para sempre imagens preciosas e icónicas para a nossa nação”,
recordou o antigo presidente timorense.
Para
Xanana Gusmão, Jill Jolliffe tornou-se “uma ativista incansável pela causa
timorense, trabalhando de forma inexorável para expor os horrores da ocupação
[indonésia] ao mundo”.
A
jornalista, que publicou o seu primeiro livro sobre Timor em 1978, regressou ao
país em 1994, tendo encetado uma viagem clandestina pelas montanhas para
entrevistar um dos líderes da resistência, Konis Santana, por forma a expor os
abusos dos direitos humanos por parte das forças indonésias no país.
Jill
Jolliffe recebeu em 2014 a Medalha da Ordem da Solidariedade por parte do
Governo de Timor-Leste. Agência Lusa
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