O IPOR viu o número de alunos decrescer entre 15% e 18%, principalmente devido ao cancelamento de matrículas por parte de alunos de Zhuhai. Apesar de pretenderem continuar a estudar Português, as restrições nas fronteiras tornavam a aprendizagem “ineficiente”, já que eram obrigados a faltar muitas vezes, indicou Joaquim Coelho Ramos à Tribuna de Macau. O director cessante do IPOR disse ainda esperar que as limitações à mobilidade “sejam rapidamente ultrapassadas” para que Macau “se possa afirmar novamente como um pólo de elevada importância na promoção da língua portuguesa na região da Ásia-Pacífico”
O
número de alunos no Instituto Português do Oriente (IPOR) sofreu uma quebra
devido, sobretudo, às desistências de alunos de Zhuhai, indicou Joaquim Coelho
Ramos ao Jornal Tribuna de Macau, sublinhando que as medidas contra a covid-19
continuam a afectar os trabalhos da instituição que dirige.
“Actualmente
temos a estudar no IPOR cerca de 3500 alunos. Trata-se de uma descida de cerca
de 15% a 18%, essencialmente associada a interessados da região de Zhuhai que
se retraíram um pouco: apesar de pretenderem continuar a estudar Português,
muitos cancelaram as matrículas porque as limitações à mobilidade na fronteira
obrigavam a faltar a muitas aulas, tornando ineficiente a aprendizagem”,
afirmou o director cessante, explicando que são feitos regularmente estudos de
motivação para perceber o que leva os alunos a querer estudar ou a suspender as
aulas.
Segundo
disse, os cursos com maior procura estão relacionados com a aprendizagem de
Português para fins específicos – Português jurídico, Português para hotelaria
e turismo, para economia, para o sector bancário, entre outros –, contando com
cerca de 2200 estudantes. O Curso Geral continua também a ter “uma procura
assinalável”, actualmente com cerca de 1500 alunos.
Contabilizado
por horas lectivas, o ensino a distância conta com cerca de 800 horas lectivas
estruturadas, o que configura também uma ligeira descida em relação a 2021.
Joaquim Coelho Ramos sublinhou que havia a expectativa de muitos poderem
retomar as aulas presenciais no segundo semestre de 2022, contudo, isso não foi
possível devido ao surgimento dos novos casos de covid em Macau.
A
pandemia não só afecta o número de aprendentes de Português no IPOR como também
os projectos pensados pela instituição para outras jurisdições na região.
“Estamos a trabalhar no reforço da oferta na Austrália e, em colaboração com o
Instituto Camões, estamos também a planear o reforço do apoio ao ensino da
língua portuguesa no Vietname, na Malásia ou na Indonésia. Esperamos que as
actuais limitações à mobilidade devidas ao combate à covid-19 – que têm
atrasado muito estes processos – sejam rapidamente ultrapassadas para que a
RAEM se possa afirmar novamente como um pólo de elevada importância na promoção
da língua portuguesa na região da Ásia-Pacífico”, afirmou.
Joaquim
Coelho Ramos disse considerar que Macau “merece” essa “distinção” e que “tem
todas as condições para deixar a sua marca também na internacionalização dos
processos pedagógicos e didácticos nesta área”. “Falta apenas darmos mais um
passo face a uma tendencial normalização da vida, aproveitando os benefícios
concretos das vacinas e a redução da patogenicidade das novas estirpes que já
são conhecidas, para benefício da sociedade e da difusão da imagem de Macau
como região dinâmica e com enorme potencial de diversificação da sua actividade
económica”, defendeu.
Questionado
sobre de que forma poderá Macau recuperar o tempo perdido neste âmbito, Joaquim
Coelho Ramos disse que o mais importante seria definir-se “uma linha de
intervenção sólida, com objectivos bem estruturados e estáveis”, para que o
território possa sair da “estagnação” em que a covid o pôs. “Só a partir daí é
que as entidades podem começar a desenhar planos de recuperação e
desenvolvimento. Nesta fase, não há condições para fazer uma planificação a
médio prazo”, frisou.
Outro
aspecto mencionado pelo dirigente do IPOR foi o facto de os CTT não aceitarem
correspondência nem envio de encomendas para muitos países da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa, por exemplo, “o que prejudica muito os processos
comunicacionais e as relações activas entre os diversos pontos de contacto de
língua portuguesa por todo o globo”.
À procura de professores
No
que diz respeito aos recursos humanos, o IPOR conta actualmente com 17 docentes
efectivos e cerca de uma dezena de colaboradores externos. Recentemente foi
aberto um concurso, já que a instituição precisa de dois professores de Língua
Portuguesa.
As
candidaturas para professor de português como língua estrangeira terminam
amanhã. Segundo o aviso, o contrato tem duração de um ano, com início em
Janeiro de 2023, sendo “eventualmente renovável”. A carga horária são 36 horas
semanais, das quais até um máximo de 24 horas lectivas. Os candidatos
seleccionados para a fase de entrevista serão contactados até 8 de Dezembro e
deverão estar disponíveis para entrevista entre os dias 9 e 12. A seriação
final dos candidatos será publicada na página de Internet e na página de
Facebook do IPOR, “previsivelmente na última semana de Dezembro de 2022”.
O
IPOR abriu também um concurso para técnicos e administrativos. “É um esforço
muito grande que o IPOR faz na contratação de recursos essencialmente locais,
compromisso que assumimos logo em 2020 com as autoridades da RAEM para
ajudarmos no combate ao desemprego, dando oportunidades a jovens altamente
qualificados na nossa área de trabalho, em serviços pedagógicos, culturais e
administrativos”, observou.
Recorde-se
de que a saída de Joaquim Coelho Ramos do IPOR foi adiada para o final deste
ano, devido à dificuldade em fazer a transição para a nova Direcção por
diversos motivos, designadamente a dificuldade de mobilidade internacional.
Questionado sobre se é possível que o seu mandato seja estendido mais uma vez,
o director cessante disse não ter indicação, até ao momento, de que isso vá
acontecer.
Inscrições para Curso Geral entre amanhã e 30 de Dezembro
Abrem
amanhã e prolongam-se até 30 de Dezembro as inscrições para o Curso Geral de
Português. De acordo com as informações disponíveis na página do Instituto
Português do Oriente (IPOR), as inscrições nos testes de colocação devem ser
feitas entre amanhã e dia 12. O curso decorrerá entre 9 de Janeiro e 7 de
Dezembro de 2023. Os interessados em inscrever-se nos níveis A2 e B2 do Curso
Geral terão de pagar, adicionalmente, 150 patacas pelos materiais do curso. Catarina
Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
Sem comentários:
Enviar um comentário