Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Macau - Desistências em Zhuhai motivam quebra de alunos no Instituto Português do Oriente

O IPOR viu o número de alunos decrescer entre 15% e 18%, principalmente devido ao cancelamento de matrículas por parte de alunos de Zhuhai. Apesar de pretenderem continuar a estudar Português, as restrições nas fronteiras tornavam a aprendizagem “ineficiente”, já que eram obrigados a faltar muitas vezes, indicou Joaquim Coelho Ramos à Tribuna de Macau. O director cessante do IPOR disse ainda esperar que as limitações à mobilidade “sejam rapidamente ultrapassadas” para que Macau “se possa afirmar novamente como um pólo de elevada importância na promoção da língua portuguesa na região da Ásia-Pacífico”

O número de alunos no Instituto Português do Oriente (IPOR) sofreu uma quebra devido, sobretudo, às desistências de alunos de Zhuhai, indicou Joaquim Coelho Ramos ao Jornal Tribuna de Macau, sublinhando que as medidas contra a covid-19 continuam a afectar os trabalhos da instituição que dirige.

“Actualmente temos a estudar no IPOR cerca de 3500 alunos. Trata-se de uma descida de cerca de 15% a 18%, essencialmente associada a interessados da região de Zhuhai que se retraíram um pouco: apesar de pretenderem continuar a estudar Português, muitos cancelaram as matrículas porque as limitações à mobilidade na fronteira obrigavam a faltar a muitas aulas, tornando ineficiente a aprendizagem”, afirmou o director cessante, explicando que são feitos regularmente estudos de motivação para perceber o que leva os alunos a querer estudar ou a suspender as aulas.

Segundo disse, os cursos com maior procura estão relacionados com a aprendizagem de Português para fins específicos – Português jurídico, Português para hotelaria e turismo, para economia, para o sector bancário, entre outros –, contando com cerca de 2200 estudantes. O Curso Geral continua também a ter “uma procura assinalável”, actualmente com cerca de 1500 alunos.

Contabilizado por horas lectivas, o ensino a distância conta com cerca de 800 horas lectivas estruturadas, o que configura também uma ligeira descida em relação a 2021. Joaquim Coelho Ramos sublinhou que havia a expectativa de muitos poderem retomar as aulas presenciais no segundo semestre de 2022, contudo, isso não foi possível devido ao surgimento dos novos casos de covid em Macau.

A pandemia não só afecta o número de aprendentes de Português no IPOR como também os projectos pensados pela instituição para outras jurisdições na região. “Estamos a trabalhar no reforço da oferta na Austrália e, em colaboração com o Instituto Camões, estamos também a planear o reforço do apoio ao ensino da língua portuguesa no Vietname, na Malásia ou na Indonésia. Esperamos que as actuais limitações à mobilidade devidas ao combate à covid-19 – que têm atrasado muito estes processos – sejam rapidamente ultrapassadas para que a RAEM se possa afirmar novamente como um pólo de elevada importância na promoção da língua portuguesa na região da Ásia-Pacífico”, afirmou.

Joaquim Coelho Ramos disse considerar que Macau “merece” essa “distinção” e que “tem todas as condições para deixar a sua marca também na internacionalização dos processos pedagógicos e didácticos nesta área”. “Falta apenas darmos mais um passo face a uma tendencial normalização da vida, aproveitando os benefícios concretos das vacinas e a redução da patogenicidade das novas estirpes que já são conhecidas, para benefício da sociedade e da difusão da imagem de Macau como região dinâmica e com enorme potencial de diversificação da sua actividade económica”, defendeu.

Questionado sobre de que forma poderá Macau recuperar o tempo perdido neste âmbito, Joaquim Coelho Ramos disse que o mais importante seria definir-se “uma linha de intervenção sólida, com objectivos bem estruturados e estáveis”, para que o território possa sair da “estagnação” em que a covid o pôs. “Só a partir daí é que as entidades podem começar a desenhar planos de recuperação e desenvolvimento. Nesta fase, não há condições para fazer uma planificação a médio prazo”, frisou.

Outro aspecto mencionado pelo dirigente do IPOR foi o facto de os CTT não aceitarem correspondência nem envio de encomendas para muitos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, por exemplo, “o que prejudica muito os processos comunicacionais e as relações activas entre os diversos pontos de contacto de língua portuguesa por todo o globo”.

À procura de professores

No que diz respeito aos recursos humanos, o IPOR conta actualmente com 17 docentes efectivos e cerca de uma dezena de colaboradores externos. Recentemente foi aberto um concurso, já que a instituição precisa de dois professores de Língua Portuguesa.

As candidaturas para professor de português como língua estrangeira terminam amanhã. Segundo o aviso, o contrato tem duração de um ano, com início em Janeiro de 2023, sendo “eventualmente renovável”. A carga horária são 36 horas semanais, das quais até um máximo de 24 horas lectivas. Os candidatos seleccionados para a fase de entrevista serão contactados até 8 de Dezembro e deverão estar disponíveis para entrevista entre os dias 9 e 12. A seriação final dos candidatos será publicada na página de Internet e na página de Facebook do IPOR, “previsivelmente na última semana de Dezembro de 2022”.

O IPOR abriu também um concurso para técnicos e administrativos. “É um esforço muito grande que o IPOR faz na contratação de recursos essencialmente locais, compromisso que assumimos logo em 2020 com as autoridades da RAEM para ajudarmos no combate ao desemprego, dando oportunidades a jovens altamente qualificados na nossa área de trabalho, em serviços pedagógicos, culturais e administrativos”, observou.

Recorde-se de que a saída de Joaquim Coelho Ramos do IPOR foi adiada para o final deste ano, devido à dificuldade em fazer a transição para a nova Direcção por diversos motivos, designadamente a dificuldade de mobilidade internacional. Questionado sobre se é possível que o seu mandato seja estendido mais uma vez, o director cessante disse não ter indicação, até ao momento, de que isso vá acontecer.

Inscrições para Curso Geral entre amanhã e 30 de Dezembro

Abrem amanhã e prolongam-se até 30 de Dezembro as inscrições para o Curso Geral de Português. De acordo com as informações disponíveis na página do Instituto Português do Oriente (IPOR), as inscrições nos testes de colocação devem ser feitas entre amanhã e dia 12. O curso decorrerá entre 9 de Janeiro e 7 de Dezembro de 2023. Os interessados em inscrever-se nos níveis A2 e B2 do Curso Geral terão de pagar, adicionalmente, 150 patacas pelos materiais do curso. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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