Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 4 de dezembro de 2022

Portugal – Enquanto o líder da Confederação dos Agricultores de Portugal afirma que os preços dos produtos agrícolas vão continuar a subir, a FAO anuncia quebra nos preços a nível internacional

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou o Índice de Preços de Alimentos mantendo a tendência de baixa após recorde em março. A produção global de cereais deve ser menor em 2022


O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, caiu 0,3% em novembro.

O indicador ficou em 135,7 pontos, seguindo em queda após bater o seu nível mais alto em março, com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Cereais e óleo vegetal

O preço dos cereais caiu 1,3% em relação ao mês anterior, mas ainda está 6,3% mais alto em comparação ao ano passado.

Trigo e milho ficaram mais baratos 2,8% e 1,7%, respectivamente, influenciados pela extensão da Iniciativa de Grãos do Mar Negro. Já os preços internacionais do arroz subiram 2,3%.

Os valores do óleo vegetal subiram 2,3% em novembro, encerrando sete meses consecutivos de queda. Os preços internacionais dos óleos de palma e soja subiram, enquanto os de colza e girassol caíram.

Lácteos e carne

Quem consumiu produtos lácteos viu uma queda de 1,2% desde outubro, com as cotações mundiais de manteiga, desnatado e leite em pó integral caindo, em meio a uma redução na procura de importação. Já a procura por queijo aumentou, em parte devido a disponibilidades de exportação menos dinâmicas dos principais países produtores do Oeste da Europa.

Segundo a FAO, a carne ficou 0,9% mais barata em novembro, com a queda dos preços internacionais da carne bovina. A queda foi puxada pelo aumento da oferta de exportação da Austrália e pela já alta oferta do Brasil, apesar da forte procura de importação da China.

Por outro lado, os preços mundiais de todos os outros tipos de carne recuperaram, liderados por cotações mais altas da carne ovina.

Açúcar

De acordo com o índice da FAO, o açúcar subiu 5,2% em novembro, influenciado pela forte compra em meio à oferta global reduzida com os atrasos na colheita nos principais países produtores e o anúncio da Índia de uma cota de exportação de açúcar mais baixa.

Os preços mais altos do etanol no Brasil também exerceram pressão de alta sobre os preços mundiais do açúcar.

Previsão de produção mundial de cereais para 2022 é reduzida

A FAO divulgou nesta sexta-feira o Relatório de Oferta e Procura de Cereais. A agência reduziu ainda mais a sua previsão para a produção mundial de cereais em 2022, que agora é de cerca de 2,7 milhões de toneladas, uma queda de 2,0% em relação a 2021.

A redução reflete as perspectivas de baixa produção de milho na Ucrânia, onde o impacto da guerra tornou as operações pós-colheita excessivamente caras.

A FAO também reduziu sua previsão de produção global de trigo para o ano, mas, apesar desse corte, o novo número de 781,2 milhões de toneladas permaneceria um recorde. Espera-se que a produção global de arroz caia 2,4% abaixo da alta histórica do ano anterior.

A entidade ainda destaca que o plantio da safra de trigo de inverno de 2023 está em andamento em meio a preocupações com a disponibilidade dos principais produtos agrícolas e condições climáticas nos Estados Unidos e na Rússia.

No Hemisfério Sul, as lavouras de grãos grossos estão sendo semeadas, e as previsões oficiais no Brasil apontam para uma área recorde de plantio de milho. ONU News – Nações Unidas

Em Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa alerta que os preços dos produtos agrícolas junto do consumidor vão continuar a aumentar “ainda durante algum tempo, mesmo que a inflação pare”, e só por “milagre” poderiam voltar aos valores de há um ano. “É natural que continuem a subir durante algum tempo para amortizaram a diferença de velocidades entre o aumento do custo de produção e o valor da venda desse mesmo produto”, refere o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena1, o porta-voz dos empresários agrícolas diz que muitas explorações ligadas à pecuária já fecharam e que vêm aí “outro tipo de falências, associadas à conta da luz”, quando fizeram as contas no final do ano e os acertos finais ao consumo. Eduardo Oliveira e Sousa antecipa que “há explorações que no ano que vem não terão condições para iniciar a campanha, fruto do preço da energia”. E já pediu ao ministro do Ambiente para que os agricultores tenham acesso ao mercado regulado da eletricidade, como os consumidores domésticos, notando que o preço atual é “incompatível com a maior parte das culturas de regadio”.

Lembrando que, apesar da chuva que caiu nas últimas semanas, no sul do território a situação de escassez está longe de estar superada, o líder da CAP critica a ministra da Agricultura pelo facto de, ao contrário dos espanhóis, os agricultores portugueses ainda não terem recebido “um euro” sequer dos apoios relacionados com a seca. Aponta falta de “habilidade política e técnica” a Maria do Céu Antunes para resolver este problema — e igualmente de capacidade técnica no que toca à gestão do Plano Estratégico de Política Comum (PEPAC). In “ECO” - Portugal


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