Com uma legislação pouco eficaz no controlo do tráfico dos dentes de marfim dos hipopótamos, por estar mais focada nos dentes de elefante, as populações deste gigantes dos rios africanos estão a ser exterminados a um ritmo alarmante, alerta a ONG Fundação Born Free
Esta
organização internacional de defesa da vida selvagem lançou recentemente uma
campanha - ao mesmo tempo que um relatório denominado "Dente por Dente?” -
global de defesa dos hipopótamos africanos face aos dados alarmantes sobre os
números de indivíduos nas populações selvagens em rápido declínio, estando o
fenómeno a espalhar-se de forma acelerada, incluindo em Angola, Zâmbia,
Botsuana, Moçambique...
A razão,
além das já conhecidas, como a caça por causa da sua carne para alimentação humana
e a perda alarmante de habitats, seja por causa da acção humana directa, seja
por causa das severas e prolongadas secas que deixam os rios africanos com
caudais insustentáveis, é a procura dos dentes destes animais como substituto
do marfim dos elefantes.
Com
as populações de elefantes cada vez mais reduzidas, claramente em vias de
extinção, sendo Angola um bom exemplo, que passou de mais de 70 mil animais na
década de 1970 para menos de três mil nos dias de hoje, com a legislação e o
combate ao seu abate ilegal, os mercados que ainda anseiam por marfim, quase em
exclusivo o asiático, acontecendo o mesmo para as escamas de pangolim, os
chifres de rinoceronte, etc, encontraram nos dentes de hipopótamo a resposta.
Nestes
mercados, os dentes de hipo são igualmente classificados como marfim e são,
ainda, mais abundantes, e até agora, mais baratos e, como escreve o sítio
Africanews, mais fáceis de obter, sendo que respondem de igual modo no uso de
produção de peças decorativas.
Os
hipopótamos estão há vários anos na lista vermelha das espécies ameaçadas de
extinção e são uma das mais ameaçadas pelas alterações climáticas, especialmente
devido às suas necessidades de longas permanências debaixo de água por causa do
seu peso e por causa da sua pela sem defesas contra as longas exposições
solares.
Com
a redução dos caudais de muitos dos rios africanos, a redução da chuva e a
diminuição dos espaços de pasto de que precisam em abundância, esta espécie
vê-se agora sob ataque dos traficantes de marfim, como destaca o relatório da
Fundação Born Free.
Neste
documento pode-se ler que é na Tanzânia, Zimbabué, Uganda e Zâmbia que este
problema surge com mais vigor, sendo a origem da maior parte dos quase 14 mil
hipopótamos que foram abatidos para obtenção dos seus dentes para
comercializar.
A África
Central e Ocidental presenceia igualmente um forte declínio nas suas populações
de hipopótamos, mas as razões são mais relacionadas com a caça para alimentação
humana e perda de habitats. In “Novo Jornal” - Angola
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