O conceito, com acesso exclusivo a partir de uma assinatura, promete “edições de alta qualidade, exclusivas e limitadas, acompanhadas com conteúdo editorial e prensadas em Portugal”. Ao Ponto Final, Léo Motta garantiu que o Lusofonia Record Club quer editar Macau a breve trecho. No imediato, o foco está na África lusófona e no segundo volume do artista português já falecido José Pinhal
Um
grupo de amigos decidiu dedicar-se ao vinil lusófono. Mas não a um vinil
qualquer. Léo Motta, Tomás Pinheiro e Jorge Falcão juntaram-se e assim nasceu o
Lusofonia Record Club. “Somos o primeiro clube de vinil por assinatura voltado
à música lusófona. Produzimos edições de alta qualidade, exclusivas e
limitadas, acompanhadas com conteúdo editorial e prensadas em Portugal”,
referiu Léo Motta ao Ponto Final.
E
Macau está no caminho dos três amigos, garante Léo Motta. “Conhecemos pouco de
Macau, mas o que conhecemos tem muita qualidade. Conseguimos e queremos muito
editar um disco de um autor ou banda de Macau. Fizemos uma pesquisa e
encontrámos coisas deliciosas e muito interessantes sobre Macau”, assumiu o
empresário.
No
entanto, o processo pode não ser tão célere quanto se possa desejar. “Primeiro
é preciso chegar aos artistas ou a quem os representa. Depois, temos que
garantir que a ‘master’ da gravação exista, se é alcançável. Mas, garanto-lhe,
mais tarde ou mais cedo vai sair um vinil de Macau”, enfatizou Léo Motta ao Ponto
Final., que também os radares postos em Timor-Leste, por exemplo, e quiçá em
Goa ou na Galiza.
O
conceito, desenvolvido ao longo de 2021, viu o primeiro vinil ser publicado em
Fevereiro deste ano com a edição do Volume 1 do cantor de Matosinhos José
Pinhal, já falecido. E, segundo nos garantiu Léo Motta, no próximo ano sairá o
Volume II da obra do cantor nortenho. “Neste momento, se assim podemos dizer,
somos os editores da sua obra que é fantástica, quero aqui deixar claro. Temos
trabalhado muito de perto com a sua herdeira, que está muito satisfeita com o
resultado. Trata-se de um artista que não é pimba, nada disso, é um músico
popular, que canta música romântica e com instrumentalização muito boa, com influências
latinas”, referiu o responsável da Lusofonia Record Club, admitindo que Pinhal
terá alguma influência de José Cid no seu trabalho. “Ele canta Magia, da
autoria de José Cid, precisamente. Pinhal tinha, de facto, uma música
elaborada”.
A
cada novo lançamento, um disco da música lusófona em edição exclusiva mais um
conteúdo editorial impresso para reviver a história na ponta da agulha. Essa é
a garantia que o Lusofonia Record Club dá, refere Léo Motta, que revela, já,
algumas das ideias para o próximo ano. “Os planos passam pela edição do Volume
II do José Pinhal, como já tinha referido, mas também queremos entrar mais a
fundo na música africana. Queremos editar Cabo Verde, Angola, Moçambique, e por
aí fora. Não posso avançar mais nada, mas algumas surpresas serão esperadas,
certamente”.
Léo
Motta explicou ao Ponto Final que a ideia do projecto foi alavancada e apoiada
inicialmente a nível financeiro pelo StartUP Voucher, uma iniciativa da StartUP
Portugal – Estratégia Nacional para o Empreendedorismo que dinamiza o
desenvolvimento de projetos empresariais em fase de ideia promovidos por jovens
até aos 35 anos. “Pensamos a lusofonia não como um conceito limitante ou um
recorte controverso. Nascemos justamente nesse espaço de diálogo, para valorizar
a riqueza cultural e linguística destes universos ligados pela premissa
lusófona”, pode ler-se na página oficial do projecto na Internet.
Seis discos e uma reedição no primeiro ano
No
primeiro ano de existência do Lusofonia Record Club, foram editados seis
discos, sendo que o Volume I do José Pinhal teve direito a uma segunda edição,
“tanta foi a procura da primeira”, revelou Léo Motta. Ambas as edições,
distintas apenas pela cor do vinil – uma é preta e outra é branca e cinzenta,
estão esgotadas.
Foram
ainda editadas obras discográficas diversas como o “Palavras Cruzadas” da dupla
portuguesa David & Miguel, o “Voz Populi/Vox Machina” dos brasileiros
Nomade Orquestra, o “Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água” da cantora e compositora
Luedji Luna, o “Re:Imaginar” que junta a banda do clube Monte Cara aos
cabo-verdianos Leonel Almeida, Dany Silva, Tito Paris, Dino D’Santiago e ao
português Rui Veloso, e ainda a edição mais recente de “Moacir de Todos os
Santos” da autoria de Letieres Leite com a Orkestra Rumpilezz.
O
projecto, que actua como editora focada no e-commerce, funciona através de
subscrição bimestral em que o consumidor paga 25 euros (cerca de 213 patacas)
de dois em dois meses. É possível ainda a compra avulsa de cada obra
discográfica.
O
clube baseia-se na confiança da curadoria e na aposta da diversidade nas
edições. A missão é entregar discos que o assinante vai amar, seja de alguém de
quem já se ouviu falar ou duma banda totalmente obscura. É a oportunidade
perfeita para diversificar a colecção de discos e abrir a mente a novas
músicas. “Preservar e promover a herança cultural dos países lusófonos através
das gerações é mais que uma missão: é o nosso ADN. Num contexto cada vez mais
social e diverso, valorizamos a verdadeira globalização, que floresce nas
diferenças e brilha no valor da nuance. E se não há uma língua única, há
entendimento e pertencimento de sobra”, pode ainda ler-se na página do
Lusofonia Record Club em https://lusofoniarecordclub.com.
Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final”
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