É o único hospital psiquiátrico em todo o Líbano. As Irmãs Franciscanas lutam desesperadamente para que nada falta a cada um dos mais de mil pacientes. Todos eles têm em comum o facto de possuírem algum tipo de deficiência mental e física e de terem sido rejeitados pelas suas famílias. Sem mais ninguém, resta-lhes o amor das irmãs. Mas elas estão aflitas. Mal conseguem manter as portas do hospital abertas, comprar os medicamentos, a comida, tudo… E pedem-nos ajuda
É
um hospital psiquiátrico semelhante a todos os outros. Com a diferença, enorme,
de que os doentes foram rejeitados pelas suas famílias. Todos. São homens e
mulheres, novos e velhos, crianças e jovens. Cada um deles traz consigo uma
história trágica de abandono, cada um deles é um retrato também da situação
catastrófica a que chegou o Líbano.
O
país atravessa talvez a maior crise económica de toda a sua história. A
inflação altíssima empurrou praticamente toda a sociedade para a pobreza e isso
está a afectar já, e de forma dramática, a sobrevivência de muitas comunidades
religiosas. Uma delas, a das Irmãs Franciscanas da Cruz, lançou um grito de
alarme: é cada vez mais difícil manter as portas abertas do hospital
psiquiátrico Deir El-Saleeb, assim como de todas as outras estruturas médicas
que possuem no país. O hospital, considerado como um dos maiores em todo o
Médio Oriente, tem mais de mil pacientes. A crise empurrou as irmãs para o
desespero. As contas não param de crescer e é cada vez mais difícil pagar aos
fornecedores.
Sem
dinheiro, o que podem fazer as irmãs? Deixar de pagar a electricidade? Ou não
pagar os medicamentos? Ou deixar de comprar a comida ou os combustíveis, que
asseguram, por exemplo, o funcionamento da lavandaria? Todos os dias, passam
por lá mais de 4 toneladas de roupa suja. Quatro toneladas…. Que fazer? Quem
lida todos os dias com os doentes psiquiátricos afeiçoa-se a eles de forma
imperceptível. Aos poucos deixa de se ver a própria deficiência e só se repara
que se está perante uma pessoa que precisa de ser amada e respeitada. Rachel
Njeim, uma das responsáveis do Hospital, fala disto com um indisfarçável amor,
mas também com uma enorme mágoa à mistura. “Quando começamos a trabalhar,
sabemos que já não os podemos largar. No hospital, temos dois tipos de
pacientes: os psiquiátricos e os que têm atraso mental. Ambas são doenças
graves e nenhuma se pode curar a 100%. As famílias não aceitam os filhos e
algumas famílias dizem-nos: ‘se ele morrer, diga-me’.”
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