O
Museu da Língua Portuguesa projetado há mais de uma década para Bragança, e
único em Portugal, está bloqueado por um litígio judicial desencadeado por uma
das empresas concorrentes à execução da obra.
O
ponto da situação foi feito hoje pelo presidente da câmara, Hernâni Dias,
quando questionado, na Assembleia Municipal, sobre o impasse naquele que é o
maior investimento da atualidade previsto para Bragança, mas que tem esbarrado
em vários obstáculos.
O
autarca reconheceu que o município tem tido “vários problemas com este
processo”, o último dos quais resultado do novo concurso que foi necessário
lançar para adjudicar novamente a obra, depois de a empresa a quem tinha sido
adjudicada, há cerca de dois anos, “não ter conseguido concretizá-la”.
O
município lançou novo concurso, mas todas as concorrentes apresentaram valores
mais altos do que os previsto, o que obrigou a um terceiro concurso, em junho
deste ano, ao qual concorreram “19 empresas”, como esclareceu hoje o autarca,
revelando que “a que ficou em segundo contestou, a 07 novembro de 2022”, o
resultado.
O
presidente da câmara disse que o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de
Mirandela “deu razão ao município, há uma semana e meia”, o que permite a
adjudicação à empresa que ficou em primeiro lugar.
Porém,
como acrescentou, a empresa que desencadeou o processo acabou por interpor
recurso da decisão judicial “fora de tempo”, mediante o pagamento da respectiva
multa prevista na lei.
O
município está a trabalhar com os serviços jurídicos para ver o que é possível
fazer e se é possível ganhar tempo neste processo, na certeza expressa pelo
autarca de que “tudo isto acarreta prejuízo para o município”.
“Poderemos
não ter capacidade de executar os fundos destinados a 2022”, afirmou, indicando
que a autarquia está a trabalhar com a Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) “no sentido de o novo quadro
comunitário 2030 poder continuar a financiar [a obra], até ao máximo de 85%”.
“Se
assim for, estaríamos minimamente confortáveis, sob o ponto de vista
financeiro, não arcando com responsabilidades financeiras acrescidas com este
processo”, afirmou.
A
construção do Museu da Língua Portuguesa de Bragança foi posta, pela terceira
vez a concurso, em julho, com um custo de quase o dobro do inicialmente
previsto, passando de nove para 16,4 milhões de euros.
O
Museu da Língua Portuguesa de Bragança é um equipamento único em Portugal,
sendo este o segundo museu dedicado à Língua Portuguesa, depois do existente no
Brasil.
A
ideia da criação deste espaço surgiu em 2009, nos colóquios da Lusofonia
organizados em Bragança e até ao momento foram executados cerca de 1,7 milhões
de euros.
O
Museu da Língua Portuguesa de Bragança tem sido um projeto “complexo”, desde a
idealização até à aquisição do próprio espaço onde vai ficar instalado, nos
antigos silos da EPAC, em Bragança.
O
município levou quase dois anos a negociar a compra dos silos à Direção-Geral
do Património, concretizando-a com um valor de 613 mil euros.
Seguiram-se
estudos e projetos e pelo meio o polêmico concurso de ideias, em 2017,
contestado por uma das empresas concorrentes, que levou o caso ao Tribunal
Administrativo e Fiscal de Mirandela, que deu razão ao município.
O
projeto contempla a recuperação dos antigos silos de Bragança, um novo corpo
acoplado e conteúdo expositivo.
O
Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu o patrocínio da
Presidência ao projeto, numa visita a Bragança, em 2016. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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