A Suíça lidera pela primeira vez a classificação de 191 países no Índice de Desenvolvimento Humano. A Crise da pandemia, impactos na economia e baixa expectativa de vida afetaram as nações lusófonas; Portugal está na posição mais alta do grupo de nove economias, enquanto Moçambique está mais abaixo
As
Nações Unidas publicaram esta quinta-feira o Relatório de Desenvolvimento Humano
2021/2022.
A
publicação com o título “Tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro
num mundo em transformação”, observa uma reversão de cinco anos no progresso em
todo o mundo.
Estado do progresso
Em
conversa com a ONU News, o diretor do Escritório de Desenvolvimento Humano,
Pedro Conceição, explicou as razões para o declínio global no desenvolvimento
que marca uma estagnação inédita em 32 anos.
“O
Índice de Desenvolvimento Humano, desde que nós começamos em 1990 e até 2019,
tem vindo sempre a aumentar. Em 2020 e em 2021, pela primeira vez, decaiu a
nível global. Todos os anos há alguns países em que o desenvolvimento humano
cai normalmente - um em cada 10. Nos últimos dois anos, no período 2020 – 2021,
nove em cada 10 países viram uma queda do Índice de Desenvolvimento Humano. Por
isso, isto é uma manifestação com números quantitativos, deste retrocesso e
deste passo atrás no desenvolvimento, que se reflete também um passo atrás que
temos estado no progresso para os outros Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável.”
A
análise considera variáveis como saúde, educação e rendimento médio de uma
nação. Pela primeira vez, a Suíça lidera o ranking de desenvolvimento humano
graças ao aumento da expectativa de vida e à recuperação do seu rendimento per
capita, após o fim de todas as restrições da Covid-19.
No
top 10, estão Noruega, Islândia, Região Administrativa Especial de Hong Kong na
China, Austrália, Dinamarca, Suécia, Irlanda, Alemanha e Países Baixos.
Entre
os países de língua portuguesa, Portugal está na posição 38. Segue-se o Brasil
em 87º, Cabo Verde na posição 128, São Tomé e Príncipe no lugar 138, Timor-Leste
140º e Guiné Equatorial colocada em 145º da lista. No lugar 148 do índice está
Angola, seguida pela Guiné-Bissau, na posição 177, e Moçambique que é o 185º
colocado na classificação.
O
autor da pesquisa disse que nas nações lusófonas as razões para a queda do
desenvolvimento humano divergem, mas a tendência é global.
“Por
exemplo, no Brasil, em Cabo Verde e em Moçambique, o fator principal na queda
do Índice de Desenvolvimento Humano foi o decréscimo na esperança média de vida
à nascença, que decresceu quase dois anos nestes países. Em países como Angola,
por exemplo, ou Portugal, o crescimento do índice de desenvolvimento humano
deveu-se mais a contração económica. Houve também um decréscimo na esperança
média de vida, mas de menos de um ano. Comparado com a generalidade do que
aconteceu em todos os países, foi uma queda não muito elevada. Por isso, eu
diria que houve uma queda, como na generalidade dos países, não tão elevada.”
O relatório recomenda aos países que implementem políticas com foco no investimento em três áreas essenciais: energia renovável, preparação para pandemias e segurança, incluindo a proteção social. O objetivo é organizar as sociedades para os altos e baixos de um mundo com incertezas.
Cálculos
O
documento ressalta que a inovação em vertentes tecnológicas, económica,
cultural também pode desenvolver capacidades para responder a quaisquer
desafios que venham a surgir.
As
conclusões sobre dimensões-chave do desenvolvimento humano como uma vida longa
e saudável, acesso à educação e um padrão de vida digno incluem cálculos sobre
esperança de vida ao nascer, média de anos de escolaridade, expectativa de anos
de escolaridade e rendimento nacional bruto per capita.
Em
termos regionais, houve declínios acentuados na América do Sul, na África
Subsaariana e no Sul da Ásia.
Entre os maiores fatores para as quedas na classificação global destaca-se a série de restrições na pandemia. Outras razões foram eventos extremos como secas e inundações recordes em 2021, declarado como o ano mais quente já registado. ONU News – Nações Unidas
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