Santo António, Região Autónoma do Príncipe – Filipe Nascimento, filho de pais cabo-verdianos com raízes no concelho da Ribeira Grande, Santo Antão, candidato da UMPP nas eleições regionais de 25 de Setembro, diz estar convicto de que o seu partido alcançará a quinta maioria absoluta consecutiva.
Dezasseis
anos depois do primeiro acto eleitoral livre na região, os naturais da ilha do
Príncipe vão decidir se querem continuar a ser governados pela União para a
Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), no poder há 16 anos, ou pelo MLSTP/PSD,
que nunca venceu uma eleição no Príncipe, e que para esta corrida eleitoral se
apresenta em coligação com o Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe
(MVDP), de Nestor Umbelina, um dissidente da UMPP.
Filipe
Nascimento, 32 anos, advogado, formado em Portugal, actual presidente do
Governo Regional do Príncipe e líder da UMPP, a quem os críticos acusam de ter
recebido o executivo numa bandeja de prata servida pelo ex-presidente, Tozé
Cassandra, tem agora a oportunidade de testar a sua popularidade na urna.
Em
entrevista exclusiva à Inforpress, no Príncipe, no terceiro dia de campanha
para as eleições regionais de 25 Setembro, Filipe Nascimento apresentou os
argumentos com os quais pretende convencer os habitantes da Região Autónoma do
Príncipe a votar no seu projecto eleitoral.
Os
habitantes do Príncipe, sublinhou, sabem bem o trabalho que foi feito pelo
governo nestes últimos 16 anos, mas o jovem jurista apresenta-se a estas
eleições não pelo passado, mas pelo futuro, pelo que falta fazer e inovar, nas
mais diversas áreas, consolidando, cada vez mais, os indicadores positivos.
“Parto
para estas eleições com a expectativa de uma vez mais, ganhar com a maioria
absoluta, para concretizar os muitos projectos que estão em carteira. A
população tem percebido a nossa vontade, o nosso querer de continuar a
transformar o Príncipe e resolver os problemas estruturantes ligados à condição
de uma ilha duplamente insular”, lançou.
O
candidato salientou que, além deste trabalho, o executivo do Príncipe tudo fará
para tentar conseguir o engajamento do Governo Central de forma mais
“colaborativa e interventiva”, para em conjunto se conseguir resolver as
grandes questões.
Uma
das principais prioridades para a ilha do Príncipe, para os próximos quatro
anos, pelas quais Filipe Nascimento vai se bater, será a adopção de medidas
para baixar o custo de vida para os cerca de dez mil habitantes, na sua maioria
de ascendência cabo-verdiana e que vive nas antigas empresas agrícolas em
condições de precariedade.
“As
grandes prioridades para o próximo mandato passam, primeiro, por baixar o custo
de vida da população. Isso passa por um conjunto de medidas, nomeadamente a
melhoria do Porto do Príncipe, tornando-o atracável e a construção de um
reservatório de combustível, como serviço complementar”, especificou.
Filipe
Nascimento indica também como grande objectivo, no sector da saúde, concluir as
obras do bloco operatório do hospital local e a edificação, na capital São
Tomé, de uma residência para acolher os doentes transferidos do Príncipe para
tratamento médico.
O
reforço da rede de postos sanitários comunitários, a criação de um sistema
moderno de bolsa de medicamento, o reforço do quadro médico para atendimento
especializado, bem como promover consultas médicas por teleassistência são
outras propostas no sector para os próximos quatro anos.
Também
para o novo mandato, o candidato da UMPP à presidência do Governo Regional do
Príncipe pretende concretizar o projecto de energias renováveis no Príncipe,
nomeadamente a Barragem Hidroeléctrica do Papagaio, que já conta com parte de
financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a amarração de fibra
óptica à ilha, num financiamento do Banco Mundial.
Relativamente
à educação, Filipe Nascimento garantiu que o Governo não se conformará enquanto
não construir o Liceu Regional, cujo orçamento será suportado, segundo o
candidato, pelas câmaras municipais portuguesas de Amadora, Oeiras e Lisboa.
Ainda
no sector da educação, o executivo da UMPP promete não baixar os braços na
capacitação dos professores, educadores, supervisores e inspectores, bem como
no reforço do ensino técnico e profissional na região.
Filipe
Nascimento defende também “maiores investimentos nos sectores produtivos”, na
agricultura, pecuária e pescas, com a criação de um “plano de intervenção muito
intenso”, apostando no empreendedorismo para fomentar iniciativas que possam
gerar riqueza, rendimento e emprego.
“Vamos
reforçar a nossa intervenção na melhoria de condições para atrair mais e
melhores investidores para fomentar oportunidades do emprego e trabalhamos o
turismo de seguimento ecológico, para continuarmos a diversificar a economia
regional”, referiu.
Nas
pescas, disse o líder regional, a ideia passa pela criação de um centro de
conservação do pescado e criação de um estaleiro para fabrico e reparação de
embarcação de pesca e desenvolve condições para a pesca semi-industrial.
O
presidente do Governo Regional considerou que, apesar de os seus dois primeiros
anos de mandato terem sido “difíceis”, a ilha do Príncipe “tem grandes
possibilidades de crescer”, apostando na diversificação da economia e na
atração de mais investimentos, para fomentar o emprego.
Filipe
Nascimento, que lidera o Governo Regional desde 2020, é um jovem quadro natural
do Príncipe, de ascendência cabo-verdiana e formado em Direito em Portugal, que
durante vários anos trabalhou na Câmara Municipal de Oeiras.
Pelo
menos 50 candidatos de origem cabo-verdiana estão na corrida às eleições
legislativas, autárquicas e regionais santomenses de 25 de Setembro.
Mais
de 120 mil eleitores, incluindo a diáspora,
estão recenseados para votar nestas eleições, às quais concorrem dez
partidos e uma coligação: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe /
Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Ação Democrática Independente (ADI),
Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União
para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), CID-STP, Muda, Partido Novo,
Movimento Partido Verde, Partido de Todos os Santomenses (PTS) e a coligação
Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade
Nacional.
As
eleições legislativas elegem 55 deputados à Assembleia Nacional de São Tomé e
Príncipe. A ADI foi o partido mais votado nas eleições de 2018, elegendo 25
deputados, seguida pelo MLSTP/PSD, que conseguiu 23 assentos. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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