O encenador português Tiago Rodrigues, diretor do Festival de Avignon, garantiu esta semana que a língua portuguesa vai ser umas das línguas convidadas para o evento francês durante o seu mandato
Sobre
o trabalho à frente do festival, que mobiliza anualmente milhares de
espectadores e que atribui a Avignon uma dimensão de “centro nevrálgico do
teatro mundial”, Tiago Rodrigues disse que a língua portuguesa será uma das
convidadas durante o seu mandato, que vai começar com o inglês, como já revelou
antes à imprensa francesa.
“Tendo
um diretor português, não posso ser provinciano ao ponto de omitir a
possibilidade ao público mundial de contactar com a língua portuguesa. Não há
ainda neste ano [marcado], mas haverá língua portuguesa”, disse, numa
entrevista promovida pelo Clube de Jornalistas, em parceria com a agência Lusa
e a Escola Superior de Comunicação Social, no âmbito dos 50 anos das
comemorações do 25 de Abril e dos 40 anos do clube.
Na
entrevista, Tiago Rodrigues considerou que “o teatro é uma bolsa de resistência
e de pensamento”.
“O
questionamento do que somos enquanto nação e país raramente é apoiado pelas
políticas culturais; e esta noção de que os teatros escapam aos radares é uma
bolsa de resistência e pensamento. Hoje mais indispensável do que alguma vez
foi”, disse Tiago Rodrigues.
Tiago
Rodrigues, encenador e dramaturgo, e que assumiu em setembro a direção do
festival de teatro de Avignon, em França, explicou que o que lhe interessa no
teatro e na criação teatral é “uma dimensão de intervenção”.
“É
um teatro do questionamento, da pergunta e não da resposta, e a grande questão
é sempre trabalhar para aprender a formular a pergunta. Eu não julgo que o
teatro seja ação política. O teatro, quando muito, é uma antecâmara que leva à
rua. É na rua que acontece a ação política”, sublinhou.
Tiago
Rodrigues, que foi nomeado diretor daquele festival no verão de 2021, recordou
hoje que estava em viagem, dentro do carro, rumo a Avignon, no dia em que
começou a invasão militar da Rússia na Ucrânia, a 24 de fevereiro deste ano.
“Há
essa coincidência que na altura foi difícil de decifrar. Foi interessante que
senti que estava a mudar de vida de uma forma determinante num momento em que a
vida mudava para muita gente no mundo e na Ucrânia. O meu primeiro gesto,
chegando a França como ainda futuro diretor, foi pôr-me em contacto com
diretores franceses”, para acolher e apoiar artistas ucranianos, recordou Tiago
Rodrigues. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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