Projetos de investigação em Saúde estão entre os 33 selecionados no âmbito do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2022
Desenvolver
dispositivos elétricos para tratar doenças neurológicas e encontrar novas
estratégias para combater as infeções bacterianas são os principais objetivos
dos dois projetos liderados por investigadores do Instituto de Investigação e
Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), que acabam de ser
distinguidos no âmbito do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2022,
promovido pela Fundação “la Caixa”, em parceria com a Fundação para a Ciência e
a Tecnologia (FCT).
Estes
dois projetos do i3S estão entre os 33 projetos biomédicos e de saúde,
considerados de excelência – 13 dos quais liderados por instituições e
investigadores portugueses – que vão receber mais de 23 milhões de euros nos
próximos três anos.
Das
mais de 500 candidaturas ibéricas apresentadas foram selecionados cinco
projetos na área das doenças cardiovasculares e metabólicas, onze no campo das
doenças infeciosas, nove de neurociências e oito em oncologia.
Aos
investigadores portugueses foi atribuído um total de 8,8 milhões de euros.
Cerca de um milhão será aplicado no projeto liderado por Paulo Aguiar,
denominado «Estratégias de neuromodulação inovadoras para o tratamento de
doenças cerebrais (NeuroSpark)», que resulta de um consórcio com a Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e o Consejo Superior de
Investigaciones Científicas-CSIC, em Espanha. Já o projeto «Uma nova estratégia
para combater a resistência antimicrobiana», liderado por João Morais Cabral,
será financiado com 500 mil euros.
Uma nova estratégia para tratar doenças neurológicas
O
projeto do investigador Paulo Aguiar baseia-se no conhecimento de que as
funções cerebrais estão intimamente relacionadas com a atividade elétrica dos
neurónios e em estratégias recentes que passam pela estimulação elétrica dos
neurónios para tratar certas doenças neurológicas, como a Doença de Parkinson.
“Apesar
do enorme potencial da neuromodulação como estratégia terapêutica, há ainda
desafios importantes nos dispositivos atuais. A forma como conectamos
eletrónica com neurónios e os mecanismos de controlo, são dois destes
problemas”, sublinha o investigador.
Com
o NeuroSpark, adianta Paulo Aguiar, “vamos desenvolver e validar a primeira
estratégia de neuromodulação baseada em nanocomponentes eletrónicos capazes de
imitar as sinapses neuronais (eletrónica neuromórfica). O objetivo é que este
dispositivo proporcione um controlo adaptativo em tempo real da atividade
neuronal, ou seja, que atue apenas quando é necessário, quando existe uma
atividade anómala, e não de forma contínua”.
A
eficácia destes dispositivos será avaliada, inicialmente, em modelos de
epilepsia.
Combater a resistência antimicrobiana
O
projeto liderado por João Morais Cabral surge devido ao aumento da resistência
aos antibióticos utilizados para tratar as infeções bacterianas.
Este
problema é atualmente uma das principais ameaças à saúde mundial, pelo que o
investigador pretende centrar-se na procura e na caracterização de processos
biológicos fundamentais das bactérias com o intuito de encontrar novas
estratégias para combater as infeções, em particular, ”procurando maneiras de
aumentar a sensibilidade bacteriana aos antibióticos existentes”.
Concretamente,
explica João Morais Cabral, “vamos estudar certas proteínas bacterianas,
determinar as suas propriedades e confirmar se podem constituir alvos
antibacterianos viáveis para continuarem a ser investigados com o objetivo de
desenvolver futuras aplicações clínicas”.
Sobre o CaixaResearch de Investigação em Saúde
O
Concurso CaixaResearch apoia iniciativas de investigação de base, clínica e
translacional de excelência e com forte impacto no que se refere aos desafios
de saúde na área das doenças cardiovasculares, infeciosas e oncológicas, e das
neurociências, para além de projetos que deem lugar a tecnologias facilitadoras
nessas áreas.
A
edição deste ano – a quinta – distinguiu um número recorde de 13 projetos
portugueses provenientes de centros de investigação e universidades de várias
regiões: sete da Área Metropolitana de Lisboa, três da Região Norte (Porto e
Braga), dois da Região Centro (Coimbra) e um do Algarve.
No
total, foram apresentadas 546 candidaturas, sujeitas à avaliação de comissões
de especialistas internacionais constituídas para cada edição.
Desde
o início do Programa em 2018, a Fundação ”la Caixa” já destinou 94,8 milhões de
euros a 138 projetos de investigação inovadores e de grande impacto social, 95
liderados por equipas espanholas e 43 por grupos de investigação portugueses,
sendo o único Concurso de apoio à investigação em saúde que abrange Espanha e
Portugal.
Próxima edição já em 2023
A
Fundação ”la Caixa” já anunciou uma nova edição do Concurso CaixaResearch de
Investigação em Saúde, cujo resultado será divulgado em 2023, e convida os
investigadores interessados a apresentarem candidaturas.
O
apoio financeiro concedido às instituições selecionadas é de dois tipos: até
500 mil euros em três anos para projetos apresentados por uma única organização
de investigação e até um milhão de euros em três anos para projetos
apresentados por consórcios de duas a cinco organizações de investigação. Luísa
Melo – Portugal i3S
Sem comentários:
Enviar um comentário