Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Moçambique - Centros de Língua Portuguesa realizam Olimpíadas Camonianas na cidade de Maputo

No âmbito das celebrações do quinto Centenário do Nascimento de Camões, os Centros de Língua Portuguesa – Camões, instalados na Universidade Pedagógica de Maputo e na Universidade Eduardo Mondlane realizam, sábado, entre as 9h00 e as 10h30, as Olimpíadas Camonianas.


A actividade consiste na realização de uma prova online composta por questões que testam o conhecimento dos concorrentes sobre a vida e a obra de Luís de Camões.

Através da realização das Olimpíadas Camonianas, pretende-se incentivar o conhecimento sobre a vida de Luís de Camões, promover uma postura reflexiva sobre a obra e o legado literário do escritor e desenvolver o gosto pela literatura e pelos estudos literários.

A participação nas Olimpíadas Camonianas está aberta aos estudantes moçambicanos de todos os níveis de ensino, através de uma ligação de acesso à prova disponibilizada pela organização.

Os vencedores receberão prémios monetários e em material bibliográfico num valor total de 18.000,00 meticais, distribuídos pelos primeiros três classificados. In “O País” - Moçambique


Brasil - Sobre os maus resultados do PT nas municipais

O segundo turno da eleição para prefeito da cidade de São Paulo foi um importante teste para se avaliar as forças políticas que voltarão a se enfrentar dentro de dois anos. O resultado desse teste não é nada animador para o PT e por tabela para o presidente Lula.

Os petistas perderam em quase todas as principais cidades brasileiras e ganharam apenas em Fortaleza, revelando uma perda de fôlego na corrida aos postos executivos municipais. Essa situação provocou mesmo uma crise dentro da direção do partido com duras críticas à sua presidenta, Gleisi Hoffmann, acompanhadas de uma reflexão negativa quanto à possibilidade de Lula se reeleger.

Gleise se defendeu atacando Padilha, uma espécie de porta-voz do governo, mas dificilmente escapará de um remanejamento na estrutura do PT, para evitar o pior em 2026 com perda de governo e retorno dos bolsonaristas à direção do país. Onde tem errado a estratégia do PT? Ou é o governo de compromissos de Lula com o centrão o principal culpado?

Talvez ambos. Os velhos militantes do PT não perceberam as mudanças sociais, relações de trabalho e outras formas de exploração aplicadas pelos detentores do capital, mais uma série de inovações tecnológicas que vêm revolucionando o modo de vida das populações às quais o PT não se adaptou, nem em termos simples de dominar o conhecimento e o uso das redes sociais.

Face à linguagem populista da extrema-direita e à utilização das fake news, que já haviam elegido Bolsonaro em 2018, o PT não inovou e não encontrou nem um antídoto, preferindo repetir chavões sem ressonância. Faltam figuras criativas como a de Carlito Maia no passado, um misto de publicitário político, criador de slogans até hoje ainda utilizados, porém sem o mesmo efeito de quarenta anos atrás.

Na campanha eleitoral para a mais importante prefeitura brasileira, a de São Paulo, houve uma espécie de choque entre as ultra-modernas técnicas populistas dominadoras das redes sociais com o esquema clássico já ultrapassado de publicidade política, tipo discursos, entrevistas, depoimentos na televisão. Mal comparando, são as calmas missas tradicionais católicas frente aos cultos evangélicos barulhentos entremeados de cânticos, tanta é a participação direta dos fiéis aos brados e comandos dos pastores. Não basta ter um 247, no estilo clássico, é preciso uma equipe de jovens inovadores e dominadores das redes sociais.

As lições colhidas em São Paulo, onde a esquerda tinha o hábito de ganhar, são preocupantes para o PT, que se vê diante de uma mudança de comportamento do eleitorado. Teria sido a presença inusitada de um candidato de extrema-direita até então desconhecido, sem um programa definido mas com uma linguagem nova e provocadora?

Sem dúvida! A chegada de Pablo Marçal à campanha eleitoral com seu estilo neofascista de contato com o eleitorado utilizando mentiras, ofensas, agressões verbais para desmoralizar os adversários, conjugado com a maestria no uso das redes sociais, fazendo circular seus verbetes e slogans na proporção de 600 milhões de visualizações para apenas 80 milhões de seus adversários reunidos, como contou o especialista Renato Dolci, numa entrevista à CNN.

Uma visão rápida dos resultados do segundo turno em São Paulo revela algo um tanto inédito - o atual prefeito Ricardo Nunes foi reeleito com cerca de 31% dos votos do total dos eleitores paulistanos, porém, somando-se o número dos votos brancos, nulos com as abstenções, obtém-se 36%.

Ou seja, Nunes, embora reeleito, foi indiretamente rejeitado pela maioria do eleitorado. O grande número de abstenções teria sido também decorrente da decisão de Pablo Marçal, eliminado no primeiro turno, de não pedir aos seus eleitores para votarem em Nunes. Essa fragmentação da extrema-direita torna ainda mais dramática a derrota de Guilherme Boulos, colocado num distante terceiro lugar, depois dos brancos, nulos, abstenções e Ricardo Nunes, sem chegar aos 30% dos eleitores habituais do PT na capital paulista.

Enfim, outro fator, praticamente ignorado pela direção do PT em suas autocríticas é o peso dos votos dos evangélicos nas eleições. Assim como ocorre nos EUA, onde o voto fundamentalista e conservador dos evangélicos permanece estável, o voto evangélico no Brasil corresponde ao de um partido em expansão. E porquê?

Porque a maioria das igrejas e congregações evangélicas funcionam como se fossem, embora oficialmente não sejam, diretórios dos partidos bolsonaristas, alimentados doutrinariamente semanalmente. A fusão religião-política fundamentalista obtida nos EUA, e que poderá significar a vitória de Trump, é também uma nova realidade brasileira, que nenhum partido de esquerda, como o PT, poderá ignorar. Embora Lula durante seus governos passados tivesse favorecido os evangélicos, na esperança de receber um retorno, a situação atual é a de representarem uma forte e bem organizada oposição. E os recentes pronunciamentos de Lula contra Israel só reforçaram essa oposição religiosa, já que os evangélicos se identificam e apoiam a política de extrema-direita de Israel. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

 

Portugal - Romance “Revolução”, de Hugo Gonçalves, vence o Prémio Literário Fernando Namora

O romance “Revolução”, de Hugo Gonçalves, é o vencedor do Prémio Literário Fernando Namora, com o valor pecuniário de 15 mil euros, anunciou hoje a Estoril Sol, que promove o galardão


O júri, ao qual presidiu Guilherme d’Oliveira Martins, sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, em ata, realçou o “estilo direto, fluido e comunicativo” da obra.

“Com um estilo direto, fluído e comunicativo e com uma linguagem que se alia à expressão do tempo e dos seus atores sociais, ‘Revolução’ é um livro que se impõe literariamente, graças ao modo como liga 'pontas soltas' da história portuguesa recente, mantendo sempre, no entanto, o desenho narrativo de personagens contraditórias, heroicas ou trágicas, fortes ou fracas, e cujos perfis interpelam e comentam os leitores atuais do romance e as suas respetivas posições ideológicas”, afirma o júri, citado em comunicado pela Estoril Sol.

Para os jurados este “é um livro que se aproxima do testemunho, mas onde também coexiste um grande fascínio pela riqueza da própria natureza humana”.

Ao prémio candidataram-se “mais de 60 obras”, das quais foram selecionadas cinco finalistas: os romances “A Dança dos Loucos”, de Sérgio Luís de Carvalho, “As Cinco Mães de Serafim”, de Rodrigo Guedes de Carvalho, e “Leme”, de Madalena Sá Fernandes, além de “Revolução”, de Hugo Gonçalves.

Hugo Gonçalves, 48 anos, natural de Sintra, estreou-se como jornalista fazendo parte da equipa que iniciou a revista Focus, e fez ainda parte das redações do Expresso, Jornal de Notícias, Diário Económico e das revistas Visão e Sábado.

É autor de vários romances, tendo sido já finalista do Prémio Literário Fernando Namora, em 2019, com a obra “Filho da Mãe”. Guionista da série “Rabo de Peixe”, da plataforma Netflix, é autor das obras “Deus Pátria Família”, que foi semifinalista do Prémio Oceanos, e “O Coração dos Homens”.

Em 2000, recebeu o Prémio Revelação do Clube Português de Imprensa, com a reportagem "Esto es el fin del mundo", sobre as cheias na Venezuela, em dezembro de 1999.

“Revolução”, agora premiado, foi editado pela Companhia das Letras. A obra, centrada numa família que congrega diferentes perspetivas e opções da época, tem início nos últimos tempos do Estado Novo, atravessa o 25 de Abril e termina nos anos 1980, em democracia e com os adventos de uma liberdade recém-adquirida.

Pelo caminho, explora o período do PREC (Processo Revolucionário em Curso) e os movimentos tanto de extrema-esquerda, como as Brigadas Revolucionárias e as FP-25, quanto de extrema-direita, como o Exército de Libertação de Portugal (ELP).

Assente numa investigação exaustiva, "Revolução" recorda a falta de liberdade, a clandestinidade e a luta contra a ditadura, antes do 25 de Abril, e o processo posterior.

Em entrevista à agência Lusa, no passado mês de fevereiro, Hugo Gonçalves falou sobre o livro, sobre as conquistas que a queda da ditadura trouxe e as derivas extremistas que na atualidade ameaçam pôr em risco a liberdade alcançada. Para o escritor, esse é o “paradoxo da democracia”: na era da informação haver tanta desinformação.

Na opinião de Hugo Gonçalves, nunca será possível alcançar uma democracia que agrade a todos, que corresponda àquilo que cada um imagina, mas não é por isso que se deve deixar de trabalhar para ela, porque “demora muito tempo para conseguir o que conseguimos 50 anos depois do 25 de Abril, aquilo que conseguimos hoje, mesmo com todas as coisas que ficaram por fazer”.

A liberdade é hoje um bem dado como garantido, sobre a qual nem se pensa, como quando se bebe água ou se respira o ar, comparou o autor. Mas "a liberdade demora muito a ganhar", e "perde-se num ápice, e às vezes não temos noção disso".

"No meio da zanga e do medo, este tipo de escolhas muito emocionais pode depois ter um desfecho que é rebentarem-nos na cara", alertou Hugo Gonçalves, recordando uma frase que tinha lido recentemente.

"Gosto muito dela e espero que as pessoas se lembrem disto: ‘É mais fácil ser fascista numa sociedade livre, do que ser livre numa sociedade fascista”.

Além de Guilherme d’Oliveira Martins, o júri desta 27.ª edição do Prémio Literário Fernando Namora foi constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Ana Paula Laborinho, Liberto Cruz e José Carlos de Vasconcelos, convidados a título individual, e por Dinis de Abreu, pela Estoril Sol. In “MadreMedia” – Portugal com “Lusa”


Estados Unidos da América - Descoberta nova espécie de artrópode, preservada em pirite de ferro

Uma equipa de investigadores descobriu uma nova espécie de artrópode, parente das atuais aranhas ou escorpiões, que data de há 450 milhões de anos e foi perfeitamente preservado num material semelhante a ouro no Estado de Nova Iorque


Este tipo de conservação deve-se ao material em que foi encontrada, a pirite de ferro, também conhecida como 'ouro dos parvos', que estava a "preencher" ou a ocupar as diferentes partes do corpo do animal morto e preso num sedimento ao ponto de dar a sensação de que estava embalsamado em ouro.

O fóssil foi encontrado num local no Estado de Nova Iorque conhecido como 'Beecher Trilobite Bed', no qual existe uma grande representação de organismos fósseis em perfeitas condições porque a pirita de ferro manteve a forma dos seus corpos após serem enterrados no sedimento, dando origem a espetaculares fósseis dourados tridimensionais.

A descoberta foi descrita na terça-feira na revista Current Biology, onde a nova espécie é denominada 'Lomankus edgecombei', em homenagem a Greg Edgecombe, paleontólogo do Museu de História Natural de Londres considerado um dos maiores especialistas mundiais em artrópodes.

"Para além da bela e marcante cor dourada, estes fósseis estão espetacularmente preservados, parece que ao lavar a rocha em que estão ganhariam vida e fugiriam", sublinhou um dos autores, Luke Parry, investigador da Universidade Britânica de Oxford.

O novo fóssil pertence a um grupo de artrópodes denominados 'megacheirans', que se caracterizam por possuírem uma grande perna ou apêndice na parte frontal do corpo para capturar as suas presas.

Os investigadores sublinham que os 'megacheirans' como Lomankus eram muito diversos durante o Câmbrico (entre há 538 e 485 milhões de anos), mas foram extintos no período Ordovícico (entre há 485 e 443 milhões de anos).

O fóssil oferece pistas valiosas para compreender melhor como os artrópodes desenvolveram estes apêndices frontais para controlar o seu ambiente e capturar presas, até se tornarem naquilo que hoje conhecemos como antenas de insetos e crustáceos, e pinças e presas de aranhas e escorpiões.

"Hoje em dia, existem mais espécies de artrópodes do que qualquer outro grupo de animais na Terra, e parte da chave para este sucesso evolutivo é a sua cabeça e apêndices altamente adaptáveis", acrescentou Parry.

Enquanto outros megacheirans usavam o seu primeiro apêndice de grandes dimensões para capturar presas, nos Lomankus as garras típicas são muito mais pequenas.

Isto sugere que o animal utilizou o seu apêndice frontal para perceber o seu entorno, em vez de capturar presas, pelo que o seu estilo de vida teria sido muito diferente do dos seus parentes mais velhos do período Cambriano.

Na verdade, o fóssil parece não ter olhos, pelo que o apêndice frontal terá sido essencial para a procura de alimento no ambiente escuro e com baixo teor de oxigénio em que vivia. Agência Lusa



quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Guiné Equatorial - Jovens estão a começar a aprender português

Os jovens da Guiné Equatorial estão a começar a aprender português, disse à Lusa o músico Negro Bey, mais de uma década depois de Malabo ter aderido à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

“Aos poucos vamos avançando. Os jovens estão a estudar um pouco de português, embora não falem bem, mas tentamos melhorar”, disse o ‘rapper’ de 40 anos.

Em 3 de Outubro, o secretário executivo da CPLP disse à Lusa que a expansão da língua portuguesa na Guiné Equatorial, “um substrato essencial” da organização, é “uma preocupação”. “As autoridades da Guiné Equatorial estão a dar passos”, mas “precisam também de uma ajuda dos Estados-membros”, porque “não é fácil” pôr em prática um programa a nível nacional de ensino da língua do português, sublinhou Zacarias da Costa.

Nas universidades de Malabo e de Bata, onde Portugal e Brasil ajudam, “já estão muito avançados os treinos e formação de formadores” e, em 2023, a língua portuguesa também foi introduzida nos currículos do ensino básico e secundário, enumerou o dirigente. “O problema é que não temos professores e é preciso trabalhar num conjunto de coisas que vão desde a facilitação dos vistos para cidadãos da CPLP, (…) para os professores poderem circular livremente e exercer as suas profissões livremente”, considerou na altura Zacarias da Costa.

O secretário executivo da organização recordou “a agressividade da francofonia”, nomeadamente dos franceses, que foram “muito céleres no estabelecimento de escolas da Aliance Française nos vários pontos” da Guiné Equatorial.

Negro Bey disse que a participação da Guiné Equatorial na CPLP começa a ser conhecida no país, sobretudo “porque tem havido muitas reuniões e cimeiras”.

Na mais recente, em 30 de Julho, a Guiné Equatorial e a CPLP assinalaram 10 anos da adesão com a visita a Malabo do presidente em exercício da organização, o chefe de Estado de São Tomé e Príncipe, Carlos Vilanova, que foi recebido pelo homólogo Teodoro Obiang Nguema.

Na altura Plácido Mico Abogo, antigo secretário do principal partido da oposição no país, Convergência para a Democracia Social, disse à Lusa que “mais de 99% da população da Guiné Equatorial não teve sequer conhecimento de que o país faz parte da CPLP, nem isso teve qualquer impacto na sua vida quotidiana”. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


UCCLA - Fórum no âmbito dos 50 anos da Independência dos PALOP e Moçambique


Vai decorrer, nos dias 4 e 5 de novembro, no auditório da UCCLA, o Fórum subordinado ao tema” Inovação, Vias-Férreas, Infraestruturas Tecnológicas e Apoios Logísticos”, organizado pela Casa de Moçambique no âmbito dos 50 anos da Independência dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Moçambique em particular.

O fórum, que terá início às 10 horas, irá reunir diversos responsáveis e comunidade moçambicana na diáspora.

Programa


 

Macau - Lançamento do livro ilustrado bilingue “ALUA” marcado para a próxima semana

No dia 3 de Novembro deste ano será oficialmente lançado na Casa Nostalgia Das Casas da Taipa o novo livro ilustrado bilingue intitulado “ALUA”. O evento está marcado para as 15h00, durante a Exposição de Livros Ilustrativos, que faz parte do 6º “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. O livro é editado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), com o financiamento do Fundo de Desenvolvimento Cultural. “ALUA”, destina-se ao público jovem e é uma adaptação de ‘O Sapo de Pedra de Láp- K’âp’, originalmente publicado no jornal português ‘Notícias de Macau’ e incluído na edição chinesa do IIM, ‘Lendas Chinesas de Macau’. A história ganhou vida através da colaboração entre a autora Chloe Wong e a ilustradora Mira Lau


Chloe Wong, licenciada em educação básica pela Universidade de Macau, dedica-se actualmente à educação artística, utilizando diferentes métodos de comunicação para inspirar a expressão artística e a criatividade das crianças. Mira Lau, a ilustradora, acrescentou um toque criativo adicional ao projecto, trazendo para a mesa a sua experiência prévia na publicação de livros ilustrados. Juntas, criaram uma narrativa apresentada em chinês e português, tornando-a acessível a um público mais vasto, e esperam agora que esta transmita “os temas da bondade, do companheirismo e do amor”, para ambas centrais nas lendas chinesas de Macau.

O lançamento de “ALUA” realça a importância do intercâmbio cultural entre a China e as comunidades de língua portuguesa. Este evento, que coincide com o último fim de semana do Festival da Lusofonia, sublinha a importância da narração de histórias para promover a compreensão e a apreciação dos diversos patrimónios culturais. In “Ponto Final” - Macau


Timor-Leste - Violência contra vendedores de rua em Díli revela tendências autoritárias

Uma organização não-governamental (ONG) afirmou que a violência contra os vendedores ambulantes em Díli revela “tendências autoritárias” e um “desrespeito pelos direitos humanos básicos”, que está a provocar “divisão e conflito” na sociedade.


“A aplicação brutal da ‘lei e ordem’ não só está a levar a violações dos direitos humanos, mas também a provocar divisão e conflito dentro da sociedade”, advertiu a Fundação Mahein (FM), numa análise divulgada na sua página oficial. “Em vez de recorrer à violência para intimidar os pobres a conformarem-se, os líderes devem refletir sobre a sua própria responsabilidade na situação atual deste país”, salientou a ONG.

Em causa está a campanha de despejos e demolições iniciada este ano pelo Governo, através da Secretaria de Estado dos Assuntos de Toponímia e Organização Urbana, para eliminar construções ilegais e atividades económicas não licenciadas, e que, em alguns casos, tem sido exercida com violência.

O último incidente ocorreu na semana passada, quando oficiais daquela Secretaria de Estado e elementos da polícia se envolveram numa luta com vendedores ambulantes em Díli, tendo um homem sido ferido com um tiro alegadamente disparado por um membro das forças de segurança. “O discurso público que justifica o uso da violência também é preocupante. Declarações sugerindo que as forças do Estado têm justificação para usar violência porque ‘caso contrário as pessoas não ouvem’ contradizem os princípios de uma República Democrática, fundada no Estado de Direito e no respeito pela dignidade humana”, afirmou a Fundação Mahein.

Para a ONG, aquelas afirmações lembram a “ditadura militar indonésia, um Estado que justificava a brutalidade e a violência em nome da ordem e da estabilidade”. “A FM receia que a normalização da violência estatal para impor ordem crie um precedente perigoso para as futuras interações entre o Estado e os cidadãos”, advertiu.

Para a FM, o comércio ambulante e as construções ilegais são sinais de “problemas estruturais mais profundos” e revelam falhas das autoridades na “modernização da economia e da sociedade”. “Em vez disso, focaram a maior parte da sua energia a competir pelo poder e, quando no poder, a implementar megaprojetos ou esquemas que enriquecem as elites e compram apoio político”, acusou a ONG.

A organização disse também que a campanha da secretaria de Estado “contrasta fortemente com a impunidade de que gozam as elites políticas e económicas de Timor-Leste”. “Enquanto cidadãos comuns são perseguidos, espancados e têm as suas casas demolidas e os bens destruídos, as elites gozam de imunidade para violações muito mais graves da lei”, afirmou a FM.

Para a fundação, a “violência” e as “táticas repressivas” não são a solução para aqueles problemas e apelou ao Governo para “reconsiderar a abordagem”, focando-se na análise às “causas profundas da informalidade e da pobreza em Timor-Leste”. In “Ponto Final” - Macau


terça-feira, 29 de outubro de 2024

Portugal – Universidade de Aveiro sintetiza composto promissor para aplicação fotodinâmica em tratamento de cancro

Um grupo de investigação multidisciplinar da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu e caracterizou novos derivados de clorofila que demonstraram resultados muito promissores em ensaios experimentais de terapia fotodinâmica, tanto em cancro da mama triplo negativo, como em outros tipos de cancro, incluindo o cancro do pâncreas. Na terapia fotodinâmica há um efeito biológico em certas células que ocorre quando o tecido ou órgão onde o agente fotossensibilizador se localizou é iluminado com luz


O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres. O subtipo triplo negativo, em particular, é o mais desafiador, devido à ausência de terapias direcionadas. Por sua vez, o cancro pancreático afeta indistintamente homens e mulheres e também é uma doença que apresenta uma resposta mais limitada às terapias atuais, sendo necessário continuar a procurar novas abordagens de tratamento.

Neste sentido, um grupo formado pela estudante de doutoramento Cristina Dias, o investigador Nuno Moura e os docentes Amparo Faustino, Graça Neves (ambas membros do LAQV-REQUIMTE - Laboratório Associado para a Química Verde), Vítor Gaspar e João Mano (CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro) e Luísa Helguero (Instituto de Biomedicina de Aveiro, iBIMED), desenvolveu e caracterizou novos derivados de clorofila nos laboratórios do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e no Departamento de Ciências Médicas, respetivamente. Estes compostos demonstraram resultados muito promissores em ensaios experimentais de terapia fotodinâmica, tanto em cancro da mama triplo negativo, como em outros tipos de cancro, incluindo o cancro do pâncreas.

Amparo Faustino, professora do Departamento de Química e membro do LAQV-REQUIMTE, explica algumas das caraterísticas e o comportamento destes compostos, com destaque para eficácia e sustentabilidade da solução:

“A aplicação de derivados de clorofila extraídos a partir de fontes naturais como agente terapêuticos em terapia fotodinâmica permite não só utilizar recursos disponíveis de forma sustentável, como minimizar efeitos indesejáveis. Além disso, os compostos absorvem radiação na região do vermelho do espectro de visível, onde a luz penetra melhor os tecidos, facilitando a ativação dos derivados de clorofila presentes nas células tumorais”.

Compostos promissores

Os novos compostos foram caracterizados ao nível da sua atividade anti tumoral, em colaboração com Luísa Helguero, professora do Departamento de Ciências Médicas e membro do iBIMED, e apresentam, segundo concluiu a equipa, uma toxicidade muito baixa na ausência de luz e uma elevada eficácia na eliminação de células tumorais, quando ativados sob condições controladas de iluminação (terapia fotodinâmica).

“A utilização destes compostos em terapia fotodinâmica do cancro de mama triplo negativo representa uma solução promissora para suprir a falta de abordagens terapêuticas eficazes e seguras para os pacientes. Este tratamento é minimamente invasivo, e atua apenas na área iluminada, sendo uma alternativa viável quando outras terapias falham, especialmente em casos de resistência aos tratamentos convencionais.”, afirma Amparo Faustino. Assim, espera-se que esta abordagem possa ser estendida a outros tipos de cancros igualmente agressivos, como o cancro de pâncreas e do pulmão.

Esta tecnologia foi desenvolvida no âmbito do doutoramento da estudante Cristina Dias, cuja tese será defendida em breve na UA, e envolveu três grupos de investigação com conhecimentos complementares.

A UA, através da UACOOPERA, já submeteu um pedido provisório de patente e está a avaliar uma estratégia mais ampla de proteção. A UACOOPERA é a estrutura responsável pela interface da UA com o exterior, tendo como objetivo apoiar a academia nas diversas atividades de cooperação com a sociedade, valorizando o conhecimento e os resultados das atividades de I&D e potenciando o cumprimento da sua terceira missão (precisamente a cooperação com a sociedade). Universidade de Aveiro - Portugal


Guiné Equatorial - Música é bastião da liberdade

A música tem sido um bastião da liberdade de expressão na Guiné Equatorial, país onde “é preciso ser um pouco mais inteligente” para criticar o regime, disse à Lusa o ‘rapper’ daquele país Negro Bey.


Tal como outras formas de arte, o rap “tem sido um elemento para quem quer liberdade de expressão” na Guiné Equatorial, disse o músico, recordando as reivindicações feitas por artistas como Maelé (1958-2017). Apesar de ter sido alvo de um atentado supostamente orquestrado pelo Governo, em 1991, Maelé acabou por se unir ao partido no poder, o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) e enveredar pela política.

Como não tem qualquer interesse em seguir o mesmo caminho, garantiu Negro Bey em entrevista à Lusa, não é visto como “um perigo” pelas autoridades. “Não sou político, não quero ser ministro, não quero ser presidente (…) e a ser honesto a política ajuda-me a obter mais inspiração, nada mais”, afirmou o músico de 40 anos.

Ainda assim, Negro Bey admitiu que “é muito difícil” fazer canções contestatárias na Guiné Equatorial, um país onde “as represálias não costumam ser boas”. “Há gente que me odeia, gente que me quer ver na prisão (…) mas mesmo assim sigo em frente, a tentar garantir que não me prendam porque não sou um criminoso”, disse o artista.

Negro Bey sublinhou que não é “nenhum herói” e não quer ser “nenhum mártir”, mas prometeu que não vai desistir de “ir pouco a pouco denunciando certas coisas”. “Haverá um dia em que, sem saber, iremos abrir a porta e sair lá para fora, é nisso que acredito”, disse o músico.

Desde a sua independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial tem sido considerada pelas organizações de defesa dos direitos humanos como um dos países mais repressivos do mundo, devido a acusações de detenções e tortura de dissidentes.

Negro Bey disse que as detenções são uma tentativa do regime, liderado por Teodoro Obiang desde 1979, de impedir os membros da oposição de concorrer às eleições e garantir que mantém o poder. Obiang, de 82 anos, governa o país com mão de ferro há 45 anos, desde que derrubou o seu tio Francisco Macías num golpe de Estado, e é o Presidente há mais tempo em funções no mundo.

Em Julho, Negro Bey lançou a canção “Así Nacen las Dictaduras” (‘Assim Nascem as Ditaduras’), ligada ao livro “Cómo Nacen las Dictaturas dentro de Nuestras Democracias” (‘Como Nascem as Ditaduras dentro das Nossas Democracias’), do escritor local G.M. Abeso Evuy Oyana. Tal como o livro, a música fala de toda a África e de como os ideais dos políticos “morrem ao escalar alturas”, criando “uma roda gigante” de golpes de Estado sucessivos que deixam tudo “pior ou igual”, lamentou o artista.

Negro Bey falou à Lusa em Macau, onde deu dois concertos no âmbito da 16ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa organizada pelo Fórum de Macau. A Guiné Equatorial integra o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) desde 2022.

Jovens começam a aprender Português na Guiné-Equatorial

Os jovens da Guiné Equatorial estão a começar a aprender Português, afirmou o músico Negro Bey, mais de uma década depois de Malabo ter aderido à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Aos poucos vamos avançando. Os jovens estão a estudar um pouco de português, embora não falem bem, mas tentamos melhorar”, disse o ‘rapper’ à agência Lusa. A 3 de Outubro, o secretário executivo da CPLP garantiu à Lusa que a expansão da língua portuguesa na Guiné Equatorial, “um substrato essencial” da organização, é “uma preocupação”. “As autoridades da Guiné Equatorial estão a dar passos”, mas “precisam também de uma ajuda dos Estados-membros”, porque “não é fácil” pôr em prática um programa a nível nacional de ensino da língua do português, sublinhou Zacarias da Costa. Segundo Negro Bey, a participação da Guiné Equatorial na CPLP começa a ser conhecida no país, sobretudo “porque tem havido muitas reuniões e cimeiras”.

População vive com medo da fome

A profunda crise económica na Guiné Equatorial deixou a população a viver com medo da fome, alertou o músico Negro Bey, que culpa a corrupção pelo esbanjamento das receitas do petróleo e acusa o Ocidente de hipocrisia. A descoberta de reservas de petróleo ao largo da costa por empresas dos EUA, em 1996, tornou a Guiné Equatorial um dos países com maior rendimento ‘per capita’ em África. No entanto, esta descoberta não se traduziu num maior bem-estar para a população do país, que ocupava em 2023 o 145º lugar entre 191 Estados no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. “Como é que num lugar que beneficia deste nível de riqueza podes ver pessoas a morrer de fome todos os dias?”, lamentou Negro Bey em entrevista à Lusa em Macau. “Às vezes perguntam-me: ‘não tens medo’? O receio que eu mais tenho é que não haja arroz, não haja leite para os bebés, não haja luz nas casas, não haja água potável, e isso é um receio na Guiné [Equatorial]”, disse o músico. Vítor Quintã – Agência Lusa in “Jornal Tribuna de Macau”


Macau – Entrevista com José Cardoso Bernardes, presidente da Comissão Nacional de Portugal para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís Vaz de Camões

O ano de 2024 tem sido pródigo em várias celebrações de uma efeméride que muito toca a identidade lusitana: os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões. Foi à volta do tema que o Jornal Tribuna de Macau entrevistou José Cardoso Bernardes, presidente da Comissão Nacional de Portugal para as Comemorações do V Centenário do Nascimento do poeta. Como parte do programa, que será apresentado em Lisboa dentro de dias, foram feitos contactos para a participação de Macau nas comemorações. “Acreditamos na resposta das entidades locais”, disse o professor catedrático, que se encontra no território para proferir algumas palestras. O académico salienta que a grande aposta no ensino de Camões tem de ser feita nos professores. “Eles são os mediadores e necessitam de formação camonística”, frisou


- Qual é o objectivo desta sua deslocação a Macau?

- Esta vinda estava prevista há um ano, quando eu ainda não exercia este cargo. O convite foi-me feito pela Universidade de Macau para vir proferir uma série de palestras e só lateralmente é que viria a falar de Camões. Entretanto, assumi o cargo em 12 de Setembro passado e a visita transformou-se numa espécie de cruzada camoniana. Portanto, não foi um convite que possa integrar-se no âmbito das comemorações.

- Sabemos que irá proferir várias palestras. Que temas vai abordar?

- Vou falar sobre o ensino de Camões, o ensino de Camões em Portugal, o ensino do poeta nas escolas portuguesas espalhadas pelo mundo. De resto, as comemorações camonianas vão ter uma grande componente dedicada ao ensino. Porque é na escola que os portugueses se encontram com Camões, é aí que se decide tudo. É aí que os portugueses guardam ou não guardam uma imagem boa do contacto com as obras do poeta e a percepção que nós temos é que a escola está em mudança profunda.

- E de que forma é possível levar a efeito essa reforma no ensino sobre Camões?

- Adaptar conteúdos que normalmente não causam estranheza a alunos portugueses, mas causam uma estranheza enorme a alunos de culturas muito diversas. E, portanto, as acumulações vão acentuar muito a dimensão do ensino. É preciso intervir, discutir, debater se realmente da maneira como estamos a ensinar Camões hoje se adequa às realidades novas. Se não for assim, é preciso ter a coragem de mudar, de ajustar.

- O que pode e deve ser feito para divulgar a obra de Luís de Camões nas escolas portuguesas no estrangeiro?

- É nosso propósito deslocarmo-nos a cada uma das escolas portuguesas no estrangeiro. Aqui em Macau, eu próprio vou fazer isso, vou falar para alunos, vou falar para professores e tenciono depois prolongar essa excursão pelas outras escolas, em Moçambique, Dili, Luanda, etc.

- Isso acontecerá ao longo do próximo ano?

- Será durante 2025 e 2026, porque as comemorações vão até 2026. Temos também programadas acções em todas as cátedras portuguesas espalhadas pelo mundo e nas universidades onde, não existindo cátedras, o departamento de português ou o ensino de português tem alguma importância.

- Há, então, uma grande vontade em falar do poeta aos alunos que se encontram fora de Portugal?

- Vamos empenhar-nos muito em falar de Camões para os portugueses da diáspora.

- O que está pensado para Macau?

- Macau tem muitas vantagens em relação a isso, porque tem a língua portuguesa e os alunos da Escola Portuguesa. Todos eles sabem ou julgam que já têm muito conhecimento de Camões, ainda que neste momento a Escola Portuguesa tenha mais alunos que não falam português, que não são de língua portuguesa materna, do que os que são oriundos de Portugal, o que havia antigamente. Eu costumo dizer que Camões é o primeiro poeta que incorpora a ideia de mundo na sua obra, ou seja, é possível falar de Camões a qualquer interlocutor independentemente de ele ser português ou não, independentemente de ele estar em Macau ou em Lisboa, porque as personagens e as situações que Camões criou, tanto n’ “Os Lusíadas” como na lírica, interpelam a espécie humana no seu todo.

- Houve algumas críticas porque o programa das comemorações dos 500 anos do nascimento de Camões tardava em aparecer. O que levou a que fosse delineado tão tardiamente? Não é quase como que uma desconsideração por Camões?

- Tenho dificuldade em responder a essa questão. Eu fui nomeado no dia 12 de Setembro deste ano e foi-me confiada uma tarefa que estou a procurar executar. O que aconteceu é que, entre 2021, data em que o Governo da altura nomeou uma pessoa para programar as comemorações, e a data da minha própria nomeação, eu não consigo dizer-lhe. Imagino e quero crer que essa pessoa fez o que pôde. Terá havido algum descaso do Governo, pelo menos foram as declarações que vieram a público. O Governo nomeou a pessoa, mas depois não lhe deu os meios. Eu quando assumi o lugar falei com a ministra que me convidou e coloquei condições.

- Que condições?

- Uma delas era dispor de meios, ainda que não abundantes, desde já lhe digo, mas meios para levar por diante um programa digno, e é isso que estou a procurar fazer. O programa está pronto, vai ser anunciado nos primeiros dias de Novembro e envolve muitas vertentes, académica, universitária, digamos convencional. Vamos organizar um dia para Camões em cada capital, distrito, território nacional e nas regiões autónomas. É um padrão. Já temos algumas confirmações, esse programa vai arrancar em Coimbra, no dia 12 de Fevereiro de 2025 e continuar no Funchal, no dia 31 de Março desse mesmo ano, e vai continuar pelas restantes capitais. O que nós queremos é envolver as comunidades educativas nesse dia.

- Como pretende estabelecer esse envolvimento?

- É muito importante para nós envolver os jovens, é muito importante para nós que os jovens guardem de Camões uma imagem prazerosa do seu contacto na escola. E esses dias para Camões têm como objectivo chegar ao grande público, mas com especial incidência nas escolas, nas comunidades educativas, nos jovens. É possível e necessário falar de Camões num congresso universitário, mas também é possível, e é muito desejável e muito necessário, falar de Camões de forma acessível a um rapaz, a uma menina, que tenham hoje 14 ou 15 anos. Não é fácil, mas é necessário.

- Em concreto, o que é que o programa prevê para Macau?

- Nós temos como princípio dirigirmo-nos às entidades locais, é isso que temos estado a fazer e acreditamos na resposta das entidades locais. Acredito que as universidades, o Instituto Cultural, o Instituto Português do Oriente, a Escola Portuguesa de Macau, se organizem. Estamos a aguardar respostas.

- Quais são as suas ideias?

- As comemorações têm de ser feitas de acordo com a escala, com as aspirações, com os desejos, com as necessidades que cada entidade local entende que se ajusta mais. Aqui em Macau já foi feito um congresso sobre Camões. A Rede da Ásia vai fazer agora o segundo congresso em 2025 na Ilha de Moçambique, mobilizando, no entanto, pessoas de Macau, mas eu confesso que valorizo muito uma ida de um professor à Escola Portuguesa de Macau, isso é como morar em Camões. Valorizo muito uma conferência que é proferida no Instituto Português do Oriente, na Fundação Rui Cunha, que é o que eu vou fazer. Não é preciso que haja uma sessão solene sobre Camões. São maneiras convencionais de o celebrar. Eu valorizo mais as pequenas iniciativas que chegam aos jovens, mas que sejam frequentes, regulares. Por exemplo, uma iniciativa que tenha impacto junto dos professores, porque eles são os mediadores e necessitam de formação camonística.

- Esse papel deve, então, caber às escolas?

- Em Portugal é assim, eu não sei o que acontece na Escola Portuguesa de Macau, que não conheço. Em Portugal nós organizamos acções de formação para os professores comparecerem, às vezes centenas de professores de Português, e uma grande percentagem desses docentes que ensinam Camões no 9º e 10º ano, nunca aprenderam Camões nas universidades. Isto tem de ser corrigido. Se uma pessoa vai ensinar Português a vida inteira, alguma vez tem de ter ouvido falar em Camões, porque depois o vai ensinar. E o problema é que Camões não pode ser ensinado como outro escritor qualquer. Um aluno de 14 ou 15 anos, que se abeira de “Os Lusíadas” sem um mediador qualificado, não consegue entender nada. Ou consegue entender pouco. Por isso é preciso apostar na formação de professores.

- Como é que Macau deveria comemorar Camões? Com uma sessão solene, com muitas flores, com grande aparato, ou com acções pontuais?

- Eu diria que com acções que sensibilizem os professores que têm essa missão. A missão de contagiar os alunos com o seu próprio entusiasmo. Eu optaria por esta modalidade. Camões disse sempre de si próprio que nunca teve sorte, mas nós tivemos sorte daquilo que ele deixou, que já não é mau. A sorte de Camões joga-se na escola. Para as pessoas que não tiveram a sorte de ir à escola, o poeta é uma espécie de ícone da pátria. E quanto mais longe se está da pátria, mais se valoriza esse ícone. Camões está na escola e é lá que os portugueses e aqueles que frequentam escolas portuguesas, o conhecem.

- Em relação ao poeta e à vida dele, há muitas incertezas e contradições. No que toca a Macau, o que há de concreto?

- À luz daquilo que hoje se sabe, e sabe-se mais hoje do que há cinco ou 10 anos, a presença de Camões em Macau é pelo menos muito provável. Claro que não está documentada com nenhuma certidão, mas é muito provável. Há documentos, pelo menos do século XVIII, que aludem àquele lugar como as pedras de Camões. Isto não é probatório, quer dizer, não certifica, mas o que prova é que há 250 anos a tradição que hoje existe já existia na altura.

- Aqui escreveu parte de “Os Lusíadas”?

- Isso também não se sabe, porque não há um único autógrafo de Camões, mas eu acho que ele nunca deixou de escrever os Lusíadas estivesse onde estivesse.

- Aquando da sua primeira deslocação a Macau, em 2014, visitou a gruta e o busto de Camões. As diferenças para o que ali se encontra hoje são pequenas. Com que impressões ficou do local?

- Tal como hoje se encontram, as lajes com o busto do poeta assinalam uma memória camoniana intensa e comovente. A tradição e também alguns documentos antigos associam aquele lugar à passagem de Camões por Macau. Ora, se o poeta esteve naquele ou noutro lugar, algures na década de 60 do século XVI, é certo que aí pensou e escreveu parte d’ “Os Lusíadas”. Pelo menos nessa fase da sua vida, ele estava sempre a escrever o seu poema. A escrever literalmente ou mentalmente. Não podia deixar de ter os versos a ressoar na sua cabeça. Para além da base histórica que parece ter, aquele lugar tem, por isso, uma força evocativa incomparável.

- Que conhecimento tem sobre o ensino do Português no estrangeiro? Na China, por exemplo?

- Diz-se que há um número crescente de universidades chinesas a desenvolver o ensino do Português, que antes estava confinado a Macau e hoje existe uma multiplicidade. Compreende-se que assim seja, a China tem uma grande presença em África e quer acentuar, há indicadores muito claros de que assim será. Portanto, tem muito interesse.

- Mas há também o inverso. Portugal recebe muitos estudantes chineses que querem aprender e aperfeiçoar o Português…

- Eu falo-lhe especificamente de Coimbra, que é onde vivo e dou aulas. Nós recebemos, mas em outras universidades do país também, contingentes crescentes de alunos que se deslocam a Coimbra para frequentar cursos anuais, já não apenas cursos de férias, para adquirirem proficiência no Português, e quando lhes perguntamos porquê, respondem que depois querem ir para África, para Moçambique, Angola, para o mundo lusófono, que é um mundo com potencialidades económicas enormes. E há muitos alunos de Macau que vão fazer esses cursos.

- Por tudo isso, a relação entre Macau e Coimbra parece forte e duradoura. Isso é uma realidade?

- Posso dizer-lhe que Coimbra sempre teve uma ligação muito forte ao território de Macau, até pela via desportiva, nós tivemos jogadores macaenses, como o Rocha, e depois o filho. Jogaram os dois na Académica de Coimbra e ainda hoje têm, que eu saiba, um restaurante famoso em Coimbra, onde se serve, dizem, a melhor comida macaense. Portanto, Coimbra tem uma relação tradicional com o território de Macau. Entretanto, vai chegar a Macau um vice-reitor da Universidade de Coimbra. O circuito Coimbra - Macau está sempre a funcionar. Está sempre aberto.

Quem é José Augusto Cardoso Bernardes?

José Augusto Cardoso Bernardes, de 66 anos, é professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde tem sobretudo regido cadeiras no âmbito da Literatura Portuguesa do século XVI e da Didáctica da Literatura. Foi membro do Conselho Nacional de Educação, tendo coordenado o Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos e o Centro de Literatura Portuguesa. Publicou “O Bucolismo Português”, “Sátira e Lirismo no teatro de Gil Vicente”, “História Crítica da Literatura Portuguesa Vol. II – Humanismo e Renascimento”, “Revisões de Gil Vicente” e “A Literatura no Ensino Secundário”. Assumiu, há pouco mais de um mês, o cargo de presidente da Comissão Nacional de Portugal para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Venezuela - Editora quer ver livros em português no mercado do país

Fundada há 14 anos, a Araca Editores quer ver livros em português no mercado da Venezuela, estando disponível para colaborar nesse sentido com as autoridades portuguesas, disse uma dirigente da empresa à Lusa


“Araca põe à disposição da representação diplomática de Portugal todos os seus recursos, a nossa equipa editorial e de distribuição para que, em cooperação, possamos materializar publicações em português ou bilingues [em português e castelhano], que seriam de interesse para nós [venezuelanos] e também para a comunidade portuguesa”, disse a gestora de edições.

Felgris Araca falava na segunda-feira, à margem da 21.ª Feira Internacional do Livro da Universidade de Carabobo, que durante cinco dias assinalou, com diversos atos culturais, o quinto centenário do nascimento do poeta português Luís Vaz de Camões, na cidade venezuelana de Valência, estado de Carabobo (170 quilómetros a oeste de Caracas).

“Desde há dois anos que tenho visto que as representações diplomáticas europeias, nomeadamente a francesa, italiana e a alemã, mais ativas na vida cultural venezuelana, mas percebo que Portugal é um pouco mais conservador e convido-os a que sejam mais ativos, a que nos mostrem os benefícios do seu país, da sua cultura”, disse.

Felgris Araca explicou que, quando os venezuelanos pensam em aprender português, pensam no Brasil, porque está mais perto.

“Eu, por exemplo, estou a estudar português e descobri que o idioma que se fala no Brasil é diferente do que falam em Portugal, em entonação, em cor, em modismos, em música (…) seria interessante poder disponibilizar o arco-íris cultural luso para poder conhecê-lo”, disse.

Felgris Araca explicou ainda que procurou, sem sucesso, textos em idioma português nas principais livrarias da capital, Caracas.

“Fiz uma busca de textos para exercitar a minha leitura e a prática do idioma e não consegui nada nas livrarias. Tive de comprar textos através da Internet, em formato digital, quando prefiro ler em formato impresso”, explicou, precisando que foi através da Internet que conseguiu encontrar “uma academia de português brasileiro” há um ano.

Segundo Rainer Sousa, coordenador do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua na Venezuela, atualmente mais de 11 mil estudantes estão a aprender a língua portuguesa em dezenas de instituições educativas venezuelanas e inclusive no sistema educativo oficial local.

“De sublinhar a aposta que o Camões faz no ensino do português aqui na Venezuela, enviando todos os anos algumas toneladas de manuais que depois são distribuídos pelas escolas ou instituições que adotaram o português tanto a nível curricular como extracurricular. São manuais didáticos para jovens e dicionários que oferecemos às escolas que depois põe à disposição dos estudantes”, disse. In “Sapo Mag” – Portugal com “Lusa”


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Europa – Universidade de Coimbra recebe apoio financeiro para monitorizar a biodiversidade de organismos terrestres em paisagens agrícolas

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) recebeu 2 milhões de euros para monitorizar a biodiversidade em paisagens agrícolas representativas do espaço europeu e contribuir com informação relevante para aumentar o realismo da avaliação de risco de pesticidas na Europa.


José Paulo Sousa, docente do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE), é o coordenador na UC do projeto internacional “EESE – EU Environmental scenarios for ERA of non-target organisms”.

«Este projeto pretende obter dados sobre a biodiversidade de diferentes grupos de organismos terrestres a nível europeu (organismos de solo, artrópodes, auxiliares, vertebrados e plantas), bem como contribuir para melhorar e tornar mais realista a avaliação de risco de produtos fitossanitários (PFs). Na União Europeia (UE), os documentos-guia que orientam a aprovação e o registo de PFs estão ultrapassados para alguns grupos de organismos, nomeadamente ao nível dos ecossistemas terrestres. Há assim a necessidade de atualizar esses documentos por forma a tornar o esquema de avaliação de risco mais robusto e mais realista», afirma o especialista.

De acordo com José Paulo Sousa, para atingir esse objetivo é necessário saber o que proteger quando um pesticida atinge o ambiente ou que riscos são ou não aceitáveis do ponto de vista ecológico, ou seja, há que definir objetivos de proteção. Nesse sentido, «é preciso definir os cenários ecológicos de determinada área de paisagem agrícola ou agroflorestal em que se utilizam pesticidas ou produtos farmacêuticos, bem como conhecer a biodiversidade em termos de fauna e flora, particularmente as espécies vulneráveis», considera.

Assim, a equipa da FCTUC vai iniciar os trabalhos de campo já no próximo ano. «Vamos monitorizar os ecossistemas terrestres na primavera, verão e outono, incluindo organismos do solo, invertebrados, vertebrados e plantas e obter dados de riqueza e/ou biodiversidade que, juntamente com a composição e estrutura das paisagens a amostrar, possamos contribuir para a construção dos referidos cenários ecológicos representativos que serão utilizados no processo de avaliação de risco do PFs», conclui o investigador.

Para além de liderarem toda a parte da monitorização e avaliação da biodiversidade de diferentes grupos em campo, em áreas de paisagem/cenários espalhados por toda a Europa, os especialistas vão também avaliar a sensibilidade de diferentes espécies de organismos terrestres seguindo uma nova abordagem de avaliação de efeitos ao nível das comunidades de organismos do solo.

O projeto EESE irá decorrer nos próximos quatro anos e integra uma linha estratégia da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar que pretende destacar a relevância ecológica na avaliação de risco de pesticidas. Universidade de Coimbra - Portugal


Portugal - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto quer tornar arroz "português" mais resistente às alterações climáticas

A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) está a liderar um projeto que pretende contribuir para o desenvolvimento de uma variedade de arroz “português” mais resistente ao calor e às alterações climáticas


O projeto “PrOryza: Desenvolvimento de arroz luso termotolerante – análise genética e reprodutiva”, financiado pelo Programa Promove – O Futuro do Interior, da Fundação La Caixa, visa contribuir para o melhoramento genético de variedades de arroz (Oryza sativa L.) de interesse cultivadas em Portugal, de modo a aumentar a sua tolerância ao stress térmico e melhorar a sua produtividade.

“Nos últimos anos, a produtividade daquilo que cultivamos tem diminuído drasticamente, sobretudo devido às alterações climáticas.”, destaca Ana Marta Pereira, investigadora da FCUP responsável pelo projeto.

“Esta redução de produtividade está relacionada com o aumento das temperaturas e com a diminuição da precipitação, especialmente nas regiões do sul, como no Alentejo. Há uma diminuição de 10% da produtividade na produção do arroz para cada aumento de 1ºC de temperatura”, detalha a investigadora que integra a equipa do Sexual Plant Reproduction and Development Laboratory (SPReD lab), um laboratório da FCUP que se dedica a estudar os mecanismos moleculares da reprodução que conduzem à formação das sementes.

Portugal é o maior consumidor de arroz da Europa – com mais de 18 kg/ano per capita, um valor que é quatro vezes superior à média da União Europeia – e que pouco consegue produzir face ao consumo interno. A ideia do PrOryza é ajudar a inverter esta tendência.

Para isso, os investigadores vão centrar o seu trabalho no Alentejo Central, através da colaboração com um produtor de arroz da área de Montemor-o-Novo para a realização de ensaios de campo.

Avaliar e acompanhar a reprodução das plantas no laboratório e no campo

Os cientistas vão estudar variedades de arroz comercialmente importantes em Portugal, nomeadamente as variedades pertencentes à subespécie japónica, correspondentes ao arroz carolino: as portuguesas Caravela (a primeira variedade 100% portuguesa, recentemente incluída no Catálogo Nacional de Variedades,) e Ceres; e as variedades Ariete e Lusitano, de origem italiana. Será também alvo de estudo uma variedade pertencente à subespécie indica, a Sprint, de origem italiana.

“Queremos avaliar a performance reprodutiva de cada uma delas, bem como o seu comportamento face às alterações climáticas. Faremos esse trabalho em laboratório, mas também em campo, para medir e avaliar as condições a que vão estar sujeitas”, explica Ana Marta Pereira.

A quebra de produção do arroz dá-se, sobretudo, na fase de reprodução da planta, na qual a espécie é mais sensível aos efeitos do calor. “A fase de desenvolvimento da semente e que leva à formação do grão de arroz é muito delicada e muito sensível às variações de temperatura”, concretiza a investigadora do SPReD lab.

As alterações climáticas estão a provocar o que se chama “esterilidade floral”, o que leva a uma consequente diminuição do número de grãos produzidos. De acordo com os investigadores, todos os anos há problemas ao nível da esterilidade floral, na reprodução e nas interações grão de pólen – pistilo, levando à produção de grãos de arroz que não são viáveis, o que se traduz em perdas de produtividade.

Rega gota-a-gota versus alagamento tradicional

Um dos objetivos do projeto será a análise de um sistema de rega que está a ser testado para mitigar as alterações climáticas. O sistema gota-a-gota permite a poupança de água, mas torna a planta mais vulnerável ao stress térmico, diminuindo a produtividade.

“O arroz é tradicionalmente cultivado por alagamento, o que provoca uma espécie de efeito tampão à volta da planta, ajuda na termorregulação e impede que haja variações de temperatura durante o seu desenvolvimento. Com a rega gota-a-gota perde-se este efeito”, salienta Ana Marta Pereira.

Os investigadores vão, por isso, também, verificar e comparar, em ensaios de campo, os efeitos da rega gota-a-gota em comparação com o tradicional cultivo por alagamento.

Para além deste trabalho, irão analisar, do ponto de vista genético, as diferentes variedades e perceber se nelas existem marcadores genéticos que conferem à planta uma maior tolerância ao calor durante a fase reprodutiva. Se existirem, serão efetuados cruzamentos artificiais entre as variedades selecionadas com vista à obtenção de exemplares mais tolerantes e resistentes ao calor com a parceria da COTArroz (Centro Operativo e Tecnológico do Arroz) e do seu programa nacional de melhoramento genético do arroz.

“O nosso grande objetivo é a obtenção de variedades mais resistentes e tolerantes, especialmente na fase da formação do grão do arroz”, remata a coordenadora do projeto.

O PrOryza, que tem a duração de três anos e um financiamento de 150 mil euros, integra ainda investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, da Universidade Nova de Lisboa, do COTArroz e produtores da Sociedade Agrícola do Bem Calado Sul, S.A, de Montemor-o-Novo. Universidade do Porto - Portugal