Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) recebeu 2 milhões de euros para monitorizar a biodiversidade em paisagens agrícolas representativas do espaço europeu e contribuir com informação relevante para aumentar o realismo da avaliação de risco de pesticidas na Europa.
José
Paulo Sousa, docente do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigador
do Centro de Ecologia Funcional (CFE), é o coordenador na UC do projeto
internacional “EESE – EU Environmental scenarios for ERA of non-target
organisms”.
«Este
projeto pretende obter dados sobre a biodiversidade de diferentes grupos de
organismos terrestres a nível europeu (organismos de solo, artrópodes,
auxiliares, vertebrados e plantas), bem como contribuir para melhorar e tornar
mais realista a avaliação de risco de produtos fitossanitários (PFs). Na União
Europeia (UE), os documentos-guia que orientam a aprovação e o registo de PFs
estão ultrapassados para alguns grupos de organismos, nomeadamente ao nível dos
ecossistemas terrestres. Há assim a necessidade de atualizar esses documentos
por forma a tornar o esquema de avaliação de risco mais robusto e mais
realista», afirma o especialista.
De
acordo com José Paulo Sousa, para atingir esse objetivo é necessário saber o
que proteger quando um pesticida atinge o ambiente ou que riscos são ou não
aceitáveis do ponto de vista ecológico, ou seja, há que definir objetivos de
proteção. Nesse sentido, «é preciso definir os cenários ecológicos de
determinada área de paisagem agrícola ou agroflorestal em que se utilizam
pesticidas ou produtos farmacêuticos, bem como conhecer a biodiversidade em
termos de fauna e flora, particularmente as espécies vulneráveis», considera.
Assim,
a equipa da FCTUC vai iniciar os trabalhos de campo já no próximo ano. «Vamos
monitorizar os ecossistemas terrestres na primavera, verão e outono, incluindo
organismos do solo, invertebrados, vertebrados e plantas e obter dados de
riqueza e/ou biodiversidade que, juntamente com a composição e estrutura das
paisagens a amostrar, possamos contribuir para a construção dos referidos
cenários ecológicos representativos que serão utilizados no processo de
avaliação de risco do PFs», conclui o investigador.
Para
além de liderarem toda a parte da monitorização e avaliação da biodiversidade
de diferentes grupos em campo, em áreas de paisagem/cenários espalhados por
toda a Europa, os especialistas vão também avaliar a sensibilidade de
diferentes espécies de organismos terrestres seguindo uma nova abordagem de
avaliação de efeitos ao nível das comunidades de organismos do solo.
O
projeto EESE irá decorrer nos próximos quatro anos e integra uma linha
estratégia da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar que pretende destacar
a relevância ecológica na avaliação de risco de pesticidas. Universidade de
Coimbra - Portugal
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