Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Macau - Aprendentes de língua portuguesa não pararam de subir na última década

Na última década, o número de alunos a aprender português na RAEM, quer do ensino não superior quer do superior, registou uma tendência de aumento contínuo. Segundo a DSEDJ, mais de 11.500 estudantes do ensino não superior aprendiam a língua de Camões em 2023/2024, enquanto em instituições de ensino superior os cursos relacionados com português ou leccionados nesta língua atraíam mais de 1500. Por outro lado, dados da DSEC mostram que, entre 2011 e 2021, num contexto em que a população local subiu 16,63%, o número de residentes que dominavam o português aumentou quase 20,7% para cerca de 15 mil


No ano lectivo 2023/2024, mais de 11.500 alunos de ensino não superior participaram em programas de Língua Portuguesa, em cursos abertos por escolas através de currículo regular, actividades extracurriculares ou complementares, de acordo com a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). Em resposta ao Jornal Tribuna de Macau, o organismo sublinhou que o volume de alunos aprendentes de português reflectiu uma tendência de aumento ao longo da última década.

Entre esses aprendentes, cerca de 3000 matriculados em oito escolas começaram a estudar, desde a infância, num ambiente em que a língua veicular de ensino era o português.

No domínio do ensino superior, a DSEDJ frisa que, nos últimos anos, o número de instituições de ensino superior de Macau que abrem cursos relacionados com a língua portuguesa ou leccionados principalmente em português também tem vindo a “subir de forma constante”, bem como a oferta dos respectivos programas e o volume de alunos, em geral.

Segundo o organismo, no ano lectivo 2014/2015, quatro instituições de ensino superior de Macau disponibilizavam mais de 10 cursos ligados à Língua de Camões, que, na altura, contavam com cerca de 700 alunos. O cenário evidenciou-se no ano lectivo 2023/2024, pelo facto de cinco instituições de ensino superior terem lançado mais de 20 cursos do género (mais 50%), que atraíram mais de 1500 alunos (mais 114,28%), com os residentes da RAEM a representarem cerca de metade. Ao mesmo tempo, os alunos de licenciatura correspondiam a 50% do total.

Por outro lado, a DSEDJ destacou que o seu Centro de Difusão de Línguas e o Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo constituem outras oportunidades para os residentes interessados aprenderem português. O Centro de Difusão de Línguas, que disponibiliza regularmente cursos no sentido de permitir que os residentes conheçam e dominem a língua e a cultura portuguesas básicas, já acolheu mais de 110 turmas, com as vagas a superarem 2700 no total. Recordando que os residentes se podem inscrever consoante o seu interesse e capacidade, a DSEDJ assegurou que esses cursos foram bem-recebidos pelo público e geraram forte adesão.

No que respeita ao Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo, o número de inscritos para os cursos de língua portuguesa registou também uma subida de 300 para 1000, entre 2014 e 2023, num contexto de estabilidade das instituições participantes no Programa (cerca de 10, tanto em 2014 como em 2023). Segundo observa a DSEDJ, os aprendentes de português no âmbito do programa de Aperfeiçoamento Contínuo são principalmente alunos e jovens, o que reflecte que as inscrições de residentes resultaram do seu planeamento profissional e da procura pelo desenvolvimento de capacidades profissionais.

De um modo geral, o organismo assevera que continua a prestar alta importância e forte apoio à formação de quadros bilingues chinês-português com domínios abrangentes. “A DSEDJ está empenhada em cultivar alunos interessados, desde a infância, para que possuam capacidades para ouvir, falar, ler e escrever em português”, sublinhou.

Por outro lado, tanto a DSEDJ como os Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) afirmaram que não têm estatísticas em relação à situação das entidades privadas que disponibilizam cursos do português (não fazendo parte do Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo) no território.

Sobre este “mercado”, foi aberto recentemente um curso introdutório de português (oral) destinado a pais e filhos com idades entre os seis e 12 anos, com uma duração de dois meses. De acordo com a Associação de Gestão de Macau, entidade organizadora, o programa visa despertar a curiosidade e interesse de crianças de Macau pela língua portuguesa, através de jogos e interacção familiar durante as aulas. As vagas foram rapidamente preenchidas.

Só 2,71% dominam língua de Camões

Ao nível do panorama geral, de acordo com os dados mais actualizados da DSEC, entre 2011 e 2021, num período em que a população local de Macau aumentou 16,63% para 550.374, o número de residentes que dominavam a língua portuguesa subiu quase 20,7% para um total de 14.939. Este número representava apenas 2,71% do total dos residentes em 2021, sendo ainda assim ligeiramente superior à percentagem de 2,62% anotada em 2011.

No mesmo período temporal, o número de habitantes locais que têm o português como língua corrente cresceu 3,96% para 3751. O grupo de residentes que falavam português no seu dia-a-dia correspondia a 0,68% da totalidade em 2021, aquém dos 0,76% registados em 2011.

Dados estatísticos revelam ainda que, entre todos os grupos etários jovens com o domínio do português, residentes com idades entre 20 e 24 anos registaram o aumento mais notório entre 2011 e 2021, com o número a subir 49,23% para 1267.

Por outro lado, em 2021, 95,7% dos habitantes de Macau dominavam o Cantonês, 52,2% o Mandarim, e 24,3% o Inglês. Na vida quotidiana, os falantes de Cantonês, Mandarim, Inglês e Português ocupavam 89,4%, 3,64%, 1,28% e 0,68% da população local, respectivamente. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


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