Os professores Domingas, Filipe e Odete fazem parte do grupo de milhares de docentes timorenses que receberam formação pedagógica e em língua portuguesa no âmbito do “Pró – Português” e que defendem que o projeto da cooperação deve continuar
“Este
curso tem de continuar. Só há duas vezes por semana e não é o suficiente para
aprendermos. Deve continuar mais anos, para que não esqueçamos as matérias que
aprendemos” afirmou à Lusa Domingas Mendonça, professora do primeiro ciclo.
O
projecto da cooperação “Pró – Português”, iniciado em 2019 e cofinanciado entre
Portugal e Timor-Leste, terminou a sua segunda fase em julho, tendo alcançado
em todo o território timorense mais de quatro mil professores, do ensino
pré-escolar até ao secundário.
Domingas
Mendonça, Filipe Assunção e Odete Barreto são professores em aldeias do posto
administrativo de Maubisse, a cerca de 70 quilómetros a sul de Díli, e
receberam este mês os seus certificados de formação. “Todas as semanas vinha
duas vezes a Maubisse para a formação”, explicou à Lusa Filipe Assunção. “Para
um futuro mais brilhante é preciso esta formação continuar para os professores.
Dá um conhecimento profundo, o que leva ao desenvolvimento do país”, disse o
docente, acrescentando que além da língua portuguesa aprendeu também conteúdos
para ensinar aos alunos.
A
opinião também é partilhada pela professora Odete Barreto, que afirmou que,
apesar de difícil, a formação lhe permitiu aumentar o conhecimento e defendeu a
sua continuidade.
Apesar
dos constrangimentos e dificuldades que muitos professores enfrentaram, o
coordenador-geral do projeto, Estáquio Madeira, destacou o entusiasmo com que
os docentes participaram na formação, que teve como objetivo “reforçar e
desenvolver o seu conhecimento na parte pedagógica e na língua portuguesa”.
“Muitos professores já foram capacitados, apesar de ainda terem alguma
dificuldade em comunicação, mas devagar se vai ao longe. Em geral, a maioria
dos professores compreendem a língua portuguesa”, disse.
Para
a embaixadora de Portugal em Timor-Leste, Manuela Bairos, que se tem deslocado
a quase todos os postos administrativos do país para participar nas cerimónias
de entrega dos diplomas aos professores, o projeto tem de ter muito apoio.
“É
o único projecto da nossa cooperação com a abrangência de milhares de
professores. Na anterior fase distribuí mais de três mil diplomas, agora estou
a distribuir mil e tal diplomas”, afirmou Manuela Bairos, para quem a
“aprendizagem e a capacitação em língua não pode parar”. “A língua portuguesa
em Timor-Leste ainda precisa de muito apoio, por mais motivação que as pessoas
tenham, não há de facto um contexto, nem há recursos humanos ainda preparados
para aguentar este desafio. Este projeto não pode parar, porque faz parte de um
puzzle em que este também é necessário, porque este é que chega às zonas
remotas”, salientou a diplomata.
O
puzzle inclui a Escola Portuguesa de Díli, o Centro de Aprendizagem e Formação
Escolar (CAFE) ou as escolas CAFE, e o programa FOCO na Universidade Nacional
de Timor-Leste, que tem como objetivo melhorar a qualidade do ensino e a
proficiência da língua portuguesa. “Se falhasse, que não vai falhar, esta
componente falhava qualquer coisa no puzzle. Isto só faz sentido se as quatro
coisas caminharem em conjunto”, referiu a embaixadora. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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