Geralmente
a gente comemora os aniversários e as coisas boas. É mais raro e ao mesmo tempo
é triste lembrar desgraças e infelicidades.
Mas
hoje é o caso - 7 de outubro, data do ataque terrorista do Hamas a diversos
kibutz, a jovens alegres que ainda dormiam depois de uma festa rave, todos
desarmados, eram civis, ataque qualificado como um pogrom a cidadãos
israelenses. Agravado com o sequestro de mais de duzentas pessoas transformadas
em reféns, algumas delas já mortas.
As
consequências foram enormes com a resposta israelense, o envolvimento do Irão,
os ataques ao movimento Hezbollah no Líbano e o risco atual de um conflito
maior no Oriente Médio.
O
movimento terrorista Hamas, cujo objetivo é a destruição de Israel e não a
criação de um Estado Palestino, como queria a OLP de Yasser Arafat, é acusado
de ter utilizado a população de Gaza como escudo e nega, mesmo diante das
evidências de vídeos postados nas redes sociais, as atrocidades cometidas há um
ano contra jovens, mulheres e crianças, mesmo bebês. E essa negativa é
endossada por grande parte das redes sociais de esquerda brasileiras.
De
todo esse caos desencadeado pelo Hamas e pela reação bíblica de Israel de não
deixar pedra sobre pedra em Gaza, ressurgiu com força na Europa e na América
Latina o antissemitismo, enquanto o wokismo e o Sul Global mostrou a adesão de
grande parte da esquerda e de universitários americanos e europeus a uma
islamização nas teorias sociológicas anti-imperialistas e pós-colonialistas.
Isso
é evidente nas redes sociais brasileiras de esquerda. Essa islamização equivale
a um retrocesso social e político, pois uma boa parte dos países considerados
anti-imperialistas é composta de ditaduras e teocracias, onde, como simples
exemplo, as mulheres são cidadãs de segunda classe e os homossexuais e trans
são perseguidos e mesmo mortos.
O
jornal Le Monde publica um importante editorial, no qual defende a criação do
estado palestino junto com o de Israel, e não a criação de um com a destruição
do outro, como a solução para a atual crise.
E
cito a respeito um texto de Marcelosik, publicado em baixo de um texto
negacionista do Canal GGN, de Ana Gabriel Sales, no qual ele diz - "a luta
a favor do estado palestino e contra o governo fascista de Netanyhou não pode
se confundir com a normalização de uma milícia fundamentalista de extrema-direita
a partir do pensamento binário de setores de nossa esquerda." Texto com o
qual concordo plenamente. Rui Martins – Suíça
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Rui Martins é
jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador
do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas,
que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos
emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da
corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto
Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do
Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de
Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de
Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso
de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
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