Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Lembrando o 7 de Outubro

Geralmente a gente comemora os aniversários e as coisas boas. É mais raro e ao mesmo tempo é triste lembrar desgraças e infelicidades.

Mas hoje é o caso - 7 de outubro, data do ataque terrorista do Hamas a diversos kibutz, a jovens alegres que ainda dormiam depois de uma festa rave, todos desarmados, eram civis, ataque qualificado como um pogrom a cidadãos israelenses. Agravado com o sequestro de mais de duzentas pessoas transformadas em reféns, algumas delas já mortas.

As consequências foram enormes com a resposta israelense, o envolvimento do Irão, os ataques ao movimento Hezbollah no Líbano e o risco atual de um conflito maior no Oriente Médio.

O movimento terrorista Hamas, cujo objetivo é a destruição de Israel e não a criação de um Estado Palestino, como queria a OLP de Yasser Arafat, é acusado de ter utilizado a população de Gaza como escudo e nega, mesmo diante das evidências de vídeos postados nas redes sociais, as atrocidades cometidas há um ano contra jovens, mulheres e crianças, mesmo bebês. E essa negativa é endossada por grande parte das redes sociais de esquerda brasileiras.

De todo esse caos desencadeado pelo Hamas e pela reação bíblica de Israel de não deixar pedra sobre pedra em Gaza, ressurgiu com força na Europa e na América Latina o antissemitismo, enquanto o wokismo e o Sul Global mostrou a adesão de grande parte da esquerda e de universitários americanos e europeus a uma islamização nas teorias sociológicas anti-imperialistas e pós-colonialistas.

Isso é evidente nas redes sociais brasileiras de esquerda. Essa islamização equivale a um retrocesso social e político, pois uma boa parte dos países considerados anti-imperialistas é composta de ditaduras e teocracias, onde, como simples exemplo, as mulheres são cidadãs de segunda classe e os homossexuais e trans são perseguidos e mesmo mortos.

O jornal Le Monde publica um importante editorial, no qual defende a criação do estado palestino junto com o de Israel, e não a criação de um com a destruição do outro, como a solução para a atual crise.

E cito a respeito um texto de Marcelosik, publicado em baixo de um texto negacionista do Canal GGN, de Ana Gabriel Sales, no qual ele diz - "a luta a favor do estado palestino e contra o governo fascista de Netanyhou não pode se confundir com a normalização de uma milícia fundamentalista de extrema-direita a partir do pensamento binário de setores de nossa esquerda." Texto com o qual concordo plenamente. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

 


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