Nesta sexta-feira em Lisboa, o ministro dos Portos e Aeroportos brasileiro disse que o Brasil espera assinar no início de 2025 um acordo de cooperação com Portugal para tornar o porto de Sines uma plataforma logística do Brasil para a Europa.
Sílvio
Costa Filho, que se encontra em visita oficial a Portugal, revelou que este foi
um dos assuntos debatidos com o Ministro das Infraestruturas e da Habitação de
Portugal, Miguel Pinto Luz, durante o encontro que ambos tiveram na
quinta-feira.
Segundo
o ministro brasileiro, trata-se de “um acordo comercial” que está a ser, e “em
nenhum momento foi discutida a possibilidade de empresas brasileiras
participarem no porto” português.
“O
que discutimos é que grandes operadores que já têm portos no Brasil (…) possam
exportar produtos para o porto de Sines e este servir como parte do ‘hub’
internacional para outros portos aqui na Europa”, frisou.
“Portugal
tem o porto de Sines, que representa mais de 40% da agenda portuária do
Estado”, além de outros portos, salientou Sílvio Costa Filho, e do seu lado o
Brasil quer dialogar com o porto de Santos, de Paranaguá, de Pecém, de Suape e
de Pernambuco”, especificou.
O
plano logístico deverá contar com essas rotas de integração e devem ser
identificados parceiros comerciais que operam no Brasil e em Portugal, bem como
outros, que possam fazer essas operações conjuntas, explicou o ministro,
lembrando que “é uma prioridade do Presidente Lula [Luis Inácio Lula da Silva]
ampliar o diálogo com Portugal e, cada vez mais, com o mercado europeu”.
“Lisboa
hoje tornou-se num ‘hub’ internacional de aviação (…) e a ideia é que
também o porto de Sines possa se transformar em parte do ‘hub’ logístico
do Brasil na Europa”, concluiu.
Nos
próximos meses as equipas dos dois ministérios vão estruturar o texto conjunto,
para o acordo poder ser assinado numa visita do ministro português ao Brasil, o
que poderá ocorrer durante a próxima cimeira Luso-Brasileira, provavelmente
realizar-se em fevereiro de 2025, admitiu o governante brasileiro.
O
Brasil vive “um momento muito fértil do ponto de vista de oportunidade económicas”,
frisou.
“Temos
mais de 50 leilões que estarão programados para os próximos 30 meses, na área
portuária, aeroportuária e hidroviária. Concessões que serão feitas (…) nos
próximos três anos”, destacou.
Na
sua visita de dois dias a Portugal, o ministro teve também como objetivo
apresentar essa carteira de investimento e concessões a investidores
portugueses, num jantar na quinta-feira.
Em
entrevista à Lusa, lembrou que o seu país quer “ampliar essas parcerias com o
mercado europeu”, para que cada vez mais os investidores destas origens possam
investir no Brasil, “em portos, aeroportos, rodovias, em petróleo e gás e na
aviação”.
Os
investidores, garantiu, podem participar nas concessões portuárias
“integralmente, sem a participação de empresas brasileiras, porque o Brasil
hoje tem um livre mercado na agenda portuária” e terão “segurança jurídica,
estabilidade e, se for preciso, crédito” para os seus negócios.
O
Brasil também está a fazer “um grande volume de investimentos nos portos
públicos” na ordem de mais cinco mil milhões de euros, acrescentou, referindo
que os leilões e concessões que estão a ser feitos nas áreas que tutela
equivalem a aproximadamente sete mil milhões de euros.
“Este
é o maior programa de investimentos da história do Brasil na área portuária”,
sublinhou.
Além
disso, “o Brasil teve um crescimento nos portos públicos brasileiros na ordem
de mais de 6%”, referiu.
Quanto
a interesses já manifestados por investidores portugueses para futuras
concessões de portos, Sílvio Costa Filho adiantou que tem havido conversas com
a “Mota Engil, Teixeira Duarte e outros grupos”, que “abriram o diálogo” com o
Governo e querem fazer investimentos, mencionando ainda conversas com a
Acciona, grupo espanhol que com investimentos em Portugal.
Aeroporto
O
encontro serviu também para tratar sobre a ampliação de voos comerciais entre
os dois países. Com quase 2 milhões de passageiros transportados, Portugal é o
país europeu com maior movimentação de viajantes. O número corresponde a 32% de
turistas que viajam para o exterior.
Para
aumentar o fluxo de turistas, o governo brasileiro mostrou-se favorável em
ampliar a conectividade entre Brasil e Portugal. Nesse contexto, o Brasil tem
acompanhado o pedido de companhia aérea brasileira para aumentar o número de slots
no Aeroporto Internacional de Lisboa, principal do país. A iniciativa visa
expandir a atuação em empresas brasileiras em território português,
contribuindo significativamente para o fortalecimento das relações bilaterais e
ampliando as opções de conectividade entre as nações, o que beneficiará tanto o
comércio quanto o turismo.
No
âmbito da gestão portuária, os dois governantes consideraram prioritário e de
comum interesse potenciar o reforço das ligações entre os dois países por meio
do modal marítimo, tendo sempre como compromisso cumprir os princípios da
sustentabilidade, digitalização e formação como vetores de orientação desta
colaboração. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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