Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 27 de outubro de 2024

Portugal - Devia preocupar-se mais com influência do inglês do que com a do português brasileiro

O influenciador e empresário luso-brasileiro Felipe Neto avaliou que Portugal devia preocupar-se mais com o uso de palavras em inglês pela população do que com o uso de termos brasileiros, comentando críticas feitas no país

Questionado sobre ocasionalmente ser levantada a polémica sobre a influência do seu canal e do canal do irmão, Luccas Neto, ambos na rede social Youtube, entre adolescentes e crianças em Portugal, que poderiam estar a usar mais termos da variante brasileira da língua do que da variante portuguesa, substituindo por exemplo, telemóvel por celular, o influenciador digital considerou que, na maioria das vezes, as críticas que recebe não são sérias.

Ele lembrou que estrangeirismos, principalmente termos em inglês, também são muito usados no país.

“Vi algumas pessoas falando sério sobre isso, mas a grande maioria do que eu e meu irmão levantamos [descobrimos], porque a gente foi entender se era um problema sério, a esmagadora maioria das pessoas estava mais brincando do que falando sério”, afirmou Felipe Neto.

“Senti que houve uma cobertura um pouco exagerada disso na imprensa porque é engraçado. Essa história de colonização ao contrário, e um monte de brasileiros dizendo que os irmãos Neto estão fazendo, agora, Portugal pagar pelo ouro [através da dominância linguística] é uma grande bobagem”, acrescentou.

Felipe Neto, que tem forte presença no Youtube, onde mantém um canal com mais de 46,7 milhões de seguidores, e o irmão, Luccas Neto, com um canal com 48,2 milhões de inscritos na mesma plataforma, pontuou, numa referência aos portugueses que temem a influência da variante brasileira entre os seus filhos que “Portugal deveria estar mais preocupado, não com a invasão do português brasileiro, mas com a invasão da língua americana [inglês]”.

“É impressionante a quantidade de palavras americanas e de origem inglesa que foram adaptadas à língua portuguesa de Portugal. Eu vejo, eu falo com jovens portugueses, tenho família [em Portugal], então tenho o hábito de conversar com portugueses e a quantidade de ‘whatever’, de palavras em inglês que ouço, penso que estão criando uma língua híbrida do português e inglês”, disse.

“Pediria para essas pessoas, talvez, pensarem mais sobre a invasão da língua inglesa no português de Portugal do que na invasão de sotaques brasileiros porque [uma criança] está vendo vídeos no YouTube. Até porque sabe o que vai acontecer? Essa criança não vai assistir a gente para o resto da vida. Ela pode pegar o costume de falar uma certa palavra em brasileiro, mas daqui a três ou quatro anos já parou de assistir o Luccas Neto. Já está vendo outra coisa e vai voltar para o sotaque de Portugal porque é com o que convive 24 horas por dia”, acrescentou.

Recentemente, o influenciador luso-brasileiro começou um projeto de incentivo à leitura, um Clube do Livro digital, que já tem mais de seis mil inscritos, incluindo assinantes em Portugal.

Sobre o projeto, contou que sempre gostou de ler, que desde os 11 anos de idade se tornou um apaixonado por livros, principalmente depois que ganhou um exemplar da saga do Harry Potter do pai.

“Toda a minha formação de memória mais contundente tem sempre um livro envolvido. A partir dos 11 anos, não paro nunca mais de ler. Leio todos os dias da minha vida. Então [a literatura] é uma paixão de facto gigantesca”, destacou Felipe Neto.

Questionado sobre porque disse durante a Festa Literária Internacional de Paraty, realizada em meados de outubro, que a literatura não deve ser tratada como um hábito, mas como uma paixão, e sobre as razões que o levaram a dedicar parte do tempo a um clube de leitura, Felipe Neto disse que este tipo de iniciativa leva “a literatura para as pessoas como uma coisa leve, divertida, de prazer”.

“Pensamos em ver filmes como algo que dá prazer, mas a gente pensa em ler um livro como um trabalho, uma forma de estudo, porque, infelizmente, a literatura não é levada dessa forma para a nossa vida”, concluiu. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


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