Estudo mostra que ser saudável depois dos 65 anos constitui um “ganho financeiro”. O Dia Internacional do Idoso comemorou-se no passado dia 1 de outubro
Historicamente, o crescimento económico tem sido
atribuído à população em idade ativa, esquecendo sistematicamente os mais
velhos, que são encarados, erradamente, como um fardo e prejudicando a aposta
no envelhecimento saudável das populações.
Os
países estão preocupados com o aumento da despesa que poderá advir do
envelhecimento da população. Mas, longe de darem apenas despesa, as pessoas
idosas podem gerar ganhos económicos consideráveis em atividades que estão
“fora do mercado” e que habitualmente não são medidas em “preços” ou não são
remuneradas. Num trabalho publicado na revista científica Social Science
& Medicine, e no âmbito do trabalho desenvolvido através do European
Observatory on Health Systems and Policies, João Vasco Santos, professor da
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), propõe um novo método
que permite estimar o valor monetário de envelhecer com saúde.
De
acordo com a análise realizada, que utilizou o Reino Unido como caso de estudo,
a diferença entre estar de “boa saúde” ou de “má saúde” pode representar cerca
de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) per capita entre os 65 e os 74 anos e 27%
do PIB per capita na população entre os 75 e 84 anos.
Este
estudo indica que as pessoas que envelhecem de forma saudável representam um
ganho financeiro que pode ser traduzido em euros ou em qualquer outra moeda.
Para isso, há que contabilizar o tempo que estas pessoas passam em atividades
como arrumar a casa, cozinhar, tratar das compras, levar as crianças à escola,
prestar cuidados a um familiar ou fazer voluntariado, por exemplo.
“Envelhecer com saúde pode gerar um valor económico”
Como
sublinha João Vasco Santos, estas atividades, embora essenciais para a
sociedade, “permanecem invisíveis nas avaliações económicas convencionais”, não
sendo compensadas financeiramente, apesar de apresentarem valor económico”.
“Envelhecer
com saúde pode gerar um valor económico que não é observável se utilizarmos
medidas tradicionais. O nosso método quantifica o valor monetário da saúde nos
mais velhos e pode ser utilizado como argumento para investir no envelhecimento
saudável”, afirma.
Historicamente,
o crescimento económico tem sido atribuído à população em idade ativa,
esquecendo sistematicamente os mais velhos, que são encarados, erradamente,
como um fardo e prejudicando a aposta no envelhecimento saudável das
populações.
“Pelo
contrário, sabemos que investir na saúde destas pessoas pode ser uma decisão
política e económica estratégica. No entanto, o investimento no envelhecimento
saudável deve ser visto sob outro prisma, tentando manter uma boa saúde em vez
de apenas recuperar da doença”, considera o professor da FMUP.
Além
de professor e investigador, João Vasco Santos é investigador do CINTESIS@RISE,
médico de saúde pública na ULS Santo António, e Presidente da EUPHA Public
Health Economics. Assina também o estudo Jonathan Cylus, do responsável do
hub de Londres do European Observatory on Health Systems and Policies e
economista da saúde do Barcelona Office for Health Systems Financing da
Organização Mundial da Saúde. Universidade do Porto - Portugal
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