Um
estudo, em que participa o Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), sugere que as
estações de crescimento mais longas não implicam necessariamente a formação de
anéis de crescimento mais largos.
A
investigação, que pretendeu testar de que forma é que a variação da duração da
estação de crescimento condiciona o desenvolvimento das árvores, foi publicado
na revista Agricultural and Forest Meteorology, com o título “Decoupled leaf-wood phenology in two pine species from
contrasting climates: Longer growing seasons do not mean more radial growth”.
«Com
o aumento da temperatura média global, são esperadas estações de crescimento
mais longas. No entanto, o aumento da duração da estação de crescimento pode
não significar um aumento da produção de madeira. Por exemplo, a seca estival
pode neutralizar o potencial efeito positivo de uma estação de crescimento mais
longa, limitando o crescimento e a produtividade florestal», começa por
explicar Filipe Campelo, investigador do Centro de Ecologia Funcional da
Universidade de Coimbra, e coautor do estudo.
«Por outro lado, desconhece-se como a fenologia das árvores, em particular a data de aparecimento e queda das folhas, afeta o crescimento, a fixação de carbono e consequentemente a mitigação das alterações climáticas pelas florestas», revela o investigador da FCTUC.
«Este
estudo sugere ainda que a estimativa da quantidade de carbono sequestrado
anualmente pelas florestas deve ter em consideração, além da duração da estação
de crescimento, a variação intra-anual das taxas de formação da madeira. Este
ponto é crucial para uma melhor compreensão do ciclo global do carbono e
avaliação da contribuição das florestas para a regulação do dióxido de carbono
na atmosfera», salienta o coautor.
Para
alcançar estes resultados, foi testada a relação entre a duração da estação de
crescimento e o crescimento através da comparação de dados fenológicos das
folhas e das datas de início e fim da formação da madeira simuladas por modelos
de formação da madeira. Assim, foram analisadas séries temporais com as datas
de emergência e queda das folhas, bem como séries temporais do tamanho dos
anéis de crescimento, em duas espécies de pinheiro sob condições climáticas
contrastantes, nomeadamente o pinheiro-de-alepo (Pinus halepensis), num
sítio mediterrânico em Espanha, e o pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris),
num sítio boreal na Rússia.
O
artigo científico envolveu sete investigadores oriundos de Espanha, Portugal e
Rússia, Universidade de Coimbra - Portugal
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