Cidade
da Praia – Tem 20 anos, já chegou a ser comparada a Lauryn Hill e a Billie
Eilish, mas prefere o estilo próprio da menina que aos seis anos de idade
começou, simplesmente, a ouvir música e cantar no seu quarto.
Nenny,
Marlene Tavares, que é descendente de cabo-verdianos mas nasceu e cresceu em
Vialonga, uma freguesia portuguesa do município de Vila Franca de Xira, contou
à Inforpress que com a sua descoberta, de querer cantar, de querer ser uma
artista, teve de superar a vergonha de cantar em público quando, depois de
lançar vários covers, em 2018, um grupo de rappers em Portugal, o Wet Bed Gang,
lhe deu a oportunidade de ter uma carreira no mundo da música.
Entretanto,
em Setembro de 2019, foi para o Luxemburgo com a mãe e tem regressado a
Portugal apenas para fazer música, sendo “Sushi” o hit que a colocou nos
holofotes, mas já lançou outros temas igualmente bem conhecidos do público,
como “Bússola”.
O
rápido crescimento enquanto artista levou-a a um dos palcos mais célebres do
mundo digital, o alemão Colors Showm, onde apresentou as músicas “Tequila” e
“Wave”.
“É
uma cena que nunca vou ter noção, acho que as pessoas lá de fora é que
conseguem sentir essa energia e dizem que gostam do meu trabalho, que a minha
música as inspira. Fico satisfeita ao ouvi-las dizendo isso. Na realidade estou
só a fazer o que eu gosto”, disse Nenny quando questionada se se considera um
fenómeno internacional.
Em
relação à fama, Nenny afirmou que é tudo uma questão de ver as coisas pelo lado
positivo porque, segundo disse, a fama é como tudo na vida, com fases boas e
más.
“Lidar
com a fama é difícil sendo adolescente, sendo jovem, mas é uma coisa que
aprendemos a lidar e basta te sentires bem contigo mesmo e saber para onde
queres ir, não há nada que te possa parar”, completou.
Nenny
que está neste momento em Cabo Verde, na cidade da Praia, onde irá actuar na
gala dos 25 anos da RTP África, disse que também aproveita para vir ver a
família e estar “um bocadinho” mais em conexão com a terra e que, inclusive,
tem lhe surgido inspirações para algum trabalho que será conhecido brevemente.
“A
minha relação com Cabo Verde é uma relação meio de pai e filha, eu chego cá e
sinto que estou em casa. É uma sensação estranha, não nasci e nem cresci cá,
mas sempre que chego a Cabo Verde sinto-me em casa. É a minha família que tenho
aqui, é Cabo Verde, outra vibe, a energia é super boa, as pessoas são
supersimpáticas, eu adoro estar cá”, frisou.
Nenny
realçou ainda que desde pequenina sempre ouviu muita música cabo-verdiana,
escutando artistas mais antigos como Cesária Évora, Ildo Lobo, Mayra Andrade e
Jorge Neto, este último que homenageou em Setembro de 2022 com o single “Mar
Azul”.
“São
artistas que gosto muito e sempre tive aquela ligação com a música
cabo-verdiana tendo esses artistas como referência. Mesmo os artistas
cabo-verdianos que estão em Portugal, nós estamos sempre em contacto e a fazer
com que a nossa arte se transmita para levarmos Cabo Verde ao mundo”,
acrescentou.
Em
Novembro do ano passado Nenny uniu o seu talento com a também artista e
descendente de cabo-verdianos nascida em Portugal, Soraia Ramos, e lançaram o
single intitulado “Trompete”, representando o “poder e força” da mulher
africana de forma “inigualável”.
“Foi
super bom porque a Soraia Ramos já era uma artista que eu ouvia, eu sempre fui
fã dela e passar de fã para artista e estar ao lado dela a cantar acho que é
uma bênção enorme. A vida dá voltas simplesmente, em 2015 eu estava no meu
quarto a cantar músicas da Soraia e hoje tenho um feat com ela. É super
gratificante”, comentou.
Nenny
disse ainda que está neste momento a preparar o seu álbum, que, segundo
informou, ainda não tem nome.
“Estou
só a fazer sons e a experimentar coisas novas para depois lançar este ano”,
disse a jovem artista, explicando que “o estilo da Nenny é o estilo Nenny”.
“Acho
que não tenho um estilo específico, eu faço um pouco de tudo e acho que o meu
estilo é o meu estilo, é a Nenny, simplesmente. Sou eu quem escrevo as minhas
letras, as minhas melodias, basicamente me dão o bit eu vou para casa escrever…
faço a minha vibe”, pontuou.
Pedida
para deixar uma mensagem para outros jovens que possivelmente estão ainda a
cantar no quarto, Nenny disse: “Nunca desistam, acreditem sempre em vocês
mesmos, na vossa fé e na vossa liberdade de expressão. Saber quem realmente
somos é que nos vai levar exactamente onde queremos ir, por isso sejam vocês
mesmos, nunca parem, nunca desistam e continuem sempre a fazer aquilo que vocês
gostam”. Geremias Furtado – Cabo Verde in “Inforpress”
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