Filha de líder independentista africano Amílcar Cabral lembra de ser "excecional e visionário"
A
filha mais nova do líder da libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar
Cabral, lembrou hoje o pai como um “visionário”, um “ser excecional”, quando se
assinalam 50 anos da sua morte.
Indira
Cabral deslocou-se hoje ao mausoléu de Amílcar Cabral, situado na Fortaleza da
Amura, em Bissau, juntamente com o líder do Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, para
assinalar os 50 anos do assassínio do seu pai, em 20 de janeiro de 1973, em
Conacri, o que considerou uma data “muito simbólica”.
“É
duro estar aqui, porque sempre que venho acho que estou preparada, mas nunca
consigo estar preparada, é muita dor e muito sofrimento e é muito importante
para mim”, afirmou aos jornalistas Indira Cabral, que tinha 3 anos de idade
quando o seu pai foi morto.
Questionada
sobre se Amílcar Cabral e os seus ideais foram esquecidos, disse que foram
apenas “pelas pessoas que não se sentem africanas, nem guineenses”.
“Mas
tenho fé e vejo que os verdadeiros guineenses não esqueceram a memória dele”,
salientou.
Indira
Cabral contou também que só teve a perceção que o pai morreu já com seis anos
quando transladaram o corpo para Bissau.
“Antes
não senti nada, porque como ele viajava muito em missão por causa da luta,
lembro-me que me perguntavam pelo meu pai para tentar perceber como eu estava e
eu dizia que viajou, foi para a União Soviética, mas quando trouxeram o corpo
[…] foi aí que eu senti e percebi que o meu pai tinha morrido”, contou aos
jornalistas.
Lembrando
o pai como “um visionário, um ser excecional”, Indira Cabral disse não ter
palavras para o descrever.
“Às
vezes vejo e penso como foi possível idealizar, tudo o que idealizou e fazer o
que fez, com estas mesmas pessoas, que hoje parece que é um outro povo, não
parece que é o mesmo povo”, lamentou.
Aos
jovens guineenses e cabo-verdianos, pediu para que “continuem a tentar saber
como era Cabral, a tentar seguir os princípios dele, os valores”.
“Assim
uma pessoa fica com fé e com esperança de que a Guiné-Bissau e Cabo Verde ainda
cheguem ao sonho que ele sempre quis”, disse.
Filho
do cabo-verdiano Juvenal Cabral e da guineense Iva Pinhel Évora, o líder
histórico nasceu na Guiné-Bissau em 12 de setembro de 1924, partiu para Cabo
Verde com oito anos, acompanhando a sua família, onde viveu parte da infância e
adolescência.
Posteriormente,
foi fundador do então PAIGC, líder dos movimentos independentistas na
Guiné-Bissau e Cabo Verde, e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em
Conacri, aos 49 anos.
Amílcar
Cabral é considerado um dos ícones da luta anticolonial em África, tendo
imposto, como militar as maiores dificuldades a Portugal durante a guerra
colonial.
Exemplo
da sua importância é o facto de uma lista feita por historiadores para o
programa World Histories Magazine, da BBC, o terem considerado o segundo líder
mundial mais inspirador de todos os tempos, numa lista encabeçada por Ranjit
Singh, marajá do império sikh, no início do século XIX. In “A
Semana” – Cabo Verde com “Lusa”
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