Nancy Vieira é uma das convidadas de Eneida Marta na primeira apresentação ao vivo do álbum que acontece a 28 de janeiro, em Lisboa
Lançado
em outubro de 2022, ‘Family’ é o sexto álbum de originais da cantora guineense
Eneida Marta. Em entrevista, a artista que é filha do falecido compositor e
cantor cabo-verdiano Maiuka Marta, levanta o pano sobre como foi produzido o
trabalho que nasceu na altura da pandemia e que contou com a participação tanto
do filho como do irmão de Eneida Marta.
No
ano passado, a cantora chegou a ser nomeada para os African Entertainment
Awards USA 2022, na categoria Melhor Artista Feminina PALOP.
– Conte-nos como foi o processo criativo deste trabalho.
Trata-se de um trabalho literalmente feito em família ou é uma homenagem à
família? Ou ambos?
–
Este álbum nasceu em pleno confinamento, foi um desafio lançado ao meu filho
Ruben Azziz que acabou por me desafiar também com um instrumental completamente
fora da minha área de conforto, assim surgia o KUMA o primeiro single do
Family. O Family é um disco inteiramente produzido em família pelo meu filho
Ruben Azziz e o meu irmão Gerson Marta e como homenagem aos meus pais. O Family
foi feito em família e é dirigido para todas as famílias.
– E como está a ser recebido pelo público?
–
O Family está a ser muito bem recebido e bastante acarinhado, não só pelo
público, mas também pelos media. Há várias rádios um pouco por todo mundo, que
estão a tocar as músicas do disco: na Carolina do Norte, nos EUA, na Grécia, em
Bissau, na República Checa. O Family está agora referenciado como um dos
melhores álbuns de World Music do momento. Estamos em segundo lugar no top da
tabela da World Music Charts Europe. É
muito bom sentir o carinho de tanta gente e, principalmente, que a nossa língua
está a chegar a tanta cultura tão diferente.
– Guiné-Bissau está sempre presente na música que canta.
Os singles recentemente lançados, como o “Fidalgo”, por exemplo, refletem
críticas sociais?
–
Sem sombra de dúvida e é algo que não penso deixar de lado, a minha Guiné
Bissau está sempre presente. O Fidalgo é um tema da Dulce Neves, um nome que
merece ser celebrado por tudo aquilo que fez pelas mulheres do nosso país. É
autora, compositora, cantora… numa época em que o lugar da mulher na sociedade,
era limitado à cozinha.
A
canção é um retrato vivo da nossa sociedade atual, é um acordar de consciência
do que ainda é o nosso dia a dia. Temos de ser melhores, não podemos continuar
a ignorar os problemas sociais que persistem e não nos deixam evoluir como
país.
– Quais as expectativas quanto à apresentação deste álbum
em janeiro de 2023 em Portugal?
–
As expectativas para o dia 28 de janeiro, no Capitólio, estão numa boa medida.
Vai ser a primeira apresentação ao vivo, com banda, e vou ter, ao meu lado,
convidados muito especiais: a minha amiga Nancy Vieira, o Huca que é um artista
que me encanta muito, cresceu entre Moçambique e Portugal e tem desenvolvido um
trabalho muito bonito na música, no teatro e até na direção artística. O Lilboy
Bruce que é um talento enorme da nova geração da Guiné-Bissau, com quem estou a
trabalhar numa surpresa. Por último vou ter ao meu lado, e pela segunda vez num
palco, o Rúben Azziz, coprodutor do meu disco, e claro é o meu codê.
– E para quando uma atuação em Cabo Verde?
–
Os meus braços estão abertos à espera desse chamado tão desejado. Ir e atuar em
Cabo Verde tem sempre um sabor especial por ser um país que adoro e por ser a
pátria do meu Pai Maiuca Marta, que também é um pouco minha.
– Foi uma das nomeadas para os African Entertainment
Awards USA, na categoria de Best PALOP Female Artist. Como recebeu a notícia?
–
As nomeações são sempre muito boas notícias de se receber e esta não é ser
diferente, foi recebida com muito orgulho. É bom sentirmos que o nosso trabalho
e reconhecido, também além-fronteiras.
– Com uma carreira que já soma vários sucessos, que
ambições e sonhos ainda espera realizar?
–
A minha maior ambição é de um dia poder ver o meu país com boas condições de
educação, saúde e económicas, respeitando sempre a natureza. Somos um país com
recursos naturais, já é tempo de a ganância não se sobrepor à qualidade de
vida. A nossa maior riqueza é o nosso planeta. No meu tempo de vida, gostava de
poder ver, também, um estilo musical da Guiné-Bissau a ser reconhecido como
Património imaterial da Humanidade. In “Balai Cabo Verde” – Cabo Verde
Guiné-Bissau - Novo disco da
cantora Eneida Marta é “acordar de consciência” sobre o país
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