O lusodescendente Reinaldo Maria Cordeiro, que foi reconhecido como o animador de rádio com a carreira mais longa do mundo, morreu aos 98 anos, anunciou a Rádio Televisão de Hong Kong (RTHK)
Conhecido
do público como Ray Cordeiro ou “Uncle Ray”, o lusodescendente morreu na
sexta-feira, confirmou num comunicado, sem revelar a causa da morte, a emissora
pública de Hong Kong, onde ele trabalhou durante 51 anos.
Cordeiro
nasceu em Hong Kong em Dezembro de 1924, filho de naturais de Macau.
O
lusodescendente ingressou na RTHK em 1960, depois de trabalhar como diretor de
prisão e bancário. No entanto, já tinha desde 1949 um programa na rádio em Hong
Kong, chamado “Progressive Jazz”.
Mas
é em 1970 que inicia “All the way with Ray”, um programa de rádio que o
popularizou na divulgação da música popular em Hong Kong.
O
programa, que em 2000 já tinha sido reconhecido pelo Guinness World Records
como o programa de rádio com maior longevidade do mundo, esteve no ar até que Cordeiro
se reformou, em 2021.
“O
público seguiu-me, cresceu comigo e agora está em todo o mundo”, disse Cordeiro
à agência Associated Press em 2021 após se reformar. “Eles ainda me ouviam na
internet”, acrescentou.
Ao
longo da sua carreira como animador de rádio, Uncle Ray entrevistou dezenas de
bandas e músicos, como os Beatles, The Beach Boys, Carlos Santana, Cliff
Richard, Elton John, Frank Sinatra, Lionel Richie, Rolling Stones, entre muitos
outros nomes da música.
Mas
foi a transmissão de uma entrevista aos Beatles, então a maior banda do mundo,
em 1964, que fez de Cordeiro uma celebridade em Hong Kong.
Ele
disse que John Lennon lembrou os primeiros dias da banda em Hamburgo, na
Alemanha, onde os Beatles viviam em relativa pobreza e tocavam em clubes.
Cordeiro
disse que todos os quatro membros dos Beatles autografaram uma capa de revista
para ele. “Provavelmente vale uma fortuna”, acrescentou.
O
seu papel na divulgação da música popular em Hong Kong levou a rainha de
Inglaterra a conceder-lhe uma condecoração de honra em 1987, entregue pela
monarca no Palácio de Buckingham, em Londres.
Em
2008, já depois da transferência da administração para a China, o Governo de
Hong Kong atribuiu a Cordeiro a bauhinia de bronze, uma das mais importantes
condecorações da região administrativa especial.
Cordeiro
era o rosto mais conhecido da comunidade lusodescendente em Hong Kong, que se
começou a formar logo após a fundação da então colónia britânica, em 1841.
O
Museu de História de Hong Kong está a preparar uma exposição sobre a centenária
presença dos lusodescendentes, cuja inauguração está prevista para meados de
2023, disse à Lusa em dezembro o coordenador do projeto, Francisco da Roza. In
“Sapo Mag” – Portugal com “Lusa”
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