Nada mudou nos critérios de atribuição de subsídios, pelo que a Associação dos Macaenses continua, segundo Miguel de Senna Fernandes, com dificuldades financeiras para manter as suas actividades, algumas das quais já estão suspensas. A cantina é uma delas, sendo que a associação quer reabri-la o mais rápido possível. Outro foco é direccionado para um novo colóquio sobre a identidade macaense
O
cancelamento da festa de Natal em Dezembro foi um claro sinal de que a situação
de falta de recursos humanos, a que se juntam as dificuldades financeiras,
resultantes da redução de subsídios, continuam a afectar as actividades da
Associação dos Macaenses (ADM).
Em
declarações proferidas há pouco mais de um ano, Miguel de Senna Fernandes,
presidente da associação, falou em “paralisação”, em virtude desses cortes no
apoio financeiro que vem sendo atribuído à ADM por parte da Fundação Macau e em
que outras associações são igualmente contempladas, como por exemplo, a Casa de
Portugal.
“A
situação não mudou nada nestes últimos meses e nós continuamos a ter de nos
habituar aos novos tempos, temos de nos reinventar, mesmo que isso possa vir a
alterar o rumo normal das associações”, começou por dizer ao Jornal Tribuna de Macau
aquele representante da comunidade macaense.
Apesar
das dificuldades provenientes sempre da questão financeira, a Associação dos
Macaenses tem, ainda assim, apostado e concretizado várias actividades, dentro
das condições mínimas de que dispõe, como foi o caso do Chá Gordo.
Para
este ano de 2023 e atendendo a que “nada se alterou nesta política de
atribuição de subsídios e por isso não há milagres”, Miguel de Senna Fernandes
tem como prioritárias, para além de algumas actividades já conhecidas, a
reabertura da cantina e a realização de um colóquio, que esteve previsto para o
ano passado.
Sobre
a cantina, Senna Fernandes lamenta que ainda não esteja de novo em
funcionamento, porque há falta de mão-de-obra. “Mas de facto é pena que a
existência de uma cantina não seja entendida como uma forma de convívio entre
os membros, como faz parte dos critérios de funcionamento de uma associação do
nosso tipo. Esses convívios são a chave da sobrevivência, uma vez que com isso
chamamos os sócios”, salienta Miguel de Senna Fernandes.
Aposta em mais um colóquio sobre a identidade macaense
Para
além do Chá Gordo, “que foi possível manter, esse sim um claro e indispensável
convívio”, a Associação volta a apostar nos colóquios, que para o número um da
ADM, “são de extrema importância para a identidade macaense”.
Isso
dará continuidade à ideia, que começou a ser colocada em prática há uns anos e
que agora assume um papel mais actual, que é “o desfasamento entre gerações,
pois se o colóquio anterior se centrou em abordar a passagem de testemunho, o
próximo pretende focar-se naquilo que é a nova geração”, isto mesmo foi dito
por Miguel de Senna Fernandes, aquando das celebrações do aniversário, há pouco
mais de um ano.
Quando
a associação comemorou duas décadas e meia, o líder da ADM referiu que temia
que a instituição pudesse desaparecer se “deixássemos de estar numa missão de
alerta da própria comunidade.”
E
esse receio mantém-se na actualidade… “Reinvenção é o termo que hoje em dia
mais utilizamos, nesta luta de sobrevivência, mas é na verdade diferente
daquilo que sempre fizemos bem. Continuo a pensar que tem de haver uma
contenção nos gastos das associações. Eu não sou contra, uma vez que estão a
gastar o erário público e no passado registaram-se alguns abusos, mas com estas
regras instituições como a nossa ou se reinventam, ou se descaracterizam”.
O
presidente da Associação dos Macaenses, que reconhece ter sorte no espaço que a
instituição detém, é peremptório ao afirmar que “não houve sensibilidade, na
altura da decisão de reduzir os subsídios, em ver as nuances muito próprias das
associações portuguesas.”
A
concluir, Miguel de Senna Fernandes diz estar optimista, que, não obstante
todas estas dificuldades face às verbas atribuídas, “possamos reabrir a cantina
e prosseguir o espírito para o qual criámos a ADM”, em Outubro de 1996. Vitor
Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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